Gerente explica na CPI dos Correios escolha de empresa italiana em licitação
Brasília - Em depoimento hoje à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, o gerente do Projeto Híbrido da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Paulo Roberto Lobo da Rocha disse que o Brasil não possui a tecnologia necessária para o serviço de impressão e acabamento. Por isso, acrescentou, não houve concorrência em licitação na empresa.
Rocha foi indagado sobre possíveis irregularidades nessa licitação, vencida pela empresa italiana Postel. O contrato no valor de R$ 4 bilhões foi fechado em 2004, com duração de cinco anos. Auditoria realizada, em 2005, pela Controladoria-Geral da União (CGU), questionou a ausência de concorrência, já que a Postel foi a única licitante.
A ECT optou por fazer uma única licitação para todos os serviços. Para o sub-relator dos Contratos da CPMI, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), isto impediu a participação de muitas empresas. Ele perguntou: "Não seria melhor licitar isoladamente?". Segundo o gerente, foi contratada a solução integrada. "Se fossem isoladas, teríamos que contratar uma empresa para fazer a integração, o que aumentaria o custo", afirmou. Para fazer essa integração e troca de informações entre os estados, seria preciso criar um software específico, acrescentou. O gerente argumentou que, como as empresas brasileiras não têm essa tecnologia, a italiana não teve concorrentes na licitação. O sub-relator também questionou o fato de a ECT ter comprado a tecnologia italiana, ao invés de desenvolvê-la no Brasil. "É algo muito complexo. Se fosse simples, o mercado brasileiro já teria desenvolvido. E não conseguiu desenvolver. Também demanda tempo e o mercado exige rapidez da empresa", justificou Roberto Lobo da Rocha.
Eduardo Cardozo afirmou ainda que, enquanto a empresa italiana cobrou R$ 100 milhões pelo software, a brasileira Print Software teria cobrado R$ 10 milhões. "Isso nós só fomos saber depois das denúncias, pela imprensa", afirmou o gerente dos Correios. Ele lembrou que, de acordo com a imprensa, havia um consórcio formado por três empresas brasileiras para participar da licitação, mas uma delas desistiu. "Não sei por que não entraram com pedido administrativo para prorrogar a licitação", acrescentou.
Por último, o sub-relator perguntou se o investimento de R$ 4 bilhões dos Correios iria trazer redução de custo para o usuário final e de quanto seria. O gerente afirmou que não teria como responder agora, já que "é um serviço novo". E completou: "Com certeza vai haver redução. Não saberia dizer de quanto".
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