CPIs precisam alcançar corruptores, diz Ramez
O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) concedeu entrevista ao blog e à Rádio Independente na sexta-feira (30), quando deu palestra no Centro Universitário de Aquidauana, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com o tema "Gestão Pública".
Depois da palestra, ele foi recebido às 22h30 (horário de Mato Grosso do Sul) na chácara do empresário Fauzi Suleiman, que assinou ficha de filiação ao PMDB na segunda-feira (26).
Depois de conversar sobre vários temas, saboreando deliciosas esfihas abertas e fechadas, feitas por dona Zaquias, mãe de Fauzi, o senador Ramez Tebet garantiu que, hoje, não há clima para o "impeachment" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda tem grande penetração nas classes C, D e E e consegue se manter com um símbolo de uma pessoa simples, um operário metalúrgico, que chegou à Presidência da República.
Ele me disse que faz "uma oposição independente, mas não constante" ao presidente Lula, pois depende do governo federal para a liberação de verbas do orçamento para os municípios de Mato Grosso do Sul. Citou como exemplo o seu colega do Rio Grande do Sul, Pedro Simon (PMDB), que "pode falar o que bem entender na tribuna, pois não precisa de emendas que resultem em verbas para o seu Estado, uma vez que a sua campanha eleitoral é feita de maneira bem diferente, com um eleitorado praticamente cativo."
Antes de retornar a Campo Grande, acompanhado do seu filho e assessores, o senador deu a entrevista que reproduzo abaixo, à Rádio Independente, ao blog, ao site Pantanal News e ao correspondente do jornal "Diário MS" e editor do site "Aquidauana Repórter", Anderson Meireles:
Blog do Armando Anache (Armandinho) – Como o senhor analisa a filiação do empresário Fauzi Suleiman ao PMDB, depois de ter disputado duas vezes - em 2000 e 2004 - a prefeitura de Aquidauana pelo PT?
Senador Ramez Tebet – O Suleiman é uma pessoa muito estimada em Aquidauana, é um empresário atuante, gosta da vida pública e enriqueceu os quadros do PMDB e, com toda a certeza vai, num futuro bem próximo, ajudar Aquidauana mais do que ele está ajudando. Eu só digo que ele fortalece os quadros do PMDB, mas acima de partidos políticos, ele demonstra o grande interesse de servir à nossa população, de servir à sociedade; e isso me deixa contente, satisfeito; é um jovem em quem nós estamos depositando muita esperança. Eu fiquei muito contente, eu não pude estar aqui no dia da filiação dele [segunda-feira, 26/9], que foi uma festa muito grande em Aquidauana, segundo me informaram. Mas vim hoje [sexta-feira, 30/9] porque fui convidado pelos universitários para proferir uma palestra sobre gestão pública, na nossa faculdade, na nossa universidade; vim com a maior alegria, foi uma oportunidade de rever Aquidauana; eu tencionava fazer algumas visitas mas não pude faze-las porque choveu muito e hoje [sexta-feira, 30/9] eu saí quase que de última hora de Campo Grande [Capital de Mato Grosso do Sul, situada a 135 quilômetros a leste de Aquidauana], em razão do prazo das filiações partidárias e, assim sendo, tendo que regressar hoje porque eu tenho compromisso inadiável logo pela manhã; mas eu quero deixar um grande abraço a todos esses meus amigos e dizer que apesar de todo esse quadro que o País está atravessando, eu creio que é uma oportunidade ímpar... nós vamos sair, o Brasil vai sair dessa crise democraticamente, o País vai sair dessa crise, eu espero, fazendo cumprir a lei, acabando com a impunidade existente no País. A sociedade está indignada com isso que está ocorrendo e é preciso dar uma resposta satisfatória para a população brasileira.
Blog do A. Anache – Com a experiência obtida como vice-governador e governador de Mato Grosso do Sul e como parlamentar e presidente do Senado, como o senhor analisa a atual crise que o Brasil vive e que o senhor acompanha em Brasília? Na sua opinião, como fica a permanência do presidente Lula à frente do Governo?
Senador Ramez Tebet – Olha, em primeiro lugar eu quero dizer que essa é a maior crise da história do Brasil, perfeito? Crise moral, mostrando quanta corrupção e o quanto de corrupção existe e o quanto ela está enraizada no setor público. Eu acho que está faltando alguma coisa para as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) – respondendo mais diretamente à sua pergunta – eu acho que é preciso alcançar os corruptores, é preciso ir atrás da origem desse dinheiro, porque tem alimentado essa corrupção, e isso eu acho que as CPIs ainda não alcançaram. Torço para que elas consigam fazer isso, para que corruptos e corruptores sejam punidos dentro da lei, a fim de nós restaurarmos a dignidade do Congresso Nacional, a dignidade das nossas instituições, que estão funcionando, numa demonstração de que a crise é profunda mas o Brasil é maior do que a crise e o Brasil será melhor agora, se nós conseguirmos reduzir a corrupção.
Anderson Meireles, do site “Aquidauana Repórter” e “Diário MS” – No cenário estadual, qual é a estratégia que o PMDB vai usar para enfrentar, possivelmente, o companheiro de bancada do senhor, o senador Delcídio Amaral?
