O que fizemos com a Terra?
"Armandinho,
Hoje percorri mais detalhadamente o seu blogue, bom pra caramba, bem arquitetado e muito recheado de notícias.
Parabéns.
Luiz"
O que fizemos com a Terra?
Por Luiz Leitão (*)
Em nossa sede de progresso, nosso consumismo desenfreado e limitado a beneficiar apenas algo como 800 milhões de pessoas – a Terra tem 6,2 bilhões de habitantes – não percebemos que iríamos pagar um preço que simplesmente não vale a pena, pelos confortos da vida moderna, alguns deles absolutamente dispensáveis.
Os alertas sobre o Efeito Estufa pareciam conversa de ecologista, os chamados “ecochatos”, mas eles estavam certíssimos, e nós íamos nos afogando em nosso ceticismo. O Petróleo, e outros combustíveis fósseis, até mesmo o gado, que expele metano, tudo contribuindo para o agravamento do Efeito Estufa, que teve, sim, algo a ver com o Tsunami de quase um ano atrás, como também está por trás do furacão Katrina, que já causou milhares de mortes. Exatamente como no caso do Tsunami, quando o número de vítimas crescia a cada dia, lá em New Orleans e adjacências, falava-se antes em centenas, e agora já se calcula em milhares as pessoas tragadas pela fúria dos ventos e das águas. Mais de uma centena de desabrigados, que perderam tudo.
Aí, aparece a precariedade de nossas vidas, de nossa segurança, tão ilusória.
Nesta hora, nos recordamos de que habitamos este prosaico planeta nos confins da Via Láctea, muitíssimo menos que um mísero grão de areia na imensidão do universo.
Nas ruas de Guangdong, China, entram em circulação mais de mil carros novos por dia, trezentos e sessenta por ano, e o país da bicicleta vai se transformando na nação do automóvel, cada vez mais sedenta por hidrocarbonetos.
A natureza não aceita desaforos e tem seus sistemas de controle, como estes cataclismos e agora a assustadora ameaça da Gripe Aviária, que está, teoricamente, a questão de apenas algumas horas de vôo entre a Ásia e o Brasil. Quantas vítimas? Ao contrário da Gripe Espanhola, e apesar dos avanços da medicina, hoje as facilidades de contágio são muitíssimo maiores, pela facilidade e rapidez com que as pessoas viajam.
Teimamos em ignorar ou sublimar a nossa fragilidade, as geleiras vão se desfazendo, as neves eternas dos cumes das montanhas já não mais o são, vão se desfazendo, e o degelo da Antártida vai diluindo a salinidade dos mares ao norte, diminuindo a quantidade de peixes, comprometendo o já precário equilíbrio ecológico.
Nós protestamos, o Greenpeace também, mas nem por isto deixamos de dar a partida nos motores de nossos carros todas as manhãs, envenenando um pouco mais a atmosfera. Estamos viciados pelo conforto até exagerado, não mais nos contentamos em viver setenta anos, agora o bom são oitenta, amanhã mesmo noventa, e a equação previdenciária não fecha, nem aqui, nem no Japão.
Com perdão pela disgressão, fugindo ao tema principal, cabe comentar os mil mortos no Iraque, mais por pavor do que pela ação de homens-bomba de fato.Aquela era a paz que Bush buscava? Foi esta a democracia tão precocemente festejada? Em comum com a presente tragédia ecológica, a destruição de vidas.
Os dirigentes das nações tentam se precaver contra atentados terroristas, e vem um furacão e repete o drama do onze de setembro de 2001, das Torres Gêmeas. Esquecemo-nos, em nossa vã filosofia, de que não controlamos absolutamente nada, a não ser o nosso comportamento, se a isto nos propusermos.
Mas sem uma ação concertada, quase em uníssono, nada irá mudar, poderemos, isto sim, amenizar os perigos que nos rondam, através de medidas serenas, conjuntas, colocando de lado o egoísmo. Não temos salvação na base do cada um por si.
As ações individuais, salvo aquelas movidas pelo altruísmo, tendem a potencializar o caos, e só. Como aquele acordar pela manhã e pensar que precisamos crescer, vender mais, comprar mais, ter mais...
Vinte mil ogivas atômicas na Rússia apontadas para os EUA, outras10 mil no sentido inverso. Temos a inacreditável capacidade de destruir o mundo de várias maneiras: lentamente, como agora, através da degradação do planeta ou de uma vez, pela fissão do átomo.
Mais uma vez, cabe exaltar a memória de John Winston Lennon, o Beatle que tanto lutou pela paz, a de Gandhi, a de Einstein.
(*) Luiz Leitão
luizleitao@ebb.com.br
Administrador e articulista (Brasil)
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