Obsessão com JK leva Lula a erro histórico
Referência indevidas e erros factuais irritam
Ciça Guedes
Na tentativa de colar sua imagem à de um presidente que uniu democracia e crescimento econômico, Lula tem feito constantes referências a Juscelino Kubitschek. Se vai funcionar, só as pesquisas dirão, mas um resultado já é certo: Lula tem irritado os historiadores com sua coleção de erros factuais. Ontem, ao discursar em Uberlândia (MG), o presidente afirmou que JK não perdeu a paciência nem quando tentaram matá-lo. — Juscelino dizia “tenho paciência” porque enfrentava revoltas de militares, sofreu duas tentativas de golpe de Estado, mas não quis ir ao enfrentamento. No caso de Lula, paciência é embromação, porque foram o partido dele e o governo dele que provocaram a crise política. E o registro de atentado contra a vida de JK seria o acidente que o matou, na Via Dutra, mas nunca se provou nada — diz o professor de história contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Francisco Carlos Teixeira da Silva. A historiadora Marli Silva da Mota, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, também desconhece atentado contra JK: — Nossa tradição política não é de atentados contra presidentes. A exceção é Prudente de Moraes, na Primeira República. Juscelino é uma referência para Lula, assim como foi para Fernando Henrique, porque conseguiu uma combinação muito feliz de democracia e crescimento, era um grande articulador político e uma pessoa de bem com a vida. Francisco Carlos diz que o problema é do PT: — Entrevistei o presidente Hugo Chávez (Venezuela) e ele cita os personagens da história latino-americana com absoluta correção. O uso político que faz é outra coisa, mas conhece. Evo Morales, o líder cocalero boliviano, também. Já Lula não conhece nem a história da República brasileira. E isso é um problema do PT, que chegou ao poder imaginando que a História do Brasil começa nas greves do ABC.
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