Assessor diz ter entregado dinheiro a Anderson Adauto
José Luiz Alves diz ter estado quatro vezes na sede do Banco Rural em Brasília, mas somente em quatro ocasiões recebeu dinheiro: R$ 100 mil, em 9 de setembro de 2003; R$ 50 mil em 16 de setembro de 2003; R$ 25 mil em 13 de janeiro de 2004; e R$ 25 mil, em 03 de fevereiro de 2004.
Os valores admitidos pelo depoente são bem inferiores aos que constam da lista que Marcos Valério entregou à CPI, na qual o nome de José Luiz Alves aparece como tendo recebido R$ 1 milhão, em 16 parcelas, entre junho de 2003 e janeiro de 2004.
José Luiz Alves revelou que o pagamento foi negociado, já em 2003, entre o ex-ministro e o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para quitar de dívidas da campanha eleitoral de Anderson Adauto, eleito deputado federal, pelo PL de Minas Gerais, em 2002.
O deputado Moroni Torgan (PFL-CE) manifestou seu estupor ao saber que um ministro de Estado recebeu em seu gabinete dinheiro em espécie, sem origem comprovada nem registro, para pagamento de dívidas eleitorais. Ele considerou o caso "muito grave" e propôs a imediata convocação do ministro para depor na CPI.
O senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) indagou se o depoente não se deu conta, à época, de estar participando de um acordo ilícito, de "dinheiro por fora", que configurava crime contra o sistema financeiro. José Luiz Alves limitou-se a dizer que estava cumprindo ordens.
Tourinho perguntou sobre os R$ 800 mil da diferença entre o montante listado por Marcos Valério e o que ele admitiu ter recebido. José Luiz Alves não soube dizer. O senador propôs a imediata quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ministro, do assessor e do irmão do ministro, Edson Pereira de Almeida, cujo nome também consta da lista de Marcos Valério.
Acareação
A CPI do Mensalão também aprovou requerimento para realizar uma acareação entre o publicitário Marcos Valério e os sacadores de dinheiro que constam da lista por ele entregue. Segundo o relator, Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), o objetivo da acareação é colocar o empresário e sua funcionária Simone Vasconcellos em direto confronto com as pessoas a quem eles afirmam ter entregue dinheiro, uma vez que, em depoimentos à CPI, elas afirmaram ter recebido recursos bem menores do que os citados na lista.Entre os sacadores de dinheiro, a CPI escolheu para fazer parte da acareação oex-deputado Waldemar da Costa Neto (PL); o tesoureiro do PL, Jacinto Lamas; o tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri; o assessor do PP, João Cláudio Genu; e o ex-presidente da Casa da Moeda, Manoel Severino dos Santos, filiado ao PT. Por requerimento do deputado João Correia (PMDB-AC), foi incluído também o nome de José Luiz Alves.
As informações são da Agência Senado.
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