Em nome do filho
Em nome do filho
Por Luiz Leitão (*)
Em sua incansável e improdutiva briga com a realidade, o futuro ex-presidente da Câmara dos deputados, a terceira autoridade na hierarquia da República, jogou nas costas do filho a responsabilidade pelo cheque recebido do dono do restaurante Fiorella, Sebastião Buani, exatos R$7.500,00. Severino não teve a hombridade de dizer: fui eu; preferiu debitar o recebimento do butim à conta do herdeiro. Ora, seria menos torpe, embora não menos covarde, renunciar ao mandato, fugindo à cassação, prática comum de que se servem tantos criminosos de terno e gravata que desonraram o voto recebido.
Que se riem da platéia que julgam estúpida a ponto de conferir-lhes novo mandato nas próximas eleições. Não aos mais notórios velhacos, como Severino, Dirceu e outros, que recorreram ao Supremo e obtiveram a divina graça de uma liminar contra suas cassações, conferida pelo presidente daquela corte, que está juiz, mas é político, da mais autêntica sangüinidade. Quiçá um ou outro mais desconhecido e abonado, talvez um pastor qualquer a transitar com malas recheadas de milhões.
O raciocínio de Severino Cavalcanti (PP-PE) é tão primário que ele não percebe que de nada adianta jogar a culpa no filho – aliás, uma coisa muito feia – de um cheque que ele e sua secretária, Gabriela Kenia, juraram não existir. Esta vai provavelmente ser processada por perjúrio, o que é um bom exemplo para tantos quantos ainda pretendam disfarçar a verdade em seus testemunhos.
Isto quando não são autorizados a mentir pelo Supremo, que mui solenemente cumpre sua missão de fazer valer a Constituição, que diz que nenhum réu é obrigado a produzir provas contra si; ou seja, a dizer a verdade.
Os petistas da ala dos maus sujeitos, que se agarravam a Severino, dele se afastam ligeiro à vista de sua óbvia, inevitável derrocada. Assim são estes parlamentares: como a água, sempre procuram o caminho mais fácil.
Livraram-se, por ora, da guilhotina, João Paulo Cunha (PT-SP), Josias Gomes (BA), Luiz Carlos Silva, vulgo professor Luizinho (SP), Paulo Rocha (PA), José Mentor (SP) e João Magno (MG). Logo ao saber da decisão, José Dirceu e João Paulo comemoraram, certamente às gargalhadas, e Dirceu, que não havia sido beneficiado, correu a apelar ao STF. Com tanta solicitude da Suprema Corte, não é de duvidar que Dirceu saia vitorioso.
Menos sorte tiveram outros sete deputados: José Borba (PMDB-PR), José Janene (PP-PR), Pedro Corrêa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), Roberto Brant (PFL-MG), Vadão Gomes (PP-SP) e Wanderval Santos (PL-SP), pois não impetraram pedido de liminar no STF. Não esperavam tal boa vontade daquela corte. Foram ingênuos, talvez mal assessorados.
É isto, caro leitor, quando a pizza – perdão pelo termo desgastado – não é patrocinada pelo próprio congresso, é assada nos fornos do Supremo. Dificilmente alguém verá o STF agir com tal presteza no caso de um cidadão comum, aquele que chamamos de “gente como a gente”.
Severino Cavalcanti, que tinha lá seu acerto mui particular, sua mesada exclusiva, talvez tenha achado sobremaneira arriscado apostar todas as suas fichas numa eventual decisão judicial.
Preferiu fazer apenas o que sua primariedade intelectual permitiu, à vista da prova material exultantemente exibida pela vítima de seu continuado achaque.
Uns agem nobremente em nome do Pai, ou do pai. Severino fê-lo em nome do filho.
(*) Luiz Leitão
Administrador e articulista (Brasil)
luizleitao@ebb.com.br luizleitao@allsites.com.br
Blogue: http://www.blog.comunidades.net/luizleitao/







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