No fim da manhã, recebi uma mensagem, por meio do meu MSN, da colega Sylma Lima, do site Capital do Pantanal, em Corumbá, na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, 424 quilômetros a oeste de Campo Grande.
Ela me informou que o grande e querido amigo radialista Antonio Sebastião Ávila estava internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do Hospital de Caridade, na Cidade Branca.
Fiquei muito preocupado com a notícia, pois o nosso querido Ávila sofreu, tempos atrás, problemas no coração.
Mas a Sylma Lima digitou notícias tranqüilizadoras, informando que o seu estado de saúde é estável. Melhor assim. Todos nós, que conhecemos o grande Antonio Ávila, só podemos o melhor para ele.
A Sylma perguntou se eu poderia escrever alguma coisa sobre os "velhos tempos". Disse que sim e se, por acaso, serviria algo de 30 anos atrás, que eu preparava para escrever no fim deste mês de janeiro, quando o incêndio da rádio Clube de Corumbá completa três décadas.
Ela disse que sim e eu mandei, digitando naquele momento coisas que tinha na memória. Só falhei ao não lembrar do grande cronista esportivo que o nosso querido Ávila sempre foi e continuará sendo, pois torcemos por ele e pedimoss Deus a sua pronta recuperação.
Na narração dos 90 minutos de um jogo de futebol, seja no estádio Arthur Marinho, em Corumbá; em Ladário; no Morenão, em Campo Grande; no Noroeste, em Aquidauana; em todo Mato Grosso e, depois de outubro de 1977, em Mato Grosso do Sul; ou no espetacular Maracanã, no Rio de Janeiro; não tinha nem jamais terá para ninguém, como falamos no rádio. Antonio Ávila sempre foi e continuará sendo, depois desse novo susto, imbatível na vibração.
Repórter de campo? Comentarista de futebol? Pode chamar o Ávila. Ele dá conta do recado como ninguém. Narração da aterrissagem do avião da VASP (Viação Aérea São Paulo) no Aeroporto Internacional de Corumbá, em 1981, trazendo a bordo o seu querido time de futebol do Vasco da Gama, com Roberto Dinamite e todas as demais estrelas, para um jogo em comemoração ao aniversário de Corumbá e reforma do estádio Arthur Marinho, com o prefeito Armando Anache e o governador Marcelo Miranda? O Ávila fez como ninguém jamais fará, em tempo algum. Ninguém me contou, leitor amigo. Eu vi e ouvi "com esses olhos e ouvidos que a terra haverá de comer algum dia, no futuro." Ah, sim. Não havia telefone celular naquela época, ok? Era tudo na base do exclusivo transceptor em VHF da "Vermelhinha da Clube", o carro de reportagem no qual o "nosso" Ávila "botava pra quebrar", usando lá dentro do Aeroporto de Corumbá uma extensão de "apenas" 100 metros, feita pelo "Gabaritado" Pedro Santana Julio, técnico em eletrônica da Jovem Clube e diretor da Embratel na Cidade Branca.
Quando eu ainda era estudante no Rio de Janeiro, nos maravilhosos anos 1980, o grande Ávila telefonava para o apartamento onde eu morava - pertencente a minha tia Laurita Anache, no Posto Seis, em Copacabana - e dizia: "Ô maninho, o meu Vasco vai enfrentar o seu Fluminense aí na Cidade Maravilhosa, em pleno Maracanã. Que tal transmitirmos ao vivo, hein, maninho?"
Eu não resistia às "cantadas" do Ávila e, como fanático pelo veículo Rádio, "mexia os pauzinhos" e trazia o Ávila, num vôo da VASP, de Corumbá para o Rio de Janeiro. Quando ele desembarcava, muitas vezes em companhia do Arruda Filho, JGB, Josué de Albuquerque e Aparecido Donizeti (este colega morava no Rio, onde começava carreira nos Fuzileiros Navais, no 1º Distrito Naval), combinávamos que, antes do jogo no Maracanã, o almoço seria na churrascaria Estrela do Sul, ali mesmo nas proximidades do Maior do Mundo, o Estádio Jornalista Mário Filho. Que almoços maravilhosos eram aqueles! Memoráveis de verdade! Depois, íamos todos para o Maracanã.
Numa dessas vezes, depois de 1985, só com o Ávila - ele foi sozinho ao Rio - falei com os amigos do Sistema Globo de Rádio e eles montaram a cabine destinada à rádio Eldorado (hoje CBN AM do Rio de Janeiro, em 1.120kHz), com todos os equipamentos mais modernos disponíveis naquela época; e lá ficamos eu e o grande Ávila. Ao nosso lado, na cabine da Globo Rio, estavam o "Garotinho" José Carlos Araújo e o comentarista Afonso Soares que, nas horas vagas, dava uma "palhinha" com o Ávila, comentando tudo de primeira para os ouvintes da rádio Clube de Corumbá.
Como nós vibrávamos com aquilo tudo! Chego a ficar com lágrimas nos olhos, no momento em que lembro daqueles velhos e bons tempos que não voltam nunca mais e digito tudo aqui no meu computador.
Nas campanhas políticas, nunca houve animador de palanques, em Corumbá e Ladário, como o "nosso" Antonio Ávila. Naquela época em que grandes comícios eram planejados e feitos apenas no "gogó", sem grandes atrações porque o dinheiro era curto. Mas a garra do Ávila, animando a todos, era imensurável e impagável.
Já escrevi que, no meu túmulo, quero que escrevam apenas "Aqui jaz Armando de Amorim Anache, o Armandinho. Um repórter."
Para o Ávila, que vivo está e assim haverá de permanecer por muitos anos, com a ajuda de Deus e de todos os santos, posso escrever, nesta homenagem em vida: "Antonio Ávila. Um radialista." Ou como já disse o Rei Roberto Carlos - numa referência ao amigo e parceiro Erasmo Carlos -, de quem Ávila é grande fã como eu também, num dos seus shows que assisti no Rio de Janeiro: "Antonio Ávila: O representante maior dos meus amigos radialistas maiores."
Fique bom logo, caro "maninho" Ávila. Quero que você leia, em breve, essas linhas que escrevo, sob forte emoção. Vamos rir juntos novamente, relembrando aqueles memoráveis bons tempos que não voltam mais e nem desejamos que isso ocorra, pois vivemos cada segundo intensamente e com muita vontade de, sempre, fazer o melhor do Rádio (com "R" maiúsculo mesmo!).
Comemoraremos, em grande estilo, no Bar Vasco da Gama, em Ladário, o restabelecimento da sua saúde.
Até breve!
Para ver as fotos de 1977 e ler o que escrevi para o site Capital do Pantanal, da colega editora Sylma Lima, clique AQUI