Artigo de Luiz Leitão: Façamos um trato
Façamos um trato
Por Luiz Leitão (*)
Deve ter sido esta a frase dita entre Geraldo Alckmin e Lula da Silva, os dois principais – mas não os melhores, não há melhores! - quando as denúncias contra seus respectivos rebentos começaram a passar dos limites aceitáveis, que talvez possamos reputas como aqueles ainda com a aparência de meros rumores.
Mas quando Geraldinho (que se chama Tomás) e Lulinha (que atende por Luiz Cláudio) passam a ocupar o noticiário com uma, digamos, desagradável freqüência, os dois presidenciáveis chegam à óbvia conclusão de que é preciso fazer um trato, uma trégua.
Lulinha, como é dito e sabido, recebeu 10 milhões da Telemar para sua genial empresa de informática e Geraldinho, bem mais modesto (governo federal x estadual é assim mesmo, questão de proporções), é apenas sócio da filha do acupunturista do ex-governador. Os valores envolvidos, comparados ao negocião de Lulinha, são pífios, mas não dá para dizer que não houve, digamos, uma certa preferência, já que não houve licitação.
Agora, o que não está certo é este pacto de não-agressão mútua aí no teatro de guerra política. Se há algo a ser apurado no caso de Lulinha ou de Geraldinho, não se pode, por conveniência das partes deixar por sito mesmo. O Ministério Público tem a obrigação de averiguar. Mas que coisa, toda vez em que há uma denúncia, os acusados ficam em polvorosa. Acaso não basta deixar as investigações correrem e, em sendo inocentes, deixar a verdade vir à tona e as denúncias darem em nada?
Cansa isto, cansa a advocacia do neoministro das Relações Institucionais, Tarso Genro a respeito deste assunto, que não é de hoje, ao menos no caso do novo milionário Lulinha.
Não se trata de vida privada, como defende Tarso, com sua lógica peculiaríssima, não quando estão envolvidos nos episódios filhos de políticos e empresas subordinadas a estes mesmo homens “públicos”. Públicos, quando interessa, claro.
O que é um político, se não um servidor público, uma figura pública? Tem, sim, que dar satisfações a seus patrões, o povo, o povão que os elegeu.
Mas a verdade é que tudo isto a que assistimos estarrecidos, Lulinha, Geraldinho, Dirceu, absolvições no plenário, e outros acintes à população só vêm referendar a quase-certeza de que tudo isto dará em nada, haja vista a previsão do Supremo Tribunal Federal de só considerar a aceitação das denúncias em 2007, provavelmente em 31 de dezembro.
Os três poderes se uniram contra a verdade, contra a cidadania e contra o Estado de Direito.
(*) Luiz Leitão
Articulista político, Brasil
luizleitao@allsites.com.br
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