Morre Celebridade, o mascote do blog
Celebridade, o mascote do blog, da Rádio Independente e do site Pantanal News, morreu na tarde de ontem(22), vítima de doença renal que causou um ataque cardíaco (Foto: Arquivo do blog/A. A. Anache/11.7.04)
Hoje a casa, a redação, o estúdio, a
recepção, a rua e os corredores amanheceram em silêncio.
O nosso mascote, chamado "Celebridade", um labrador criado há dois anos por mim e pela minha mulher, morreu ontem às 16h25 (horário do Pantanal Sul), vítima de uma grave doença renal, que causou altos índices de uréia e creatinina no seu organismo.
Celebridade, o nosso "Celê", chegou aqui em 7 de novembro de 2003.
Por uma incrível coincidência, muito parecido - ou quase um clone - do nosso mascote anterior, Clinton, que morreu na quarta-feira de Cinzas de 2003, no Rio de Janeiro, depois de sofrer o mesmo tipo de doença renal. Clinton, resultado de cruza de dogue alemão com boxer, foi submetido a hemodiálise, em clínica especializada, mas não resistiu à doença.
Por uma incrível coincidência, a mesma moléstia leva, agora, o nosso Celebridade. Ele recebeu esse nome porque, quando chegou por aqui, estava no ar a novela da Rede Globo de Televisão, com o mesmo nome. Como toda a equipe que trabalha conosco fez questão de vê-lo bem de perto, com brincadeiras e carícias recíprocas; e nas ruas ele era cumprimentado pelos vizinhos, quando passeava comigo e com a minha mulher, eu disse: --Ele é uma verdadeira Celebridade.
Tinha os mesmos jeitos de Clinton. Ficava deitado, bem aqui ao meu lado, na redação, enquanto eu trabalhava. Nos meus programas na Rádio Independente, muitas vezes entrava no estúdio "A" e lá permanecia. Era manso e muito educado. Jamais atacou alguém. Seu maior hábito era dar a mão. Dava tudo por um passeio nas ruas, comigo e com a minha mulher. Nos últimos tempos, era levado às ruas pelo grande amigo e colaborador Sérgio Paulo, o "Oficial Zuza". Com toda essa grave crise assolando o Brasil e com a necessidade de permanecer trabalhando mais de 14 horas por dia, inclusive durante as madrugadas, Zuza era o meu substituto nas caminhadas pelas ruas próximas. A "madrinha" Fátima, ao lado da minha mulher, preparava a comida.
Eu já estava acostumado, durante as manhãs, tardes e noites, com a entrada do querido Celebridade aqui na redação do blog e do site Pantanal News. Caminhando, passava por trás de mim e colocava-se à minha esquerda, entre a parede e a minha cadeira. Em seguida, deitava e virava o peito e as quatro pernas para o ar. Só voltava à posição normal, deitado no chão, depois que recebia os meus afagos. A ele não interessava se eu estava escrevendo em tempo real, com os ouvidos ligados na Rádio Independente, acompanhando um depoimento numa das CPIs instauradas em Brasília; ou uma sessão do Senado.
Para quem não sabe, moro com a minha mulher aqui ao lado da Rádio Independente. Como muitos profissionais fazem há muito tempo nos Estados Unidos, por exemplo, posso dizer também que "vivo no meu local de trabalho".
Muitas vezes, depois das 23 horas ou até mesmo no início das madrugadas, ele vinha caminhando, ao lado da minha querida mulher. Entrava na redação, onde eu estava trabalhando e, enquanto eu não o acompanhasse na volta até a casa, não parava de roçar o seu nariz frio no meu braço esquerdo. Eu tinha que parar de digitar no computador, levantar e segui-lo, ao lado da minha mulher, até o nosso quarto. Era o pai levando os dois filhos para dormir. Eu esperava um pouco. Ele pegava no sono e eu retornava à redação para continuar trabalhando.
Com a campanha contra as drogas que fiz na fronteira do Brasil com a Bolívia e com o trabalho intenso e, ainda, com as ameaças de morte, perseguições e tudo mais, decidi com a minha mulher que ainda não era a hora de ter filhos. Por isso, Clinton e Celebridade foram grandes companheiros fiéis. Amigos leais 24 horas por dia. Eram tratados como verdadeiros filhos. Seres especiais.
