O Globo: Parlamentares acusados recorrem a ameaças
BRASÍLIA. Algumas ameaças são sutis. Outras, explícitas. Um clima de desconfiança, pressões e chantagens domina o Congresso. Deputados com mandatos em xeque, por envolvimento no escândalo do mensalão, mandam recados ao governo, a aliados e a adversários. Parte das mensagens tem sido endereçada à Presidência da República. O governo admite e reage: — O governo não tem o que temer e não vai entrar nesse jogo. A ordem do presidente Lula é apurar tudo — diz o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner. Janene: “ Eu vou, mas carrego mais 26 do partido” Na noite de 10 de agosto, um grupo de petistas se reuniu no apartamento do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Estavam lá o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e os ministros Wagner e Ciro Gomes (Integração Nacional). O deputado José Dirceu chegou sem ser convidado. E foi logo avisando: — Não aceito ser cassado por corrupção. Se quiserem me cassar, vai ter que ser uma cassação política — disse ele, que mais tarde se queixou de Lula. Sentia-se abandonado, cobrou solidariedade. — Há duas semanas tento falar com Lula e não consigo. Por que ele não está falando comigo? A partir daí, Dirceu endureceu o jogo, manobrando para permanecer na chapa que vai disputar o comando do PT na eleição do dia 18 de setembro. O líder do PP, deputado José Janene (PR), ao ser informado de que o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), teria cogitado uma lista de cassações que incluía o seu nome, o do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), e do ex-líder do partido Pedro Henry (MT), chamou todos à sua casa. Os líderes chegaram assustados. O deputado Sandro Mabel (GO), líder do PL, deixou a família e foi. Chinaglia entrou tenso e saiu pior. Janene foi claro: — Chinaglia, diga para Mercadante fazer a lista do PT. Caso contrário, nós é que faremos essa lista. Ninguém vai se fazer de santo na minha frente. A maioria sabe do que estou falando. Mais tarde, em reunião com integrantes de PL, PP, PTB e PT, Janene enfrentou o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti: — Eu vou, mas carrego mais 26 do partido, inclusive você. Severino nega: — Até hoje não recebi qualquer apelo, nem do meu partido, nem das bases, para tomar uma decisão.
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