Dimas Toledo nega autoria da "lista de Furnas"
Ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas, Dimas Toledo, em depoimento na CPI dos Correios.
Em depoimento à CPI dos Correios, o ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas, Dimas Toledo, negou veementemente qualquer participação na elaboração da lista com 156 nomes de políticos de 12 partidos da base do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que, supostamente, teriam recebido recursos de caixa dois administrados pela hidrelétrica na campanha de 2002.
Uma cópia da lista, que contém a assinatura de Dimas, foi entregue à Polícia Federal pelo lobista mineiro Nilton Monteiro. O documento apontaria a origem dos recursos - empreiteiras, bancos, empresas privadas, estatais e prestadoras de serviços.
-Isso tudo foi feito para manchar o nome de pessoas e empresas, mas não vai macular Furnas, que nunca teve um dirigente sequer punido por improbidade administrativa - protestou o ex-diretor.
Dimas disse não conhecer Nilton Monteiro, mas contou que já teria ouvido falar no lobista, pois, há alguns anos, ele teria feito ameaças à sua secretária, por não ter sido contratado numa licitação. Nilton Monteiro responde a uma série de processos judiciais por falsificação de documentos.
A chamada "lista de Furnas" veio à tona por meio de denúncia do ex-deputado e ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson, que alega ter recebido, ele próprio, R$ 75 mil através desse esquema.
-As afirmações de Jefferson são falsas - garantiu o ex-diretor.
Segundo Dimas, também não tem nenhum fundamento a outra acusação apresentada pelo ex-deputado em junho do ano passado, segundo a qual valores que sobravam do orçamento de Furnas todo mês (R$ 3 milhões) seriam repartidos entre PT nacional (R$ 1 milhão), PT de Minas Gerais (R$ 1 milhão), deputados que saíram do PSDB e foram para a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (R$ 500 mil) e diretores de Furnas (R$ 500 mil).
Jefferson sustenta que o próprio Dimas teria lhe explicado como os recursos eram distribuídos. Dimas, no entanto, narrou ao deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios, que só esteve com Jefferson uma vez, em abril de 2005, na casa do então parlamentar e a convite dele, e que não tratou de nenhum desses dois assuntos.
O ex-diretor explicou que se encontrou com Jefferson porque estava ciente que seu cargo estava à disposição do PTB e soube que o ex-deputado pretendia indicar para a direção da hidrelétrica alguém de fora de Furnas.
- Eu precisava convencê-lo a colocar alguém da casa, como sempre foi, tradicionalmente - disse Dimas.
Dimas Toledo disse considerar natural que a direção das estatais seja ocupada por pessoas indicadas por partidos políticos.
- Isso não significa que os partidos tenham interesses financeiros nas empresas. É apenas uma forma de eles implementarem seus programas - observou.
Ameaças a Delcídio
Antes do início do depoimento de Dimas Toledo, os parlamentares prestaram sua solidariedade ao senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI, que, nesta manhã, recebeu uma carta anônima com ameaças a membros de sua família. O senador comunicou o fato à Polícia Federal e ao Ministério da Justiça.
- Obrigado pela amizade, companheirismo e confiança - agradeceu Delcídio, emocionado.
As informações são de Raíssa Abreu, repórter da Agência Senado
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