Blog do Moreno: Militares respeitam as instituições
Leia a nota que, neste momento vivido pelo Brasil, é muito importante para reflexão:
MILITARES: SOMOS UMA GERAÇÃO PÓS-64, A NOSSA DOUTRINA É A DEMOCRACIA, RESPEITO ÀS INSTITUIÇÕES E À PALAVRA EMPENHADA
JUDICIÁRIO: PREOCUPAÇÃO COM O RITO SUMÁRIO
Sumi, todos viram. Mas, no jargão jornalístico, estava correndo por fora, longe dessa verdadeira dança dos tangarás em que se transformaram os depoimentos de Roberto Jefferson, Marcos Valério e Cia. às CPIs. Fui aos quartéis, não como cassandras e vivandeiras para semear a discórdia. Fui para ouvir. Os militares acompanham a crise política como qualquer categoria, com preocupação e curiosidade. Conversei com diversas patentes de diferentes armas. Todos eram garotos, jovens, em 64. A ditadura, para eles, é revista apenas nos centros de estudos, onde avaliam erros, acertos e exageros cometidos. Não há na ativa ninguém com pensamento saudosista de um período que definitivamente não viveram. Saudosistas só em movimentos folclóricos como "Guararapes" ou dos Bolsonaros de pijama. As Forças Armadas estão preocupadas com o seu aparelhamento para cumprir suas missões constitucionais. Desenvolvem altos centros de estudos estratégicos, tecnológicos, profissinais mesmos. Estão em crise como qualquer categoria que reivindica melhores salários e condições de trabalho. Os militares são muitos ciosos da palavra empenhada. No ano passado, tiveram do presidente a promessa de que em janeiro deste ano receberiam 23% de aumento. O presidente não cumpriu com a palavra. Recebem agora metade do prometido e já não acreditam mais na promessa de Lula para receberem a outra parte depois. Eles estão distantes da crise política. Sejam quais forem os desdobramentos dessa crise, seguirão firmes no seu dever. Lembram que, mesmo desmoralizado, Collor foi o comandante-chefe das Forças Armadas até o último minuto de seu mandato. Com Lula, dizem, não será diferente. A democracia, para eles, tem mecanismos próprios e soluções naturais dadas pelas lideranças civis, como aconteceu, insistem, na destituição de Collor.
Das casernas fui aos tribunais. Conversei com ministros dos tribunais superiores. Eles negaram a tal reunião realizada numa chácara de Brasília para discutir a eventual desestabilização política do governo. Acham que a crise é política e localizada. Dificilmente chegaremos a uma crise institucional, o que só aconteceria com a ruptura da ordem política e social. Acham que o presidente está, com a sua caravana eleitoral, dando uma enorme colaboração à radicalização política. E criticam a reação do Congresso que, acuado pela opinião pública, busca soluções rápidas e improvisadas, a mais maléfica das quais essa de estabelecer uma espécie de rito sumário. Temem que muitos sejam cassados sem sequer exercerem seus direitos de defesa.
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