Faleceu hoje, por volta das 13 horas, em Corumbá, aos 113 anos, Maximiano José dos Santos, o eleitor mais velho do Estado. Residente em Ladário - cidade a 6 quilômetros a leste de Corumbá -, Maximiano era marinheiro aposentado e tornou-se uma pessoa conhecida pelas suas atividades realizadas na Marinha e suas participações nos momentos cívicos e datas comemorativas daquela cidade.
Em 2004, quando foi votar, declarou à imprensa que estava cumprindo o seu dever de cidadão e que se sentia bem em sair de casa para exercer a sua cidadania e votar com consciência. Ao ser indagado sobre o motivo que o levava a votar todos esses anos, mesmo já não sendo mais obrigado a votar desde os 70 anos, respondeu: “votar é um dever de todos os brasileiros e eu quero servir de exemplo para o meu país”.
No ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul fez uma homenagem a ele, entregando-lhe uma Medalha Comemorativa do Aniversário de 60 Anos da Justiça Eleitoral, tendo em vista que, ao longo de toda a sua vida, Maximiano sempre fez questão de votar e participar da vida política do seu país, contribuindo, por meio do seu voto, para a democracia brasileira.
Maximiano José dos Santos, deixou 4 filhos, 14 netos, 36 bisnetos e 18 tataranetos. Veja abaixo o seu currículo e história de vida.
Currículo do Eleitor mais antigo: MAXIMIANO JOSÉ DOS SANTOS
Data de Nascimento: 22 de Fevereiro de 1893
Natural: Palmeira dos Índios – Alagoas – na localidade de Serra da Brecha
Filiação: Marcelino José dos Santos e Azilina Leite de Albuquerque
Tinha 4 filhos, 14 netos, 36 bisnetos e 18 tataranetos.
Infância: de origem de família humilde, começou a trabalhar na agricultura muito cedo para ajudar no sustento da mãe e irmãos. Em 1913, aos 20 anos de idade, ainda analfabeto, apresentou-se voluntariamente e foi contratado como marinheiro pela Capitania dos Portos de Alagoas. Em 1915, engajou-se definitivamente na Marinha de Guerra como Marinheiro Foguista. Durante a 1ª Guerra Mundial, percorreu diversos países, em viagens de abastecimentos aos países aliados. Neste período deixou o Encouraçado São Paulo e foi servir na Marinha Americana embarcado no Couraçado Nebraska e posteiormente no South Caroline. Em 1920, foi promovido a Marinheiro 2ª Classe. No mesmo ano, fez a Comissão dos Reis da Bélgica, quando estes visitaram o Brasil. Em 25 de novembro de 1920, recebeu a Medalha da Ordem de Leopoldo II, comemorativa da travessia do Atlântico, concedida pelo Reil Albert da Bélgica. Em 31 de dezembro de 1920, recebeu a Medalha de Bronze da Ordem da Coroa conferida pelo Rei Albert da Bélgica, como testemunho da cordialidade e agradecimentos do Rei Albert para com o Marinheiro 2ª Classe Maximiano José dos Santos. Em 1922, transferiu-se para Ladário e aqui embarcou no Aviso Oiapoque. Em 1923, foi promovido a Marinheiro de 1ª Classe, retornou ao Rio de Janeiro e embarcou no Destróier Amazonas. Em 1925, promovido a cabo, voltou a Ladário e embarcou no monitor Pernambuco. Em 1926, o grande ano para o Maximiano. No dia 17 de abril, casou-se com Macedônia Capurro e no mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro para estudar. Em 1930, foi promovido a 3º Sargento. Em 1931, foi promovido a 2º Sargento e, em 1933, a 1º Sargento. Neste mesmo ano, fez juz a Medalha de Prata pelos 20 anos de serviços prestados. Em 22 de novembro de 1934, recebeu a Cruz da Campanha de 1914 a 1919, concedida pelo Presidente por ter servido na Divisão Naval em Operações de Guerra. Em 22 de novembro de 1934, recebeu a Medalha da Vitória inter aliada comemorativa da 1ª Guerra Mundial concedida pelo Presidente da República. Em 1936, foi promovido a sub-oficial. Em 15 de fevereiro de 1937, foi designado para servir como encarregado de máquinas no Rebocados Salles de Carvalho, o Navio suspendeu de Ladário com destino ao Rio de Janeiro no dia 7 de abril de 1937. Em 08 de outubro 1938, apresentou-se a bordo do monitor Parnaíba, em Ladário, como condutor de máquinas. Durante a 2ª Guerra Mundial, seguiu para a Bahia e serviu no Comando Naval do Leste. Em março de 1944, foi