Artigo: A incompreensível incompetência do Estado
A incompreensível incompetência do Estado
Por Luiz Leitão (*)
São Paulo, o Estado mais rico da federação é refém dos criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital), liderado por Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, de dentro do presídio. Provavelmente o leitor não sabe o que passam os policiais civis e militares deste Brasil. Se em Sampa é assim, o que dirá em Estados com menos recursos?
Tivemos nada menos que 52 mortos em ações contra policiais civis, militares e da GCM-Guarda Civil Metropolitana. Em apenas dois dias, o que dá uma média à altura de Bagdá, 25 mortos por dia, e mais uma centena de feridos. O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM, Wilson Moraes, classificou os ataques contra os policiais civis e militares de "chacina". "A Secretaria de Segurança Pública sabia das conseqüências após a transferência dos líderes do PCC. Por que não reforçou o policiamento nas delegacias e nas bases?", questiona. A secretaria alega que houve reforço.
O delegado André Di Rissio, presidente da associação dos delegados, endossa as declarações de Moraes. "Temos um amador na Segurança e outro incompetente na Administração Penitenciária”.Tem razão o delegado, sempre critiquei a atuação de Saulode Castro Abreu à frente da SSP-SP Secretaria da Segurança Pública.
Ainda têm a desfaçatez de dizer que agiram preventivamente, do contrário, o número de vítimas teria sido maior! Preventivamente coisa nenhuma. Nenhuma destas autoridades se empenhou em coibir o uso de celulares contrabandeados para dentro dos presídios paulistas.
É óbvio que, sendo as companhias de celulares detentoras de concessões públicas, caberia a elas a implantação de sistemas de bloqueio do sinal de celulares nas penitenciárias do país todo, nenhuma delas federal, por incrível que pareça! A única federal a ser inaugurada brevemente tem capacidade para 200 presos, que cabem numa cela daquele presídio em Pernambuco onde ficou preso injustamente por 19 anos Marcos Mariano.
Conversando com policiais civis paulistas fiquei sabendo que, na sala de um escrivão, numa das delegacias situadas no bairro mais nobre da capital, a única peça de mobiliário pertencente ao estado era um armário. No mais, impressora, copiadora, micros e monitores, tudo tinham sido doados por gente do bairro. As viaturas são compradas e anunciadas com alarde, mas a manutenção é feita de favor.
Onde estamos? O escrivão de polícia me disse que não há sequer papel e “toner” de impressora suficientes para um inquérito de, digamos, 500 páginas; geralmente pede-se à vítima que tire as cópias fora.
Não me cabe adular a polícia, e sim transmitir a verdade ao leitor. Relatam os policiais civis que muitas vezes passam horas além da sua carga semanal de trabalho fazendo relatórios e investigações. Por um salário miserável, por condições de trabalho inaceitáveis, como um PM trabalhar sozinho numa viatura, tornando-se uma presa fácil para criminosos.
Agora vejamos uma coisa assaz interessante: Duas viaturas de grupos de elite, sempre muito bem armadas e preparadas, a ROTA, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, da PM, e o GOE, Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil, atacadas neste trágico fim de semana, saíram ilesas; rechaçaram os ataques e mataram, cada uma, dois atacantes.
Os governos do Brasil, progressivamente, transferiram à iniciativa privada várias obrigações do Estado, como a manutenção das rodovias, agora se cogita cobrar pedágio até nas cidades, paga-se para estacionar na via pública, paga-se à Companhia de Engenharia de Tráfego CET por eventos particulares, paga-se pela saúde e educação, onde os governos, tanto estadual como federal são omissos.
Se Paga pela Justiça, que deveria ser gratuita, e leva-se um serviço de quinta, com ações que chegam a levar mais de trinta anos para serem finalmente julgadas quando os autores, em sua maioria, já terão morrido.
É triste quando não se pode esperar absolutamente nada dos governos, nem dos demais poderes, o Judiciário, altivo, distante; o legislativo, abaixo de qualquer crítica e o Executivo, que inclui governos federal, estaduais e municipais.
É bom, glorioso mesmo ser uma alta autoridade, um ministro, um secretário de Estado, mas o verdadeiro merecimento deve ser creditado ao pessoal da linha de frente, que executa, muitas vezes tirando dinheiro do próprio bolso.
Aí, vem um tucano, cujo governo permitiu, por incúria, a morte de dezenas de policiais, inclusive de um bombeiro, pleitear o comando da nação. Nem Geraldo, nem Lula da Silva estão à altura de governar o Brasil. Que o digam as famílias dos policiais mortos pelo PCC.
(*) Luiz Leitão
São Paulo, Brasil
luizleitao@allsites.com.br
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