Resumo do depoimento de Marcos Valério à CPMI
Consolidada - 6/7/2005 19h05 (Hora de Brasília)
De posse de habeas corpus, Valério omite destino dos saque
Agência Câmara
Reportagem - Edvaldo Fernandes e Cristiane Bernardes
Edição - Rejane Oliveira
O publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser o operador do "mensalão", desmentiu hoje na CPMI dos Correios que tenha dado R$ 4 milhões ao deputado fluminense, apresentando recibos e passagens aéreas para provar que não estava em Brasília "no início de julho", quando a operação teria sido feita, tendo chegado à cidade apenas no dia 7 do mesmo mês. Ele também garantiu que nunca negociou a indicação de ocupantes de cargos públicos, como denunciou ontem o líder licenciado do PMDB, José Borba (PMDB-PR), segundo o qual os contatos que manteve com o empresário serviram para negociar a nomeação de correligionários. "Daqui a pouco, vão me chamar de ministro sem pasta", ironizou. Valério chegou para depor na CMPI com liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal que lhe assegurava que não seria preso caso se negasse a dar declarações que o incriminassem. O empresário prometeu que não usaria a prerrogativa, mas, ao ser questionado pelo relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), recusou-se a revelar o que teria feito com o dinheiro sacado em espécie de suas contas bancárias, alegando que apresentará essa informação "no foro adequado". Em depoimento à Polícia Federal, na semana passada, ele disse que os saques se destinavam principalmente a investimentos. Na CPMI, ele minimizou a retirada de cerca de R$ 80 milhões por suas empresas SMP&B e DNA no ano passado, afirmando que o valor corresponde a apenas 4% do faturamento das duas agências. O depoente admitiu, porém, que pagou uma parcela de R$ 350 mil referente a empréstimo de R$ 2,4 milhões contraído pelo PT junto ao Banco de Minas Gerais (BMG), em que figurou como avalista. Valério sustentou, entretanto, que o pagamento não pode ser considerado uma doação ao partido porque foi feito a título de empréstimo, e que espera receber o dinheiro de volta. Ele também negou conhecer o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o ministro da Secretaria de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken. Contratos com o governoO empresário negou que tenha sido favorecido em licitações públicas e garantiu que o faturamento de suas empresas com o governo praticamente estacionou entre os mandatos de Fernando Henrique e Lula, representando cerca de R$ 400 milhões em 2002 e 2004. O que cresceu, segundo ele, foi a participação da iniciativa privada, que em 2004 respondeu por R$ 160 milhões dos R$ 200 milhões faturados por um das empresas, a SMP&B.Marcos Valério propôs suspender por uma semana o contrato que tem nos Correios para que sua execução seja investigada pelos parlamentares. O empresário informou que o valor do contrato é de R$ 72 milhões, mas o relator da CPMI lembrou a existência de um aditivo assinado no fim do ano passado que aumentou o valor do contrato para R$ 90 milhões. O deputado colocou em dúvida a legalidade desse aditivo, alegando que o reajuste "deveria corresponder a um aumento proporcional do serviço prestado".Valério afirmou que, dos R$ 28 milhões que recebeu dos Correios desde janeiro de 2004, só lhe restou cerca de R$ 1,9 milhão. O restante teria sido gasto com a veiculação de publicidade em diversos veículos de comunicação (TV Globo, revistas Veja e IstoÉ) e com despesas gráficas. "Não houve superfaturamento porque, se houvesse, os veículos estariam mancomunados comigo", disse. A versão de Marcos Valério foi apoiada pelo deputado Jorge Bittar (PT-RJ), para quem a imprensa estaria superdimensionando os ganhos do publicitário. O deputado afirmou que as agências publicitárias ficam apenas com 10% do faturamento bruto e ainda precisam descontar dessa parcela as suas despesas, incluindo gastos com "profissionais altamente qualificados".Relações com o PT Questionado pelo deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), o empresário disse não saber se algum filho do presidente Lula foi contratado pela empresa Estratégia, de sua propriedade, para trabalhar em campanhas políticas. A Estratégia fez as campanhas dos candidatos petistas às prefeituras de Osasco (SP), São Bernardo (SP) e Petrópolis (RJ). Marcos Valério admitiu que intermediou encontro entre o tesoureiro licenciado do PT, Delúbio Soares, a quem chamou de amigo, e o diretor do grupo Carlos Rodenburg, em março do ano passado, para tentar melhorar a imagem do Opportunity junto ao PT. Segundo o publicitário, o tesoureiro petista relutou em participar do encontro "porque tinha impressão negativa do grupo". As agências de Valério são detentoras de contas da Telemig Celular e da Amazônia Celular, que até abril eram controladas pelo Opportunity. O empresário garantiu que não tem relação de amizade com o ex-ministro José Dirceu (PT-SP) nem com o presidente do PT, José Genoino, e que os encontrou apenas "algumas vezes". Indagado pelo deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) sobre o motivo que o levou a dar uma caneta Montblanc ao secretário-executivo de Comunicação de Governo, Marcos Flora, Marcos Valério informou que o gesto foi "uma cortesia".
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