Odair Cunha desmonta tese de "mensalão"
Um estudo encomendado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG) desmonta a tese de que parlamentares da base aliada teriam recebido pagamentos para votar de acordo com os interesses do governo federal.
Um cruzamento entre dados da Coordenação do Sistema Eletrônico de Votação da Câmara e a relação de sacadores das contas bancárias das empresas do publicitário Marcos Valério de Souza mostra que "não há relação" entre as votações e os saques.
"A comparação dos dados apresentados por Marcos Valério com a amostra das 238 votações nominais eletrônicas em que é possível identificar o apoio à orientação do governo indica que não há relação entre os eventuais repasses com os resultados em plenário. Mais do que isso, a tendência linear dos votos das bancadas indica queda no apoio ao governo justamente em períodos em que há repasses mais elevados".
Segundo a Coordenação do Sistema Eletrônico de Votação, houve 150 votações nominais eletrônicas em 2003 e 118 em 2004. Um total de 268 votações no período em que teria existido o suposto "mensalão", de acordo com denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). O estudo de Odair Cunha levou em conta 260 votações em que houve a participação de todos os partidos na Câmara.
A análise dos dados indica que há um comportamento relativamente uniforme das bancadas na Câmara. PT, PSB e PCdoB são consideradas bancadas mais governistas, tendendo a apoiar as propostas do governo.
Partidos como PDT e PPS votam de acordo com propostas "ditas à esquerda", mas podem seguir orientações partidárias de oposição. PL, PTB, PMDB e PP formariam um bloco de centro, que tenderia a votar em acordo com o governo segundo determinadas conveniências.
Já o PSDB e PFL são partidos de oposição, o que não os impede de, em certas ocasiões, votar de acordo com a orientação do governo. "É necessário destacar que, das 238 votações nominais eletrônicas em que houve orientação do governo, em 231 (97%) parlamentares do PSDB votaram com o governo e em 229 (96%) parlamentares do PFL votaram com o governo", ressalta a análise.
O estudo encomendado por Odair Cunha traça o comportamento das bancadas durante as votações. "Os dados indicam que as votações são dispersas e não relacionadas aos repasses. Nota que, após dois repasses elevados em 2004, caiu o apoio ao governo nas votações. A tendência de apoio ao governo é praticamente estável ao longo do período, com ligeira tendência positiva", resume o estudo.
A análise ressalta ainda que os depoimentos prestados até o momento por Marcos Valério de Souza e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares apontam para a ocorrência de recursos não-contabilizados.
"Não há, diferentemente do que afirmou Jefferson, o lançamento de R$ 4 milhões em favor do PTB na `contabilidade` de Marcos Valério", conclui o documento.
Agência Informes (www.informes.org.br)
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