Problemas sul-americanos ocupam foco dos debates de cúpula em Viena
A integração do continente sul-americano tornou-se um dos temas centrais da 4ª Cúpula União Européia - América Latina e Caribe. Enquanto a comitiva brasileira procura utilizar o espaço da cúpula para mobilizar a comunidade internacional em torno da necessidade de conclusão da rodada de negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC), diversas situações e declarações evidenciam o debate sobre o futuro da integração e do nacionalismo dos países sul-americanos. Entre eles, a nacionalização do gás da Bolívia e as disputas entre Uruguai e Argentina sobre as papeleras (fábricas de papel).
A nacionalização do gás boliviano foi diretamente abordada em três entrevistas a jornalistas de todo o mundo. Uma das coletivas foi dada pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, e as outras duas, pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. A comitiva boliviana convocou nova entrevista coletiva para e a expectativa é que o assunto seja novamente abordado.
Na entrevista da manhã de hoje, o ministro Celso Amorim também foi questionado por jornalistas sobre temas como a disputa entre o Uruguai e a Argentina sobre a instalação de fábricas de celulose e papel naquele país, além das negociações do Uruguai com os Estados Unidos, que colocariam em ameaça o futuro do Mercosul.
A discussão das papeleras teve origem no projeto de construção de duas fábricas de celulose às margens do rio Uruguai, que divide os dois países. Hoje, a disputa foi alvo de protesto de uma ativista argentina do Greenpeace, durante a cerimônia da fotografia oficial da cúpula. Apenas de biquíni, ela postou-se a frente dos fotógrafos levantando um cartaz bilíngüe contra a instalação das indústrias: "Basta de papeleras contaminantes - No pulpmill pollution".
O chanceler brasileiro Celso Amorim também negou saber da existência de negociações entre Uruguai e Estados Unidos para um Tratado de Livre Comércio, que poria em risco os acordos do Mercosul. "Não há nenhuma negociação, que eu saiba. Houve manifestações de intenção, expressões de desejos", disse.
Amorim ressalvou, em seguida, que não se referia à concessão de benefícios unilaterais ao Uruguai, representados por modificações na estrutura tarifária do país. "Veja bem, se amanhã os Estados Unidos resolverem dar umas preferências comerciais para o Uruguai, unilateralmente, nós não temos nada contra", afirmou o ministro brasileiro.
Uma repórter lhe perguntou se o mecanismo não poderia ferir a Resolução 32 do Mercosul, em referência a acordo assinado em 2000 entre os países do bloco que não autoriza acordos individuais de livre comércio com terceiros. "O que fere a Resolução 32 é se houver um acordo que envolva modificações tarifárias do Uruguai", justifica.
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