O jornalista e o sigilo da fonte
Não pretendo, neste modesto blog, inflar o meu próprio ego nem ser professor de nada.
Não sou professor e nem tenho vaidades, tanto que atualmente vivo recluso, trabalhando internamente numa redação, num estúdio e num parque de transmissores da Rádio Independente.
Gosto, sim, de aprender mais um pouco a cada dia que passa. Sempre digo que quem acha que sabe tudo, normalmente é um perfeito imbecil.
Mas, sendo jornalista profissional por formação, não posso deixar de reproduzir o editorial do jornal "Folha de S. Paulo", publicado na edição de hoje (2), e que trata desse tema, sobre o qual o leitor também poderá ler o que já escrevi, acessando textos de dias anteriores.
Colegas jornalistas, principalmente os que militam na imprensa do Mato Grosso do Sul, prestem muita atenção, quando publicam entrevistas originárias de outros veículos de comunicação - inclusive sites e blogs - , para não colocar em risco a segurança de pessoas inocentes e às quais foi assegurado, pelo repórter que fez a primeira apuração e que teve contato com a fonte primária da informação, o sigilo da sua identidade.
E não se esqueçam, também, "focas", novatas, novatos e antigos na profissão, de CITAR A FONTE, mesmo quando se tratar de "suítes" de reportagens publicadas em edições anteriores, principalmente em jornais.
Eu me refiro, diretamente, ao caso da "pessoa que trabalha no ramo da alimentação na região sudoeste do Mato Grosso do Sul" - assim mesmo, para ficar bem difícil a identificação da fonte - , que concedeu entrevista ao blog, confirmando ter visto o deputado Roberto Jefferson no Pantanal.
Leia com muita atenção o editorial :
FOLHA DE SÃO PAULO
São Paulo, sábado, 02 de julho de 2005
RETROCESSO
É inquietante a decisão da revista "Time" de entregar à Justiça dos EUA as anotações de um de seus repórteres que estava ameaçado de prisão por recusar-se a revelar suas fontes. Trata-se de um precedente grave contra a liberdade de imprensa. Ele põe em risco a confiança na capacidade de jornalistas de proteger o anonimato de seus informantes, o que, por vezes, é fundamental para a apuração de notícias, principalmente as que contrariam o interesse dos poderosos.A atitude da "Time" vem poucos dias depois de a Suprema Corte norte-americana ter-se recusado a apreciar uma petição do repórter da revista, Matthew Cooper, e de Judith Miller, do "New York Times", em que os jornalistas reclamavam o direito de manter suas fontes sob sigilo com base na primeira emenda à Constituição, que assegura a liberdade de expressão e de imprensa.Cooper e Miller foram intimados a depor numa investigação sobre o vazamento da identidade de Valerie Plame como uma espiã da CIA. Suspeita-se que o vazamento dessa informação, que constitui crime, tenha sido uma retaliação da Casa Branca ao marido da agente, o ex-embaixador Joseph Wilson, que assinara artigo na "Time" afirmando que eram mentirosas as alegações do governo sobre uma tentativa do Iraque de comprar urânio de um país africano.A revista alega que a imprensa não está acima da lei e que deve obedecer a decisões finais da Justiça. "The New York Times", porém, criticou a atitude da "Time". Disse que não é a primeira vez que sofre pressões. Cooper e Miller podem ser sentenciados a até 120 dias de prisão por desobedecer a ordem judicial. Com a decisão da revista de entregar as anotações, o juiz poderá rever a situação de um ou de ambos jornalistas, embora não seja obrigado a fazê-lo.Lamentavelmente, tanto a recusa da Suprema Corte em apreciar o caso como a atitude da "Time" soam como um retrocesso na defesa da liberdade de imprensa.
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