Os bons momentos ficam para sempre
O mascote Clinton "baby boy" entra e vem dar uma lambida amiga, registrada na foto anterior a esta e que não está publicada aqui no blog.
Era sempre assim. Ele vinha ao escritório e, enquanto eu não parasse por alguns minutos, abrindo espaço para que ele subisse na minha mesa - como visto na foto acima - para brincar um pouquinho, não parava. Depois, ajeitava-se calmamente e deitava aos meus pés. Literalmente, por cima dos meus pés. Ele adorava o contato físico comigo e com a minha mulher que, nesses momentos, vinha correndo com a máquina fotográfica digital - a mesma com a qual introduzimos as fotos no site Pantanal News, com absoluto pioneirismo, em 1998 - para registrar os belos e felizes momentos.
Clinton, filho de pai dogue alemão e mãe boxer, foi um grande companheiro. Desde Corumbá, na fronteira com a Bolívia, quando entrou no estúdio onde eu apresentava programa, levado pequenininho e nas mãos da minha mulher; e passando por Aquidauana, Campo Grande e Rio de Janeiro.
Ele conheceu a Cidade Maravilhosa. Com direito a mergulho no mar e tudo o mais. Ficou desesperado quando me viu entrando na água. Na areia, ao lado da minha mulher, deu uma puxada brusca e correu ao meu encontro. Tenho a certeza de que, no seu pensamento, aquela cena que via representava perigo para mim. Com coleira e guia, correu e entrou na água, me lambendo e fazendo com que eu saísse de volta para a areia, em segurança.
Infelizmente, teve a mesma doença renal que mais recentemente vitimou o nosso Celebridade, muito parecido com ele.
Ao lado da minha mulher, tentei de tudo. Até mesmo sessões de hemodiálise, numa clínica especializada em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Não houve jeito. Ele já estava com os rins e o fígado comprometidos. Mas tentamos tudo, ao lado da equipe médica e estagiários.
Morreu na madrugada da quarta-feira de cinzas do carnaval de 2003.
"Triste madrugada foi aquela, em que eu perdi meu violão. Não fiz serenata prá ela ..." Assim cantava o intérprete nos carnavais. Ou ainda: "Morreu Maria, quando a folia, na quarta-feira, se despedia..." Naquela quarta-feira de março de 2003, o nosso querido Clinton morria.
Na outra clínica - que mantinha plantão de 24 horas, mesmo durante o carnaval - para onde foi levado, o médico que o atendeu excepcionalmente bem, nas suas últimas 48 horas de vida, disse para mim e para a minha mulher: "Não chorem nem fiquem tristes. Lembrem-se sempre dos bons momentos vividos por vocês, na companhia dele."
Foi assim há pouco, neste domingo, quando coloquei no computador os antigos CD's com arquivos de fotos do site Pantanal News. Cheguei - depois de ver dezenas de fotos jornalísticas, inclusive a primeira cobertura que fiz na internet da Pantaneta de Aquidauana de 2001 - a vários flagrantes do Clinton ao meu lado e da minha mulher. Estão no CD todas as fotos que fiz dele na clínica especializada em doentes renais no Rio. Nelas, ele está ligado à máquina de hemodiálise. Sem reclamar, agüentava e suportava as sessões de exames e de hemodiálise. Parece que tentava falar: "Calma, meus filhos; sou forte e estou bem e vou sair dessa e, juntos, vamos voltar ao Pantanal Sul."
Para quem não sabe, os psicólogos especializados em cães afirmam que, para eles, nós humanos representamos os filhos. Nós somos protegidos por eles, e não o contrário.
Observando os nossos rostos nas fotos, percebo hoje as expressões de esperança e de fé na sua recuperação. Ela não veio como seria desejado. Houve apenas uma melhora no período de 14 de dezembro de 2002 - quando ele fez a primeira sessão de hemodiálise - até o fim de fevereiro de 2003. Depois disso, Clinton morreu.
Com ele, creio que um pouquinho da gente morreu também. Usando um velho chavão: "A única certeza que temos é a de que um dia morreremos."
Vale, portanto, o que disse o médico veterinário naquela quarta-feira de cinzas do carnaval de 2003, quando preparava o traslado de Clinton, da clínica em Ipanema para o local onde seria enterrado: "Os bons momentos ficam para sempre."
Ele tinha razão. A vida nos ensina isso.
Em dois anos e meio, perdemos Clinton "baby boy" e Celebridade.
Ficam as lembranças e a sensação de que os cômodos da casa, o escritório, a redação, o estúdio, estão maiores e mais vazios. Clinton e Celebridade não circulam mais por aqui. É uma pena.
Mas valeram os bons momentos. E como valeram!
O melhor remédio ainda é voltar ao trabalho, depois desta pequena pausa para escrever aqui no blog. Espero não ter incomodado o (a) leitor (a).
Tenho que colocar outros CD's no computador para preparar planos de vendas para a Rádio Independente, neste primeiro domingo de vigência do horário brasileiro de verão aqui no Pantanal Sul.
Afinal, neste maravilhoso Pantanal Sul do Brasil, o jornalista e radialista tem que "jogar nas 11 posições do time de futebol, atuar como técnico, apitar, correr nas laterais como bandeirinha e narrar o jogo ao vivo."
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