Silvio Pereira defende o presidente Lula
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, o ex-secretário-geral do PT isentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de culpa pelos fatos denunciados nos últimos tempos, afirmando que o chefe da Nação desconhecia atos de corrupção e qualificando Lula como um grande líder.
Apesar de reconhecer à CPI dos Bingos ter concedido entrevista ao jornal O Globo - na qual teria declarado que o empresário Marcos Valério pretendia faturar R$ 1 bilhão com o PT no governo -, Silvio Pereira surpreendeu a todos, afirmando que "não sabia distinguir o que era verdadeiro ou falso" com relação ao teor da entrevista que durou cerca de oito horas.
- Tem coisas que lembro e outras, não. Não sei nem se me arrependo de ter dado a entrevista, a qual nem mesmo cheguei a ler na íntegra - salientou Silvio Pereira, ao afirmar que, atualmente, "daria tudo para ficar longe da política".
O ex-sindicalista negou que tenha afirmado na entrevista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-deputados José Dirceu e José Genoíno e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) "mandavam no partido", quando se referiu ao plano de Marcos Valério de arrecadar R$ 1 bilhão com o PT no governo. Segundo Silvio, a referência era no sentido de eles "serem os quatro principais líderes que conduziram a política e a história do partido". Mas afirmou que nunca tentou qualificá-los de "quadrilheiros".
Silvio Pereira compareceu à CPI a contragosto, após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter recusado habeas corpus impetrado por ele para não depor. Seus advogados chegaram a apresentar ao STF atestado médico afirmando que Sílvio estava emocionalmente perturbado e que, portanto, segundo eles, o depoimento do ex-dirigente petista poderia ficar comprometido.
Apesar de o senador José Agripino (PFL-RN) ter sugerido à presidência da CPI que providenciasse junto às autoridades garantias de vida a Silvio Pereira para que ele contasse tudo o que sabia perante a comissão, o ex-secretário-geral do PT não mudou o rumo de seu depoimento. Ele chegou, inclusive, a negar afirmações atribuídas a ele de que Marcos Valério tinha acesso irrestrito à cúpula do PT. Disse ainda não ter conhecimento de que Paulo Okamotto tenha saldado contas do presidente Lula ou da filha do presidente, Lurian Cordeiro. Negou também que o governo tenha enviado emissários "para que ele se calasse perante a CPI".
Silvio Pereira disse que não tinha nada contra pessoas do PT, mas sim contra o que ocorreu com ele e lamentou ter ficado praticamente abandonado depois do estouro do escândalo do valerioduto.
- Retiraram a minha foto da história do partido - resumiu, ao deixar claro que jamais foi o responsável pelas finanças da agremiação.
Ele reconheceu, no entanto, que houve "outras pessoas ligadas ao PT" que fizeram parte do escândalo e que, segundo ele, devem pagar por seus atos. Mas não quis revelar os nomes dessas pessoas.
Vários senadores, a exemplo de Heloísa Helena (PSOL-AL), disseram não acreditar que apenas Silvio Pereira e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares tenham sido os idealizadores do plano de arrecadação de recursos ilegais para o partido e pagamento do chamado mensalão a parlamentares da base aliada.
O depoimento de Silvio Pereira foi acompanhado por uma junta médica convocada pelo presidente da CPI para garantir atendimento de emergência ao depoente, se necessário.
As informações são de Cláudio Bernardo, repórter da Agência Senado
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home