Senador Ramez Tebet – Não, eu acho que não tem nada. Eu acho que hoje nós temos um candidato no PMDB que fala mais alto que o próprio partido. Em verdade, a candidatura do André Puccinelli [ex-prefeito de Campo Grande] está consagrada no seio da opinião pública; eu diria que, dado o que ele fez em Campo Grande, revolucionando a administração, há uma grande esperança de que, eleito governador do estado [de Mato Grosso do Sul] ele venha a mudar os rumos da administração pública e fazer um Mato Grosso do Sul cada vez melhor. Então, se trata aí de um embate extraordinário, onde uma pessoa ‘tá’ sendo valorizada pela opinião pública e pela sociedade, pelo que já realizou na sua vida pública mas, principalmente, nos oito anos em que administrou Campo Grande.
Anderson Meireles, do site “Aquidauana Repórter” e “Diário MS” – E enfrentar a “máquina do governo”?
Senador Ramez Tebet – Bom, mas quantas vezes a “máquina do governo” já foi derrotada? Agora mesmo, na prefeitura de Campo Grande, o candidato do André Puccinelli [atual prefeito Nelsinho Trad, do PMDB] ganhou a eleição de prefeito contra toda a máquina do governo do estado. Eu acho que isso é um pouco relativo hoje, eu acho que a cidadania melhorou, o povo está mais consciente e o povo sabe o que faz.
Blog do A Anache – E aqui em Aquidauana, onde o presidente do diretório municipal do PMDB, Paulo Reis, disse ao lado do recém filiado empresário Fauzi Suleiman, numa entrevista ao vivo na Rádio Independente, que o partido pretende lançar candidato próprio à prefeitura, ao invés de coligar com outro partido como aconteceu nas eleições passadas. Como o senhor analisa isso?
Senador Ramez Tebet – Olha, eu analiso isso como algo positivo. Primeiro, porque eu acho que todo partido tem que lançar candidato quando pode lançar; segundo, que o PMDB é um partido forte. É de se estranhar que o PMDB não tenha lançado candidato, mas não é surpresa nenhuma se o PMDB lançar candidato, principalmente agora, não é? Onde o empresário Fauzi Suleiman entrou para o partido, é um homem forte, é um homem estimado pela população aqui de Aquidauana e o André [Puccinelli] conquistando o governo, é com muito mais razão que o PMDB deve lançar cadidato em quase todos os municípios, eu diria que praticamente em todos os municípios do estado de Mato Grosso do Sul, para as prefeituras. Isso está longe ainda, eu acho que nós temos que cuidar primeiro de 2006, mas com toda certeza o horizonte descortina para o PMDB, com uma trajetória boa em 2006, elegendo não só o governador de Mato Grosso do Sul, mas elegendo vários governadores. E tendo, e isso é muito importante, candidato próprio à Presidência da República, como nós esperamos que tenha. O prazo para inscrição, dentro do PMDB, que vai escolher o candidato à Presidência da República em prévias, encerra-se dia 15 de fevereiro, vamos ver quem é que vai se inscrever como candidato; se for um só será ele e se for mais de um será aquele que vencer as prévias do partido, que serão realizadas e aí nós tiraremos o nosso candidato do partido, da dimensão do PMDB, com a história do PMDB, com a grandeza do PMDB, tem que ter candidato em todos os níveis.
Blog do A Anache – Na segunda-feira (26/9), em Aquidauana, durante as filiações que ocorreram no PMDB, o ex-prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, disse brincando que “dessa vez não vou amarelar”; numa referência à eleição de 2002, quando resolveu não disputar o Governo. O senhor acredita que, em outros partidos, pretensos candidatos ao governo do estado possam estar “amarelando”, não desejando enfrentar Puccinelli no ano que vem?
Senador Ramez Tebet – Olha, eu não posso falar assim, Armando, em hipóteses, não é? Eu não posso. A eleição está muito longe e eu não sei nem quem o André vai enfrentar, mas no quadro político de Mato Grosso do Sul eu acredito que, dificilmente, haja um nome – e muitos nomes são dignos e honrados –, mas eu acredito que dificilmente haja um nome com a densidade eleitoral que o André tem para governar Mato Grosso do Sul. É isso o que eu acho, né? Esse termo “amarelar”, ele, naquela ocasião [eleição de 2002], nós temos que considerar que o André tinha mandato [era prefeito de Campo Grande] e ele para ser candidato a governador, ele teria que deixar a prefeitura; e feitas umas pesquisas de opinião pública na Capital e tudo o mais ele, que vinha se proclamando candidato, acabou dizendo que não era candidato e preferiu governar Campo Grande até o fim, não é? Acho que ele fez bem, não vou condena-lo por não ter sido candidato a governador naquela ocasião, mas em verdade Campo Grande ganhou muito. Você veja o que foi feito na administração do André, principalmente nos dois últimos anos, e veja que agora ele está mais credenciado do que estava antes, para ser governador de Mato Grosso do Sul. O que eu posso dizer é o seguinte: Cada dia com sua agonia; não vamos precipitar os fatos, né? Daquela vez ele não foi candidato, dessa vez, se Deus quiser, será candidato.
Anderson Meireles, do site “Aquidauana Repórter” e “Diário MS” – Como está sendo feita a política de alianças em Mato Grosso do Sul?
Senador Ramez Tebet – Olha, eu não sei como está sendo trabalhada em termos de aliança. Não é que eu não sei... Nós não sabemos se vai ter a verticalização ou não. Eu sei que o André hoje está sendo procurado por políticos de todos os partidos, todos eles. E só não está mais cheia a legenda do PMDB e outras legendas que já estão alinhadas conosco, pela própria indecisão legislativa, né? Ponto de interrogação na legislação, mas em verdade a maioria quer estar junto com o André e é preciso saber peneirar isso.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home