A rota do narcotráfico passa por MS
A questão do narcotráfico presente e atuante nas nossas fronteiras é muito preocupante.
Espero que ninguém diga que os dois prestigiosos jornais estejam "denegrindo" a imagem do nosso querido Estado. Como meios de comunicação de massa, apenas noticiam fatos.
No início da década de 1990, iniciei em Corumbá, como jornalista e radialista, uma campanha - imediatamente apoiada pelo povo - contra os traficantes que, não mais satisfeitos em utilizar o nosso Estado como rota da droga, passavam também a abastecer as chamadas "bocas-de-pó".
Nelas, o "crack" ou "pitílio" eram vendidos a preços muito baixos, fazendo com que aumentasse o consumo, principalmente entre jovens de famílias pobres.
Os efeitos dessas drogas - sub-produtos do refino da cocaína - são devastadores no organismo humano. Destroem o usuário muito mais rápido do que a cocaína, maconha e outras drogas.
Sempre defendi e ainda defendo a idéia - principalmente depois da minha ida aos Estados Unidos em 1994, convidado pelo Departamento de Estado para um "workshop" sobre drogas - do combate às drogas nas nossas fronteiras. Falo em "fronteiras" como um todo. Não me refiro apenas ao Mato Grosso do Sul.
Durante palestras do diretor da DEA (Drug Enforcement Administration) - a agência americana de combate às drogas - em Washington, DC, pude constatar a importância do trabalho de inteligência.
Só assim conseguem-se vitórias expressivas contra os "barões da droga". Naquela época, o foco principal era para os cartéis de Calli e Medellin, na Colômbia.
Nas manchetes que cito acima, observa-se a prisão de estrangeiros, acusados de manter bases para o envio de drogas para a Europa e Oriente Médio.
Voltando às nossas fronteiras do Mato Grosso do Sul : a DEA está bem próxima, principalmente em Puerto Suárez, na fronteira de Corumbá, MS, com a Bolívia, e em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã.
Defendo que deveriam estar muito mais próximas. Afinal, o narcotráfico não respeita nenhuma fronteira. Então, não seria de grande valia para o povo em geral que os governantes também estivessem irmanados contra o inimigo comum ?
E mais : de nada adianta apenas o combate frontal ao narcotráfico. É necessária uma política inteligente de prevenção ao uso e abuso de drogas. Nossas crianças têm que ser educadas para a resistência às drogas, inclusive as lícitas, como o álcool e o tabaco.
Conheci, também em 1994, o D.A.R.E. ("Drug Abuse Resistance Education" ou "Educação para Resistência ao Abuso de Drogas"), programa aplicado em todo o país e também nas escolas da cidade de Baltimore, próxima a Washington, DC, nos Estados Unidos, onde estive pessoalmente.
Retornando ao Brasil e após novos contatos com o consulado americano em São Paulo, fui orientado a conhecer o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), no quartel central da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, na Rua Erasmo Braga, Centro.
Lá pude ver de perto esse programa, inspirado no D.A.R.E. americano, criado em 1983 em Los Angeles, Califórnia.
Os policiais, fardados e armados, ou seja, com a mesma imagem vista nas ruas, vão às escolas para instruir as crianças a dizer "não às drogas". É o famoso bordão "Just Say No", ou "Apenas diga não", lançado pela então primeira-dama americana, Nancy Reagan. Três anos depois, em 1997, fiz um projeto na Câmara de Corumbá - fui vereador de 1997 a 2000 - e, com o apoio do governador Zeca do PT, do prefeito Éder Brambilla e do comandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, e trouxe o PROERD para a Cidade Branca.
Uma das maiores emoções que tive na minha pequena experiência como vereador foi no fim de 2000 quando, sem ter sido reeleito, fui homenageado na Escola Angela Perez, na parte alta de Corumbá, durante a formatura da primeira turma do PROERD.
Há que se combater, de maneira frontal e sem tréguas, doa a quem doer, o narcotráfico.
Mas não pode ser deixada de lado a prevenção ao uso e abuso de drogas.
Só assim a sociedade organizada, auxiliada pelas autoridades, conseguirá atingir a lei mais antiga do comércio : a da oferta e da procura.
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