'Tese do mensalão pode ser desfeita', diz deputado Carlos Abicalil
A tese do pagamento de "mensalão" a parlamentares em troca de apoio ao governo pode ser desfeita pelas CPMIs que investigam o assunto no Congresso Nacional. A avaliação é do deputado Carlos Abicalil (PT-MT), sub-relator de depoimentos da CPMI dos Correios, que concedeu entrevista neste fim de semana ao jornal Hoje em Dia.
Segundo o petista, as investigações indicam que o dinheiro repassado a parlamentares do PT e da base aliada teria sido usado para o pagamento de dívidas de campanha.
"Estamos chegando à conclusão de que a tese do mensalão poderá ser desfeita se for confirmada a tese do financiamento partidário, onde os indícios têm sido muito mais fortes e de mais longa duração", disse Abicalil.
Para Abicalil, o dinheiro sacado por deputados e assessores na agência do banco Rural em Brasília seriam destinados ao saldo devedor da campanha anterior ou à prevenção da campanha posterior.
"Os números e as movimentações vêm confirmando essa tese, que é diferente da tese de compra da consciência para votar matérias de interesse do governo. É claro que isso ainda é uma hipótese, mas as investigações indicam para isso", afirmou.
O deputado Maurício Rands concorda. "Esses recursos foram transferidos para a satisfação de dívidas eleitorais. Essa tese é a mais provável. É uma tese forte porque as evidências mostram isso, mas só poderemos fazer um juízo de valor quando concluirmos as investigações", disse.
Segundo Abicalil, os empréstimos tomados pelo publicitário Marcos Valério de Souza e repassados ao PT envolvem menos dinheiro do que o esquema realizado pelo PSDB em Minas Gerais, em 1998.
"O movimento em 1998 envolveu R$ 32 milhões. Se corrigirmos esse valor e compararmos com R$ 49 milhões ou R$ 55 milhões atribuídos ao PT em 2005, vamos ver uma disparidade em desfavor do atual esquema. O outro seria mais caro pois era uma campanha estadual. Nossa decepção é que o PT tenha sido sugado para esse esquema e, a partir dele, haver a possibilidade de comprometimento menor de outros partidos", disse.
DepoimentosCarlos Abicalil cobrou "um pouco mais de responsabilidade" dos integrantes da CPMI durante a tomada de depoimentos.
"Não podemos expor reputações por declarações de A, B ou C. O que ocorreu com o ministro Márcio Thomaz Bastos, por exemplo, foi uma barbaridade, a ponto de ele ter que comprovar que as operações (de envio de dinheiro para o exterior) foram completamente legais", disse.
O nome de Bastos foi citado pelo doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, condenado a 25 anos por evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Abicalil considerou grave o fato de campanhas do PT terem sido financiadas por recursos não-contabilizados. "É grave para a política brasileira. Isso não nos exime de enfrentar o tema em relação ao PT e ao conjunto dos partidos. Estamos vendo um núcleo de empresas de publicidade do Marcos Valério e um núcleo de campanha eleitoral de 2002. Isso não pode esconder o conjunto de situações que estão por trás delas e seguramente operando do mesmo modo", disse.
Para o petista, parte da antiga direção do PT cometeu erros e está pagando caro por eles.
"Temos que levar em conta que o PT é o partido mais transparente do país desde sua origem. Não existe outro partido mais vasculhado que o PT. Tenho ciência de que esse é um processo histórico valoroso, embora com dor e decepção, mas que aponta para um processo de superação", afirmou.
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