Testemunha atesta caráter de Dirceu, mas ataca governo
Morais: "Tenho dificuldade em acreditar que alguém que dedicou sua vida a uma idéia viesse aos 60 anos cuspir na sua biografia" (Foto: Laycer Tomaz/Agência Câmara)
Ouvido como testemunha de defesa no processo do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o jornalista e escritor Fernando Morais atestou a idoneidade moral do deputado José Dirceu (PT-SP), mostrando convicção de que ex-ministro da Casa Civil é um "homem de caráter". No entanto, Morais criticou o Governo Lula por reproduzir a cartilha econômica das administrações anteriores.
O escritor disse não acreditar que o ex-ministro da Casa Civil compartilhe da máxima de que os fins justificam os meios, "ainda que este seja um governo transformador". "Tenho dificuldade em acreditar que alguém que dedicou sua vida a uma idéia viesse aos 60 anos cuspir na sua biografia por corrupção eleitoral", ponderou.
Apoio do PMDB a Lula
O escritor lembrou ainda que, ao negociar com o PT o apoio do PMDB paulista a Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições de 2002, não teve conhecimento de oferta material do PT como contrapartida. Segundo Morais, o acordo não envolveu dinheiro nem pagamento de propaganda eleitoral. "Em nenhum momento se falou nisso", garantiu.
Confronto
A exemplo das outras testemunhas de defesa de Dirceu já ouvidas pelo conselho, o escritor e jornalista lembrou no depoimento que já confrontou o ex-ministro ao longo da vida política. Ambos se conheceram nos anos 60, quando Dirceu era líder estudantil. Nos anos 80, o jornalista foi secretário estadual de Cultura do Governo Orestes Quércia, do PMDB de São Paulo, enquanto José Dirceu fazia oposição "dura e sistemática" como líder do PT na Assembléia Legislativa paulista.
Morais disse que já fora acusado pelo petista no passado, mas ainda assim aceitou depor a seu favor. "Dirceu briga com todo mundo, é duro e difícil de trato. Mas é um adversário respeitoso, que nunca fez nenhum insulto pessoal. Não gostaria de tê-lo novamente como oposição", comentou.
Encontros esporádicos ocorreram depois, até uma entrevista que Dirceu concedeu a Morais recentemente sobre sua participação na organização de esquerda dos anos 70 Movimento de Libertação Popular (Molipo). Segundo Morais, Dirceu, que é um dos três sobreviventes do movimento, detalhou então a vida em Cuba como exilado e sua atuação na resistência ao regime militar no Brasil.
Relator
Para o relator do processo contra Dirceu, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), o depoimento do jornalista não contribuiu para esclarecer os fatos investigados. "Ele praticamente não conviveu com o ministro da Casa Civil nesse período (investigado), apenas teve dois encontros sociais. A testemunha não tem ligação com os fatos que temos de elucidar", concluiu.
O relator explicou a Morais que o conselho quer saber se Dirceu comandou ou não um esquema de captação e distribuição política de recursos públicos, e não se o teria feito em proveito pessoal. "Só posso julgar o senhor pelo que já fez, não pelo que promete fazer", respondeu a testemunha. Morais também evitou comentar se o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares teria sido o único responsável pelas operações atribuídas a Dirceu, e observou não pertencer aos quadros do PT.
Durante o depoimento, o deputado Jairo Carneiro (PFL-BA) disse que Fernando Morais não tem condições de contribuir para esclarecer os fatos de que o ex-ministro é acusado. O jornalista respondeu que espera apenas contribuir para a formação de juízo pelos deputados.
Genoino
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ouvirá amanhã à tarde o ex-presidente do PT José Genoino. Ele foi chamado para depor pelo relator do processo, deputado Júlio Delgado.
O depoimento, que estava marcado para as 9h30 (horário de Brasília), foi transferido para as 13 horas.
As informações são da Agência Câmara.







![[PROERD] www.proerd.com.br](http://www.proerd.com.br/botao.gif)








0 Comments:
Postar um comentário
<< Home