Leia a íntegra da entrevista exclusiva concedida ao blog por uma empresária do ramo de alimentação, que prefere não ser identificada, e que garante que o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) esteve na região de Aquidauana e Anastácio, junto com aquidauanense e ex-diretor do Departamento de Contratações dos Correios, Maurício Marinho, flagrado numa filmagem, em Brasília, quando recebia R$3 mil de suposta propina.
Armandinho Anache : __A senhora já viu, aqui no seu restaurante, o Maurício Marinho e o deputado federal Roberto Jefferson ?
Empresária : __Vi sim, vi no meu restaurante.
AA : __ A senhora lembra quando foi isso ?
E : __ Olha, o período certo eu não lembro, nem a data nem o mês, mas foi neste ano que eles estiveram aqui. Antes disso, esse ... ahnn, como é que é que chama ? (Ela aponta para a foto do deputado federal Roberto Jefferson, que mostro na página 63 da edição n.º 1911 da revista Veja, de 29 de junho de 2005)
AA : Roberto Jefferson, deputado federal Roberto Jefferson ...
E : E o outro ... o outro dos Correios
AA : Maurício Marinho (mostro a foto na página 64 da mesma revista Veja)
E : Ele sempre freqüentou o nosso restaurante.
AA : Mas a senhora, alguma vez, viu os dois juntos, ou separados (em ocasiões distintas) ?
E : Não ... vi normal como qualquer uma pessoa vem, para almoçar ou para jantar.
AA : Mas alguma vez eles estavam na mesma mesa, é isso que a senhora está falando ?
E : É justamente.
AA : Na mesma mesa ?
E : É, na mesma mesa, na mesma mesa, eu me recordo deles ...
AA : O Maurício Marinho a senhora conhece há muito tempo ?
E : Há muito tempo. É, ele sempre foi nosso freguês daqui e do outro restaurante lá (aponta para outro local).
AA : E sempre vinha com a família ?
E : Com a família também ... Ele (Maurício Marinho) sempre vinha.
AA : E o deputado Roberto Jefferson, eu estou com a foto dele aqui (na revista Veja citada acima), na frente da senhora ... Esse deputado Roberto Jefferson, nessa foto publicada na página 63, a senhora já viu essa pessoa aqui no restaurante ?
E : Aqui no restaurante já.
AA : Se a senhora for confrontada (acareada) com ele, e ele é advogado, é deputado, é bom de Tribunal de Júri, se ele falar "a senhora está mentindo, a senhora está faltando com a verdade", o que a senhora diria para ele ?
E : (Falando firme, com a voz um pouco mais elevada) Eu vi, eu lhe vi ! E pronto ! É isso aí que eu vou dizer. Eu vou falar prá ele que eu vi e eu vi mesmo. Por que é que eu vou mentir ? Eu não tenho necessidade de mentir ! Eu vi e acabou ! Não sei a data, não sei mais ou menos o período, porque a gente não guaaaarrrrda (dando ênfase à afirmação) quem é que veio, quem que (sic) não veio, né ? As pessoas que vêm ... Ahnn ... Eu cuido do meu caixa ... Mas a gente vê as pessoas, não esquece do semblante da pessoa, né ? Então !
AA : Mas foi neste ano de 2005 ?
E : Aaaagooora, neste ano ... Neste ano ... Não sei a data, é de janeiro prá cá, não vou falar a data e nem o mês, que eu não me recordo.
AA : A senhora me disse, antes de gravar esta entrevista, que eles (Marinho e Jefferson) estavam numa "mesa comprida". O que é isso ?
E : É quando forma uma mesa grande e pede um jantar, ou pede um almoço para tantas pessoas, então eu vou e preparo para aquelas pessoas, então forma uma mesa grande e sentam.
AA : A senhora lembra se este aqui da foto, o deputado Roberto Jefferson, fez algum comentário depois de comer o seu saboroso peixe ?
E : Não, não lembro. Prá mim não e eu não vi.
AA : A senhora está usando óculos, como eu também. a senhora tem o que no olhos ?
E : Ah, ah, ah !
AA : Eu tenho hipermetropia, e a senhora ?
E : Eu ? Ah, ah ! Eu sou perfeita da vista, só não enxergo muito assim, por causa que a ... a ... ééé ... a velhice, a idade.
AA : Ahhhh, é vista cansada, disso aí a gente não escapa ...
E : É, é.
AA : Mas essa foto aqui (na revista Veja) a senhora está vendo direitinho ?
E : Essa eu tô vendo direitinho.
AA : É o deputado Roberto Jefferson, que esteve aqui ?
E : Esteve aqui. Esteve aqui.
AA : E essa outra foto aqui, indo mais para a frente, na página 64 da mesma Veja ... Quem é esse aqui (aponto para a foto) ?
E : Esse aqui é ele mesmo, só que ele veio aqui nesse estilo aqui, ele não estava assim.
AA : É o Maurício Marinho que a senhora está indicando. E aqui (mostro outra página), naquela filmagem famosa, mais antiga, ele recebendo aqui ... (eu ia falar "a propina" e ela me interrompe).
E : Eeeesseeee aqui (apontando a foto) é meu freguês. Sempre foi nosso freguês, com a família.
AA : Esse aqui que a senhora aponta na página 68 da Veja, é o Maurício Marinho ?
E : É, que sempre ... Que foi sempre nosso freguês aqui.
AA : A senhora disse, inclusive, que numa foto ele (Marinho) está mais gordo que na outra (a Veja mostra duas fotos de Marinho, uma colorida na página 64 e outra, preto e branco, da filmagem nos Correios, na página 68).
E : É lógico, tá ! Nessa aqui (na página 68) ele está gordo e ele já veio aqui nessa gordura, anos atrás, pois ele sempre foi nosso freguês ...
AA : Porque a família dele em Aquidauana diz que o Maurício Marinho sempre passava os fins de ano - Natal e Ano Novo - na região. Então é isso mesmo ?
E : É isso mesmo, né ? Com certeza, deve ser isso mesmo.
AA : A senhora atende muitas pessoas aqui, né, inclusive autoridades do Estado. A senhora disse que o governador está sempre aqui ...
E : É, eu que atendo, né ? É aqui, eles vêm sempre aqui e é eu (sic) que sempre atendo esse pessoal. Tanto faz quando é da ... do governo, da federal, tudo é eu (sic) que atendo esse povo aqui, sempre.
AA : E esse aqui (mostro a foto na Veja), o deputado Jefferson, a senhora garante que ele esteve aqui ?
E : Aqui no restaurante. Esse aqui (apontando a foto de Jefferson) esteve aqui no restaurante. Esse aqui (aponta novamente) esteve aqui no restaurante.
AA : Se ele (Roberto Jefferson) ficar bravo com a senhora, afirmando "Êh, a senhora não ... "
E : (Me interrompendo e respondendo com convicção) Só que ele não vai me prender, ele não vai por quê ? Ele vai me matar ? Não pode ! Eu tô falando uma coisa (pequena pausa) ... uma coisa que, acho, que eu não tô prejudicando ele (sic), nem a mim, não sei, né ? Então, é só a verdade. De eu falar que eu vi ele (sic) aqui, acho que não é defeito, né ? Não tô prejudicando ninguém ... agora, isso aí ...
AA : A senhora lembra de quem pagou a conta ?
E : Ah, não lembro. Não lembro, não vou falar porque não lembro nada disso. Porque eles se reúnem lá (aponta as mesas) , vai o meu garçon, pega lá, leva a notinha lá, aí traz para o caixa, então eu nem sei quem paga. Eu fico no caixa e não vou às mesas, não.