Luiz Weis : Lula lesou a mídia nacional
Este repórter, então, vai à mesma fonte para beber água limpa.
Fico de alma lavada, pois fiz um comentário sobre a tal "entrevista" do presidente Lula, concedida à uma "repórter" brasileira, em Paris; apresentada aqui na "Terra Brasilis" pelo Fantástico, da Rede Globo.
Comentário do blog do Armandinho : A respeito da entrevista do presidente Lula, ontem (17), no Fantástico, ressalto que - com todo o respeito que tenho por colegas - foi lamentável o comportamento da entrevistadora. A menina começou, dirigindo-se ao presidente da República, com o pronome de tratamento "você", depois passou para "senhor" e, finalmente, mudou para "Vossa Excelência".Parece até que, estudando como bolsista na Europa, conforme informa o colega jornalista Ricardo Noblat, a colega - ou "coleguinha", como usado no Rio - nunca foi apresentada a um Manual de Redação, onde poderia ler sobre formas de tratamento utilizadas em textos e em entrevistas.Ah, sabe de uma coisa? Deixa prá lá! Eu tô aqui no meio do Pantanal maravilhoso e ela vive "nas Európias". Asno e burro deve ser este repórter e, agora, blogueiro.
Leia abaixo o que escreve, no seu blog, o jornalista Luiz Weis (Vamos citar sempre a fonte, caros colegas):
Segunda-Feira, 18 de Julho de 2005
Lula lesou a mídia nacional
É uma ofensa à imprensa brasileira a entrevista de 11 minutos que o presidente Lula deu na sexta-feira à jornalista Melissa Monteiro, que trabalha para uma TV francesa. A TV Globo, que exibiu a entrevista ontem no Fantástico, diz ter comprado os respectivos direitos.
Lula se recusou a falar sobre o Brasil aos enviados especiais e corrrespondentes brasileiros na França.
O máximo que dele um jornalista brasileiro conseguiu arrancar, andando ao seu lado, foi o desastrado comentário de que “o Brasil não merece o que está acontecendo”.
O jornalista foi Mario Sergio Conti (ex-Veja). Ele mora em Paris e frila para a BandNews e o Estadão. O comentário foi desastrado porque a oposição apanhou imediatamente o mote para glosar o governo Lula. A frase vai render.
Pela data e pelo conteúdo, a entrevista tem o mesmo cheiro da armação construída pela dupla Delúbio-Valério, em dias sucessivos, na Procuradoria-Geral da República e no Jornal Nacional.
Ainda não conheço a “inside story” da entrevista. Não conhecendo a história, não tenho elementos para dizer se a jornalista brasileira participou conscientemente de uma operação preparada pelo Planalto para reforçar a blindagem em torno de Lula. Não quero julgar pelas 7 perguntas feitas.
Mas elas estão mais para levantada de bola do que para encostada na parede.
Exemplos: “Infelizmente o Brasil atravessa uma nova crise política, nós já atravessamos outras crises no passado, ligadas a corrupção. Quando é que o Brasil vai se livrar definitivamente dessa doença, qual é a cura definitiva?”, “O senhor acredita que há males que vêm para o bem?”, “O senhor estima que tem alguma culpa nesta crise do PT e do país?”
Agora vejam só. O que Lula diz em Paris bate rigorosamente com o que Valério disse na sexta e Delúbio no sábado à Globo. Domingo o presidente investe a sua credibilidade na versão valeriano-delubiana, já apelidada de Operação Paraguai.
Hipótese. Todo esse raciocínio é furado. Lula só disse a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade à jornalista Melissa. Mas fica a pergunta escancarada: por que dar uma entrevista sobre a crise brasileira a uma jornalista que trabalha para a TV francesa? E isso depois de criar um verdadeiro cordon sanitaire em torno de si durante a sua estada em Paris para que a imprensa brasileira não tivesse ocasião de aborrecê-lo.
Lula lesou a mídia nacional (2)
Eis o que consegui apurar da entrevista de Lula, em Paris, que o Fantástico levou ao ar ontem [ver o comentário abaixo].
A entrevista foi concedida por volta das 12 horas da sexta-feira, nos jardins da Residence Marigny, onde o presidente brasileiro estava hospedado. Pouco antes ele havia recebido o primeiro-ministro francês Dominique de Villepin. Pouco depois iria receber o presidente do Partido Socialista, François Hollande.
Entre essas duas audiências, um grupo de jornalistas franceses foi autorizado a entrar no palácio para entrevistar, como haviam pedido, o novo presidente do PT, Tarso Genro. De fato, uma entrevista com ele saiu no Le Figaro.
No meio do grupo, estava a brasileira Melissa Monteiro. Ela não trabalha para nenhuma emissora francesa. Trabalha para o produtor independente Paul Comiti. Tempos atrás ele filmou e vendeu para o Canal + um documentário sobre as gangues do Rio.
Melissa entrou sem cinegrafista. Carregava um tripé. O cinegrafista, portanto, já estava lá dentro.
Autorizado por quem? Ou mobilizado pelo pessoal da Secom? Por quê? E quem controlou a entrevista? As perguntas foram espontâneas, induzidas ou uma mistura das duas coisas? Algumas delas foram gravadas depois das respostas, mas isso não é incomum.
O fato é que os jornalistas brasileiros em Paris estão subindo pelas paredes. Só falam em armação.
Postado por: Luiz Weis às 10:23:31 AM
Lula lesou a mídia nacional (3)
Mais fatos sobre a fantástica entrevista de Lula [ver comentários abaixo].
Melissa Monteiro não é repórter. É produtora free-lancer. Trabalhou para o produtor Paul Comiti, mas tem a sua própria produtora. Chama-se Melting Pot.
Ela disse hoje numa conversa que fazia muito que queria fazer uma matéria com Lula para vender a alguma TV francesa. Chegou a ir a Brasília para armar a matéria. Não teve êxito. Mas não desistiu. E tanto insistiu e tornou a insistir que "de repente, pintou" a entrevista, afinal comprada pelo Fantástico.
Entra na cabeça de alguém que o presidente Lula, que não é de dar entrevistas coletivas (concedeu uma só em 2 anos e meio de mandato), muito menos exclusivas, do gênero da de sexta-feira, teria aceitado falar para uma produtora que venderia o material para uma emissora francesa que nem ela nem ele sabiam qual poderia ser?
Em tempo: o diplomata brasileiro que cuida de comunicação na embaixada em Paris, Pedro Luiz, não sabia da entrevista.
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