Há pouco, comentava com a minha mulher que, recentemente, no Rio, uma colega jornalista do "Globo", especializada em informática escreveu sobre um gatinho que vivia no seu condomínio e que havia sumido sem deixar pistas. A repercussão foi grande. Não foi tachada de piegas. Ao contrário, os leitores gostaram muito. Então, por que não escrever sobre Celebridade?
Eu lembrava, depois de muitos dias sem dormir direito devido às madrugadas em claro, atendendo as crises causadas pela terrível doença renal de Celebridade, que hoje a casa amanheceu mais espaçosa, mais quieta. Faltava o nosso Celebridade, enterrado no início da noite de ontem (22).
E eu dizia a ela, que está muito sentida e recebe minha especial atenção - e por isso não fiz muitas postagens nas últimas 24 horas e peço desculpas e compreensão aos (às) leitores (as) - que, nesse Brasil do "mensalão", o nosso Celebridade jamais pediu nada em troca. Irradiava alegria de viver. Dava a mão e também generosas e gostosas lambidas de agradecimento pela nossa presença ao seu lado. Tudo de graça, sem cobrar para acarinhar, proteger, acompanhar, brincar. Recebia apenas muito carinho, afeto, comida, água e um teto para se abrigar do sol, da chuva, do calor e do frio. A minha mulher é mestra nessas atividades. E como!
Acompanhando todos os dias os escândalos que chocam o País, costumo dizer aqui na redação que "quanto mais conheço certos seres humanos, mais e mais prefiro os cachorros; pois aos cachorros podemos dar de comer e, no futuro, eles jamais irão nos morder."
Sempre disse que foi Deus quem nos enviou Celebridade, feito à imagem e semelhança do saudoso Clinton "baby boy". As "coincidências" eram inexplicáveis. Foram iguais até mesmo na doença e na morte.
E o jornalista, acostumado a escrever sobre todos os temas e questões da atualidade, sofre por ter que noticiar a morte de um ser tão iluminado e querido. Afinal de contas, o jornalista também é um ser humano. Embora pareça que não, também sente emoções.
O sentimento de impotência frente à uma doença incurável talvez seja o pior de todos. A dor, certamente, será curada com o tempo.
Trabalhar normalmente é um dos melhores remédios. Estou voltando. Não posso parar. A vida continua. Como disse no Rio de Janeiro, naquela quarta-feira de Cinzas de 2003, o médico que atendeu Clinton nas suas últimas horas de vida: --O que vale lembrar, neste momento de perda, é tudo de bom que aconteceu nas suas vidas [minha e da minha mulher] ao lado dele.
Ele tinha razão. Na foto que publico aqui no blog, vejo o peito branco de Celebridade virado para cima, à espera do meu afago. Ontem, minutos antes da sua morte, pude afagá-lo e acaricia-lo várias vezes. Ele apenas olhava com carinho. Estava muito enfraquecido pela doença. Havia perdido muitos quilos e estava magro.
Pena que ele não esteja aqui ao meu lado. Mas vou afagá-lo em pensamento. É o que me resta.
Obrigado por todas as alegrias, querido Celebridade, o nosso "Celê bebê".
Você nos deu tudo de bom, sem jamais pedir algo em troca. Descanse em paz.
1 Comments:
Caro Armandinho, minhas sinceras condolências pelo desencarne de seu amigo. Sei o que é a dor de perder um amigo fiel e atencioso. Tinha uma cadelinha Pincher, chamada Filó, que era minha sombra enquanto eu estava em casa. Dormia entre eu e a minha esposa, debaixo da coberta. Morreu subitamente, aos 3 anos de idade, no ano passado. Até hoje sinto sua falta. O melhor remédio nesses casos é arrumar outro amigo. Foi o que fiz. Tenho um casal Basset, Joe e Liv, ele preto e marron, ela marron. São meus companheiros inseparáveis. Estão aqui ao meu lado, dormindo na minha cama, enquanto eu navego pela rede. Na hora de dormir, é só dar o comando e eles vão para a casinha no quintal. No dia seguinte, minha esposa abre a porta do quintal e els pulam na minha cama e me acordam. Sugiro a você que faça o mesmo. Isso não fará você esquecer o Celê, mas preencherá o vazio da saudade e possibilitará a outro amigo privar de sua amizade. Abraços!
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