As vivandeiras rondam os bivaques dos granadeiros

Passei esta manhã percorrendo, com o carro de reportagem da Rádio Independente, alguns pontos da região.
Fui sozinho, sem motorista, para garantir ainda mais o sigilo das pautas.
Como foram vários locais, não usei meu carro próprio, descaracterizado.
E, mais uma vez, lembro-me das palavras famosas, ditas pelo ex-combatente da Segunda Guerra Mundial e ex-presidente, Marechal Castelo Branco : "As vivandeiras rondam os bivaques dos granadeiros".
A frase, no contexto em que se inseria, era uma alusão às pessoas do mundo político que, em determinados momentos da nossa História, ficavam fofocando e incitando as tropas para um golpe.
Faço este "nariz de cera" - tão rejeitado pelos melhores Manuais de Redação - para chegar ao ponto que quero : como algumas pessoas são más, verdadeiras promotoras da intriga e da fofoca maliciosa.
Explico : Nesta manhã fui visitar pessoas que me chamaram pelo telefone móvel celular, apavoradas porque haviam sido avisadas que a polícia estaria vindo para prendê-las, porque teriam dado declarações ao blog.
Isso mesmo, leitor. A garantia constitucional do sigilo da fonte do jornalista estava sendo colocada em cheque por "comadres" interessadas apenas em tumultuar, levar pânico às pessoas humildes, não habituadas ao trato com os textos legais em vigência no Brasil.
O blog publica uma entrevista de uma testemunha, que garante ter visto, no Pantanal, e reconhece por meio de fotos publicadas na revista Veja, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ). Ele teria, até mesmo, feito refeições na região sudoeste do Mato Grosso do Sul.
Agora, pessoas maldosas começam a telefonar para outras, dizendo : "O seu nome está na imprensa, o blog do Armandinho publicou, todo mundo já sabe que é você e a polícia vem aí para prender todo mundo".
Sempre tenho dito - e às vezes sou muito mal compreendido - que fazer jornalismo de verdade e, principalmente, investigativo, no interior do Brasil, é tarefa das mais árduas.
Todos os dias você é obrigado a explicar o que é ser jornalista profissional, o que é o código de ética da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e tantas outras coisas que, nas cidades grandes, não fazem parte do dia-a-dia dos profissionais da imprensa.
Essa perda de tempo precioso do repórter apurador de notícias tem a ver, também, com certos - não todos, claro, pois Nelson Rodrigues já dizia que "toda unanimidade é burra" e não pretendo generalizar - "profissionais de imprensa" que circulam livremente por este Brasil imenso e maravilhoso.
Resumindo : este blog não revela as suas fontes que pedem sigilo, nem sob tortura.
Fim de papo. O resto é conversa fiada de "vivandeiras rondando os bivaques dos granadeiros".