elogiado juntamente com o Capitão Norton Demaria Boiteaux e mereceu registro no livro de bordo, pela decisão e coragem com que entraram na Praça de caldeiras do Monitor Parnaíba, a fim de sufocar o incêndio irrompido naquele local, quando o navio, navegava em alto-mar, no serviço de Escolta a navios mercantes que se incorporavam a um Comboio. Em 1943, recebeu a Medalha de Serviços de Guerra com duas estrelas pelos serviços prestados durante a 2ª Guerra Mundial, ao lado das Nações Unidas, contra os países do Eixo em cooperação com as forças da 4ª Esquadra dos E.U.A., no desempenho de várias tarefas para o combate do inimigo comum, a fim de assegurar as comunicações Marítimas necessárias à obtenção da vitória. Em 1946, passou para a Reserva Remunerada como 2º Tenente. Em 03 de julho de 1952, recebeu a Medalha de Ouro como reconhecimento dos bons serviços militares prestados durante mais de 30 anos. Em 1952, foi promovido ao posto de 1º Tenente e Reformado. Em 02 de setembro de 1976, recebeu da Câmara Municipal de Ladário, o título de “Cidadão Ladarense”. Em 13 de novembro de 1979 foi nomeado no Grau de Cavalheiro do Mérito Naval em reconhecimento aos assinalados serviços prestados à Marinha do Brasil. Em 02 de abril de 1993, recebeu da Câmara Municipal de Corumbá, o título de “Cidadão Corumbaense”. Em 15 de março de 2004, recebeu da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, o título de “Cidadão sul-mato-grossense”. Em 15 de março de 2004, recebeu da União Pessoal inativo da Marinha de Campo Grande/MS, o título de “Patrono”.
Atualmente, 1º Tenente Maximiano, seguia o mesmo ritmo de vida que o tornou um dos mais queridos e respeitados habitantes de Ladário. O Caldo de Cana, a Rapadura e o Melado produzidos em seus sítios eram, na maioria das vezes, a única fonte de alimento da população mais carente na periferia da Cidade.
A personalidade forte, o sorriso largo, o olhar franco, o transformaram em alguém fácil de se admirar, difícil de imitar e impossível de se odiar.
Para todas as qualidades que lhe apontam e admiram, o Tenente Maximiano tem uma única explicação: “Tudo que sei e tudo que sou, devo à Marinha. A Marinha de Guerra do Brasil foi minha segunda mãe. Deixei-a, olhando para trás. E se ainda hoje a Marinha me chamasse, voltaria com muito orgulho e recomeçaria tudo outra vez”.
RELAÇÃO DOS NAVIOS NOS QUAIS O 1º TENETE MAXIMIANO JOSÉ DOS SANTOS ESTEVE EMBARCADO:
Encouraçado Deodoro
Navio Flexa
Destróier Amazonas
Navio Transporte Carlos Gomes
Navio Mercante Mandu
Destróier Maranhão
Encouraçado Minas Gerais
Encouraçado São Paulo
Encouraçado Nebraska da Marinha Americana
Encouraçado South Caroline da Marinha Americana
Aviso Oiapoque
Monitor Pernambuco
Navio Vital de Oliveira
Rebocador Salles de Carvalho
Monitor Parnaíba
MEDALHAS:
Medalha de Bronze da Ordem de Leopoldo II – 25/11/1920
Medalha de Bronze da Ordem da Coroa – 31/12/1920
Medalha Militar de Bronze
Medalha de Prata
Medalha Cruz da Campanha de 1914 a 1919 – 22/11/1934
Medalha da Vitória da 1ª Guerra Mundial – 22/11/1934
Medalha de Serviços de Guerra com duas estrelas (Segunda Guerra Mundial) – 1943
Medalha de Ouro – 03/07/1952
Medalha Grau de Cavalheiro do Mérito Naval – 13/12/1979 – Em reconhecimento aos assinalados serviços prestados à Marinha de Guerra do Brasil.
FATOS IMPORTANTES:
O aperto de mão da Rainha Elizabeth da Bélgica, por ser considerado o homem mais conceituado de Bordo.
A travessia do Porto da Kardfih na Inglaterra a Buenos Aires. Foram 33 dias só vendo céu e mar.
A coragem e bravura da sua tripulação Verdadeiros Lobos do mar.
O ator de bravura decisão e coragem de Sub-oficial Maximiano José dos Santos quando foi o 1º a entrar na Praça de caldeira do Monitor Parnaíba que ardia em chamas.
ELOGIOS:
Ø Pelo Aviso nº 1553 de 07/12/1940 do Ministro da Marinha Vice Almirante Henrique Aristides Grulhem.
Ø Pelo Aviso nº 1592 de 13/09/1941 do Presidente da República.
COMISSÕES:
Ø Diretoria do Pessoal Militar
Ø Navio Hidrográfico “Vital de Oliveira” (26/03/1936)
Ø Rebocador Sales de Carvalho (08/03/1937)
Ø Monitor Parnaíba (02/08/1938)