Deputada nega denúncia de O Globo
Leia abaixo a reportagem do colega Rodrigo Rangel, do Globo On Line :
"Deputada nega ter enviado motorista para buscar US$ 200 mil de Delúbio
Rodrigo Rangel - O Globo, BRASÍLIA - A deputada federal Neide Aparecida (PT-GO) divulgou nota nesta sexta-feira confirmando que o motorista Wendell Resende de Oliveira foi seu funcionário, mas nega que o tenha mandado a São Paulo para buscar dinheiro. Wendell de Oliveira disse ao jornal 'O Globo' que no auge da campanha eleitoral de 2004 viajou de Goiânia a São Paulo, a mando da deputada, para buscar um pacote com US$ 200 mil no diretório nacional do PT. No texto, a deputada diz que o ex-motorista trabalhou com ela desde 2001, tendo feito diversas viagens, inclusive uma no mês de setembro de 2004 à cidade de São Paulo, onde ele teria ido buscar, no diretório nacional do PT, material de campanha. Neide Aparecida acusou o ex-motorista de ter sacado R$ 400 de sua conta, sem autorização, e afirmou que Wendell teria dito a seus assessores que estava recebendo propostas de veículos de comunicação para falar o que sabe sobre o PT. - Ele afirmou que estava recebendo oferta de órgãos de imprensa, de até R$ 60 mil, para dar entrevista sobre fatos que envolvessem a minha pessoa e o PT- disse. Na nota, a deputada diz ainda que irá processar o ex-motorista. Wendell disse na quinta-feira que o dinheiro foi apanhado com a secretária de Delúbio Soares e distribuído em Goiânia para ajudar na campanha de políticos aliados. Entre os beneficiados estaria Carlos Soares, irmão de Delúbio que concorria a uma vaga de vereador. Wendell confirmou as denúncias em depoimento informal prestado ao promotor Fernando Krebs, do Ministério Público Estadual, que investiga enriquecimento ilícito de Delúbio. O promotor vai intimar Wendell para prestar depoimento. - Trata-se de uma denúncia grave que vamos apurar e também encaminhar ao Ministério Público Federal. Há indícios de crime eleitoral e lavagem de dinheiro - disse o promotor. Na conversa com o jornal 'O Globo', o motorista mostrou documentos que comprovariam seu envolvimento na operação. Um deles é um papel timbrado da Câmara em que a secretária de Neide Aparecida supostamente anotara o endereço onde ele deveria pegar a encomenda: Rua Silveira Martins, 132, Centro de São Paulo. "Fica no bairro da Sé, na paralela do Poupa Tempo, travessa da rua Tabatinguera", observa a anotação, que coincide com o endereço da sede petista em São Paulo. Abaixo, constam dois números: o geral do diretório e um outro, da Secretaria de Finanças, até o início da semana chefiada por Delúbio. O ex-motorista mostrou ainda uma das passagens da viagem: a que garantiu a volta a Goiânia. Ele conta que foi a São Paulo e voltou no mesmo dia - 27 de setembro de 2004. A ida, diz, foi de avião, pela TAM. O retorno, de ônibus, para que, segundo ele, o pacote com os dólares não fosse flagrado no raio-x do aeroporto. Os bilhetes teriam sido pagos pelo gabinete de Neide Aparecida. Wendell guardou, ainda, o recibo do táxi que o levou do diretório à rodoviária, na marginal Tietê. O ex-motorista afirma que, na sede do PT, procurou por uma das secretárias de Delúbio. - Nós ainda contamos as notas, uma por uma. Dava US$ 200 mil. O embrulho teria sido acondicionado numa bolsa de viagem. Wendell diz ter percorrido o trajeto São Paulo-Goiânia em claro, vigiando o dinheiro. Ao chegar, teria repassado a bolada a um filho da deputada. Os dólares, afirma, teriam sido trocados em reais por um doleiro da cidade. A partir daí, o dinheiro foi distribuído pela deputada. Uma parte teria sido encaminhada a Carlos Soares, irmão de Delúbio que concorreu, sem sucesso, à Câmara Municipal. Valores menores, segundo ele, foram enviados para candidatos do interior de Goiás que tinham o apoio de Neide e Delúbio. O ex-motorista diz ter participado da distribuição. Conta que uma parte do dinheiro seguiu num pequeno avião para Quirinópolis, interior do estado, para cobrir gastos da campanha do irmão de Neide Aparecida, Gilmar Alves (PMDB), eleito prefeito. Após a conversa com o promotor Krebs na quinta-feira, Wendell ficou de pensar se formalizaria as declarações. Pouco depois, ele foi procurado por assessores da deputada, que teriam tentado convencê-lo a retroceder e a não prestar o depoimento formal. - Eles disseram que arranjariam alguma coisa pra mim - declarou, para em seguida dizer que não falaria mais nada sobre o assunto. "
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