Lula fará pronunciamento à nação; oposição discute impeachment
BRASÍLIA - A oposição acredita que com o depoimento do publicitário Duda Mendonça na CPI dos Correios o governo não tem mais como evitar sua ligação com o esquema montado pelo empresário Marcos Valério. Depois que Duda relatou que Valério lhe pedira para abrir uma conta num paraíso fiscal para receber dívidas do PT, parlamentares de PFL e PSDB começaram a falar abertamente na possibilidade de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O agravamento da crise também preocupa o Palácio do Planalto. Lula vai fazer um pronunciamento à nação no início de reunião ministerial desta sexta-feira, marcada para as 9h, na Granja do Torto. Líderes da oposição se reuniram e iniciaram uma ampla consulta jurídica para identificar os crimes cometidos pelo PT na campanha eleitoral e a repercussão desses atos sobre o mandato presidencial. Participaram da conversa o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), o líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), mas o tom ainda é de cautela: - Vamos agir com prudência, mas com inflexibilidade no rumo. É inevitável o desfecho, mas não podemos ter precipitação - analisou Agripino. O principal motivo para tantos cuidados é a avaliação de que a situação de Lula é diferente daquela que derrubou Fernando Collor de Mello em 1992. A oposição acredita que Lula ainda tem boa capacidade de mobilizar a opinião pública e teme que, ao pedir seu impeachment, termine por transformá-lo em vítima. Também há expectativa de alguma reação do presidente, como o pronunciamento marcado para esta sexta, e cuidado com a repercussão dos fatos sobre a economia. - Se eu fosse o presidente, faria alguma coisa - disse Tasso, ponderando: - Impeachment é coisa séria e não pode ser jogado assim. Há muito a mastigar antes disso. Mas houve gestos que avançaram em relação à posição oficial dos partidos de oposição. O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), por exemplo, afirmou que o impeachment era inevitável a essa altura e passou bom tempo na sessão da CPI ao lado do filho, o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ). Do lado tucano, o senador Álvaro Dias (PR) fez discurso no mesmo tom, no plenário.
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