Waldomiro era "peça importante", diz ex-secretário de Segurança
Soares afirmou também que Marcelo Sereno, ex-secretário de Comunicação do PT, completava a triangulação. E que, em comum acordo com o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, Sereno "era um dos principais arrecadadores de recursos para campanhas eleitorais, principalmente em nível nacional".
De acordo com Soares, Waldomiro Diniz, flagrado em vídeo recebendo propina do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira, chegou a ser o principal responsável, em comum acordo com a direção nacional do PT - ainda sob a presidência de José Dirceu - para que a candidatura de Benedita da Silva ao governo do estado do Rio de Janeiro "fosse atropelada em nome de interesses nacionais".
O ex-secretário contou que, em troca da "fritura" da candidatura de Benedita nas eleições de 2002, "como ocorreu", o então candidato a presidente Anthony Garotinho apoiaria o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições. No suposto acordo selado entre Waldomiro, a direção nacional do PT e Garotinho, ainda segundo Soares, não haveria auditoria nas contas do governo de Garotinho, que renunciou ao cargo para concorrer à Presidência da República.
O ex-secretário informou que, durante a campanha de Benedita da Silva ao governo do Rio, foi procurado pelo empresário de jogos Sérgio Canozzi, "que não conhecia". Durante a conversa, disse que recebeu dele informações "detalhadas e sofisticadas" de como o governo do estado do Rio poderia drenar recursos públicos para campanhas eleitorais, que poderiam chegar de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões, somente nos nove meses do governo de transição de Benedita, incluindo o uso da massa falida do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj).
Esquema
Soares salientou, entretanto, que "em nenhum momento" Sérgio Canozzi teria garantido a ele a existência de desvio de dinheiro público para campanhas eleitorais tanto nas administrações de Garotinho e Benedita, "mas apenas como montar os esquemas de desvio de recursos públicos".
Ele informou que não denunciou Canozzi ao Ministério Público ou à polícia "com medo de ser apenas um ardil para prejudicar as campanhas de Lula e de Benedita". Mas o senador Tião Viana (PT-AC) estranhou que o ex-secretário tivesse se encontrado com Canozzi, mesmo sabendo que o empresário de jogos respondia a nada menos do que 29 processos.
O ex-secretário acrescentou que protestou contra a permanência de Waldomiro Diniz na presidência da Loteria do Rio de Janeiro (Loterj), já no governo de Benedita da Silva, observando que ele era visto no Rio de Janeiro como um representante do PT nacional, ou seja, de José Dirceu. E que, por isso, pediu o desligamento dos quadros do PT. O senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS) aplaudiu o depoimento de Luiz Eduardo, o qual classificou de cívico, ao mesmo tempo em que manifestou medo de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser o principal articulador de um grande "acórdão" para pôr fim à onda de denúncias.
Durante o depoimento, o ex-secretário defendeu a legalização do jogo em todo o país, desde que seja com rigorosa fiscalização.
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