Folha de S. Paulo: Valério ameaça revelar esquema
Publicitário afirma que não vai aceitar "calote" do PT e que vai levar "quilos" de documentos para Brasília em uma semana
Marcos Valério ameaça revelar esquema
ELVIRA LOBATO, JOSÉ MASCHIO
ENVIADOS ESPECIAIS A BELO HORIZONTE
O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza acusou ontem a direção do PT de tentar lhe aplicar um calote ao não querer assumir a responsabilidade por empréstimos que suas empresas contraíram nos bancos Rural e BMG, por ordem do ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares. Ele disse que irá à Justiça contra o PT e pedirá o bloqueio do fundo partidário para garantir o pagamento das dívidas.As empresas dele fizeram cinco empréstimos bancários, em 2003 e 2004, cujo valor atualizado ultrapassa R$ 93 milhões. Os recursos foram repassados ao PT (mediante contratos de empréstimos entre suas empresas e o partido) para financiar campanhas eleitorais de petistas e da base aliada.Visivelmente nervoso, o empresário negou que tenha chantageado o PT e exigido R$ 200 milhões, conforme noticiado pela revista "Veja" neste final de semana. Segundo a revista, ele teria telefonado ao ex-presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), querendo garantias de que não seria "enjaulado" e dinheiro para garantir um futuro tranqüilo para sua família. Para o publicitário, o PT declarou guerra e ele se sente "sem compromisso com ninguém do partido" a partir de agora. Negou que tenha ordenado queima de notas fiscais em Belo Horizonte e afirmou que em uma semana desembarcará em Brasília com "quilos de documentos". "Quem tiver motivos para preocupação pode ir se preocupando", disse.""Estão querendo me caracterizar como chantagista para me darem o calote. Isso eu não vou aceitar", afirmou o empresário, em entrevista exclusiva à Folha. Ele negou ter tido a conversa telefônica com João Paulo Cunha descrita pela revista."Em momento algum chantegeei o PT, nem tive relacionamento com João Paulo para ter este tipo de intimidade", afirmou. Valério deu entrevista em uma rua do condomínio Retiro do Chalé, em Brumadinho (MG). Durante os cerca de 15 minutos que durou a entrevista, ele repetiu oito vezes que não aceitará calote. "Não adianta tentarem me desmoralizar, tentar desqualificar minha palavra. Não vão me dar calote. Não vão jogar esta bomba no meu colo", declarou.Valério disse que suas empresas estão quebradas. Perderam todas as contas de publicidade com o governo federal e os clientes privados "estão pulando pela janela" para não serem envolvidos.Ele disse que está fechando o seu escritórios em Brasília, onde 150 empregados serão demitidos.
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