O povo precisa da hidrovia Paraguai-Paraná
Vendo, aqui na redação do site Pantanal News, do blog e da Rádio Independente, a foto que publico, de autoria de Saul Schramm Jr., da APn, volto a um passado não muito distante.
Antes, quero dizer que fico feliz vendo o governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, nascido em Porto Murtinho, nas barrancas do rio Paraguai; recebendo em seu gabinete de trabalho, em Campo Grande, o novo comandante do 6.º Distrito Naval de Ladário - cidade situada a seis quilômetros a leste de Corumbá -, contra-almirante Francisco Antônio de Magalhães Laranjeira, acompanhado da sua ajudante-de- ordens, capitã-de-corveta Maximira Moreira Azevedo.
As lembranças que tenho são dos trabalhos realizados no período de 1997 a 2000, quando fui vereador de Corumbá e fiz questão de aprovar, em plenário, com o apoio do então presidente Ranulfo Afonso Teles (PFL) e demais colegas, a constituição de uma representação oficial do Poder Legislativo para acompanhar todos os encontros e trabalhos relacionados à hidrovia.
Sempre fui um estudioso do assunto e tive grandes mestres, como o doutor Moysés dos Reis Amaral, o Yarzon, a equipe da AHIPAR (Administração da Hidrovia Paraguai-Paraná) e tantos outros.
O meu bisavô português, José Antonio Amorim, no início do século XX - o que esculpiu, como funcionário da família Marinho, o obelisco da Praça da República, em Corumbá, em frente à Capitania dos Portos do Pantanal - e também o meu avô árabe Farjalla Anache, em 1924, ao lado da mulher Zahran e dos filhos Mansur, Zaquias e Angela; chegaram a Corumbá, vindos da Europa, navegando no vapor Iguatemy.
O governador tem razão ao afirmar que é um defensor e entusiasta da hidrovia. Zeca do PT, nascido em cidade ribeirinha, sabe, como bom pantaneiro, das vantagens do transporte hidroviário. Muito mais barato, ganha "de braçada" das rodovias e ferrovias.
E Corumbá tem o Canal do Tamengo, o acesso natural da Bolívia à hidrovia Paraguai-Paraná; tem aeroporto, tem rodovia e ferrovia.
Temos, portanto, o porto intermodal, tão necessário para o escoamento das nossas mercadorias.
Devo registrar, por questão de compromisso com a verdade, que a partir da eleição de Zeca do PT para o governo de Mato Grosso do Sul, em 1998, esse tema teve um impulso muito grande.
Recordo-me de um fato ocorrido em 1997 ou 1998, quando fui a Brasília representando Corumbá num encontro para tratar de questões relativas à hidrovia, no Ministério das Relações Exteriores, e lá pude constatar que o Governo do Estado havia enviado apenas um representante de segundo ou terceiro escalão, sem poder de decisão.
Mato Grosso comparecera com representantes de peso, contando até mesmo com o vice-governador, além de deputados estaduais, federias, senadores e vereadores.
Retornando à Cidade Branca, fiz um pronunciamento na Câmara, protestanto veementemente contra aquilo que considerei um descaso com uma questão tão importante para todo o nosso povo, desde Cuiabá, em Mato Grosso; até Nueva Palmyra, no Uruguai.
Nos próximos encontros - e depois deste repórter, então vereador, ter enviado dezenas de faxes exigindo a presença de deputados e senadores do Estado - Mato Grosso do Sul se fez presente e, a partir de 1999, o próprio governador Zeca encabeçava a nossa comitiva, ao lado do presidente da Associação Comercial de Corumbá e atual presidente da FIEMS (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), engenheiro e empresário Alfredo Fernandes; do prefeito de Corumbá, Éder Brambilla; do deputado estadual Sandro Fabi; do irmão do governador e secretário de Estado, Heitor Miranda; e do grande conhecedor dos temas relacionados às relações do Brasil com a Bolívia, o médico e estudioso Moysés dos Reis Amaral.
Para o leitor que acompanha, como eu, os escândalos que tomam conta do Brasil, escrevo uma informação que acho relevante : em todas as viagens, somente as passagens dos detentores de mandato eram pagas com dinheiro público; as despesas com hotéis, refeições, taxis, telefones e outros, eram pagas individualmente.
Como vereador, eu não recebia mensalão ou outras vantagens. Tenho vergonha na cara !
Fomos a Brasília, Santa Cruz de La Sierra e La Paz, onde mantivemos encontro com o então presidente Hugo Banzer, assessorados pelo embaixador brasileiro.
Governador Zeca, continue nesse trabalho. O novo comandante do 6.º Distrito Naval já expressou o seu entusiasmo pela hidrovia. A Marinha do Brasil tem uma história gloriosa de trabalhos realizados em benefício da hidrovia. A carta náutica eletrônica é um deles. O Serviço de Sinalização Náutica do Oeste mantém a segurança da hidrovia. A Capitanis Fluvial do Pantanal supervisiona a navegação nos rios da região.
Ao contrário do que disse num encontro em Brasília, um representante de uma ONG (Organização Não-Governamental) que tem como objetivo a conservação do Pantanal, não precisamos "construir" uma hidrovia. Ela já está aqui há muitos mais anos do que imaginam esses "marinheiros de primeira viagem" que, às vezes, como eu disse na Capital Federal, nunca navegaram no rio Paraguai e, em alguns casos, não distingüem um marreco de um "quero-quero".
Quem já navegou, como eu, pelo rio Reno, na Alemanha, sabe que é possível unir progresso e desenvolvimento com preservação e conservação do meio ambiente.
Viva a hidrovia ! Viva também o ecossistema do Pantanal !
Sempre defendi e ainda defendo a posição de que "temos que adaptar nossas embarcações à hidrovia, e não a hidrovia às nossas embarcações e comboios".
Sem a pretensão de achar que serei lido pelo governador ou pelo comandante do 6.º Distrito Naval, ouso dizer : "Governador, aproveite o 'chute inicial' proposto pelo almirante Laranjeira, em entrevista concedida nesta quinta-feira (14) ao colega jornalista Jefferson da Luz, da APn (Agência Popular de Notícias), e dê todo o apoio necessário e suficiente e siga em frente nesse trabalho iniciado pelo senhor em 1999. É o nosso povo que precisa. É a nossa gente que agradece."
Ah, sim ... Governador Zeca, como modesto oficial R2 da arma de Engenharia do Exército - acostumado a promover a transposição de cursos d'água com pontes e passadeiras - gostaria de lembrá-lo de uma coisinha a mais : Nas Forças Armadas, a missão proposta é cumprida da melhor maneira possível e da forma mais barata, com os melhores resultados; e o dinheiro que sobra é devolvido !
Exemplo do que afirmo é o trecho da BR-262, entre Aquidauana e Miranda, construído pelo Exército.
Enquanto os demais trechos da rodovia federal ficavam cheios de buracos, aquele feito pela nossa "Arma Azul-Turquesa", a Engenharia do Exército, mantinha-se sempre firme e forte, lembra-se ?
É disso que o Brasil precisa. Vontade política que resulte em obras que visem o bem estar do povo e executores honestos e patriotas.
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