Batalhão Carlos Camisão incorpora novos soldados
Junto com suas famílias e convidados, os novos militares foram recepcionados pelo comandante do Batalhão Carlos Camisão, tenente-coronel André Cezar Siqueira, que destacou a irmandade existente nas fileiras do Exército Brasileiro, que é o povo fardado.
O coronel André destacou que, durante todo o ano de 2006, os novos soldados terão "um tratamento respeitoso e honrado, pois todos os oficiais do Exército, ainda na Academia Militar das Agulhas Negras [na cidade de Rezende, no estado do Rio de Janeiro], fazem um juramento com esse compromisso na formatura."
Veja as fotos abaixo e leia a entrevista que fiz com o tenente-coronel André, que é também profundo conhecedor da história militar brasileira.
Fotos de Francis Torres e Armando Anache





















Depois do comando de "fora de forma, marche!", os jovens conscritos correm para formar os pelotões e companhias que integram o Batalhão Carlos Camisão.


Comandante do Batalhão Carlos Camisão, tenente-coronel André Cezar Siqueira, durante entrevista à Rádio Independente, site Pantanal News e blog do Armando Anache.
Leia a entrevista que fiz com o comandante do 9.º Batalhão de Engenharia de Combate, tenente-coronel André Cezar Siqueira:
Armando Anache: Na sua análise, como foi essa cerimônia militar de incorporação dos novos soldados?
Tenente-coronel André: Armando Anache, inicialmente muito obrigado pela sua presença, com a equipe da Rádio Independente aqui, mais uma vez abrilhantando o nosso evento. Nós estamos incorporando hoje 269 recrutas no Batalhão. São todos oriundos de Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Bodoquena e Miranda; e é uma satisfação muito grande para nós. Inclusive, foi lida a Ordem do Dia do Comandante do Exército, dando a eles a idéia do que passam a ser a partir de hoje: Irmãos de armas, não só irmãos de armas nesse momento ou até o ano que vem, mas irmãos de armas para sempre, pela glória que eles terão de estar servindo ao Exército Brasileiro, como cidadãos dignos, cumprindo o previsto na lei do serviço militar.
Armando Anache: O senhor disse, durante o seu discurso à nova tropa, que "eles serão sempre bem-vindos, juntamente com as suas famílias; e ressaltou que o Exército é o povo brasileiro fardado." Como é isso no dia-a-dia do quartel, para que o leitor do blog [e o ouvinte da Rádio Independente] entenda?
Tenente-coronel André: Se nós nos reportarmos à história do Exército, veremos que a primeira vez em que se teve uma visão de um Exército, dito nacional, foi em 1649, quando brasileiros - com índios, negros e brancosa - se uniram e lutaram na Batalha dos Guararapes, no dia 19 de abril de 1649, para expulsar o invasor holandês, que estava desde 1625 tentando fincar pé no Nordeste brasileiro. Então, de lá para cá o Exército sempre foi constituído, desde o século XVII, por pessoas das mais diversas origens, raças e classes sociais; e que do século XVII para cá sempre trabalharam em conjunto, buscando fazer o melhor possível , dando tudo da sua capacidade, da sua inteligência - e é preciso sempre lembrar isso, a capacidade e a inteligência do povo brasileiro, a nossa capacidade de adaptação, o nosso espírito e a nossa alma boa, como eu gosto de dizer sempre para o pessoal e que é uma verdade - então, tudo isso em conjunto, com todos se irmanando, brasileiros com todo o coração lutando para fazer o melhor possível, vieram para esse Exército e, ao longo de todos esses séculos, do século XVII para cá, realizaram uma série de coisas positivas. Basta lembrar, falando apenas aqui de Aquidauana e de Anastácio, que em 1942 esse Batalhão foi criado para compor o Batalhão de Engenharia da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Brasileiros, naquela época, se nós imaginarmos, em 1942 e lá se vão 64 anos; então, cidadãos aqui de Aquidauana e Anastácio e de toda essa área, saíram daqui, atravessando o oceano [Atlântico] e foram lutar em campos de batalha na Itália; e este Batalhão participou de todas as ações de combate na Itália, com cidadãos aqui do Centro-Oeste brasileiro. Basta dizer isso para a gente ver como é que, realmente, essa capacidade que o pessoal tem de realizar coisas e, conforme eu disse no início das palavras, o orgulho que eu sinto por estar aqui, comandando este Batalhão e recebendo esses jovens que, hoje, 64 anos depois, farão coisas tão positivas quanto aqueles cidadãos do Centro-Oeste do passado.
Armando Anache: Como serão as instruções militares para esses novos integrantes do Batalhão Carlos Camisão?
Tenente-coronel André: Nós teremos agora, nos meses de março e abril, o que chamamos de "período básico de instrução", onde eles terão o primeiro contato com todas as atividades da vida militar, como ordem unida, educação moral e cívica, instruções militares de tiro e educação física, visando dar a base, e por isso o nome é "período básico", para que eles possam, em seguida, dentro da qualificação militar que cada um recebe quando incorpora ao Exército Brasileiro. Exemplo: "qualificação militar zero cinco barra zero zero um", que é combatente de engenharia; nesse período de qualificação ele será qualificado na sua profissão específica dentro do quartel. E, no final do ano, nós temos o período de adestramento, que é a coroação de todas as atividades e instruções que eles tiveram no período básico de qualificação, realizando grandes manobras no terreno.
Armando Anache: Qual é a sua mensagem aos novos recrutas e suas famílias?
Tenente-coronel André: Eu tenho apenas a dizer que eles serão tratados, não só aqui no Batalhão, mas também em todas os batalhões do Exército Brasileiro, com todo o respeito e dignidade devido a todo e qualquer cidadão brasileiro. Conforme eu disse aos pais, as portas do Batalhão estão e estarão sempre abertas, a qualquer momento que desejarem vir aqui, para qualquer dúvida, para qualquer questionamento, qualquer idéia que tenham... Venham, conforme disse anteriormente, o Exército pertence ao povo, ele é do povo e está sempre irmanado com o povo e, reiterando as palavras do Comandante do Exército, o respeito e a dignidade está ligado não só ao fato deles serem cidadãos brasileiros, mas também pelo fato deles serem irmãos de armas. Quando nós ingressamos na vida militar, fazemos um juramento diante da bandeira, em que dizemos - todos nós, oficiais, sub-tenentes e sargentos, cabos e soldados - que vamos tratar com a bondade o subordinado e com afeição os irmãos de armas.
Então, essa é uma idéia que está sempre presente na nossa alma: Respeito e dignidade.
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