Artigo de Luiz Leitão: O vespeiro petista
O vespeiro petista
Por Luiz Leitão (*)
O imbroglio policialesco-eleitoral em que membros do PT se meteram é tão grande que fica difícil saber por onde começar o artigo. É verdade que para os cidadãos de um país onde delinqüentes de todos os matizes e vieses ideológicos nem sequer se pejam de praticar escuta clandestina do Judiciário, chegando sua audácia à bisbilhotice de ministros do Supremo, já que um dos grampeados, Marco Aurélio Mello, ora presidente do TSE, é também membro daquela outra corte, nada mais há de causar espanto.
A trama, por sua extensão, não pode estar restrita apenas a atores menores do deplorável espetáculo que toma conta do cenário político já faz mais de ano. No caso, as suspeitas podem atingir, ao menos, também o PMDB, já que o ex-governador Orestes Quércia, que disputa sem grandes chances um novo mandato, após um longo jejum eleitoral, é aliado do PT e veiculou imagens do tal dossiê em seu programa de campanha na TV.
Se os novos fregueses do empresário-sanguessuga Luis Antonio Vedoin, que lhes vendeu o tal dossiê contra o candidato líder nas pesquisas de intenção de voto para o governo de São Paulo, José Serra, soubessem que, além de comprar gato por lebre – aliás, compraram vento, como dizia o falecido ministro Sérgio Motta, mas acabaram levando, por R$1,7 milhão, um furacão-, iriam parar atrás das grades, hóspedes da Polícia Federal, teriam pensado duas vezes antes de se lançarem à temerária empreitada. Um deles, Gedimar Passos, trabalha no Diretório Nacional do PT.
A cada dia um novo nome é acrescentado ao rol dos protagonistas, por assim dizer, da presente confusão. Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT, acaba de se juntar ao elenco, segundo a revista Época, que publicou um comunicado informando ter sido procurada por Oswaldo Bargas e Jorge Lorenzetti, integrantes da campanha de Lula da Silva, que disseram que Bezoini sabia que estavam procurando a revista, porém, o PT não estaria envolvido. Seriam os dois intermediários de alguém que teria material para sustentar denúncias fortes o suficiente para desmoralizar o candidato do PSDB ao governo do Estado de São Paulo, José Serra, e o ex-ministro da Saúde Barjas Negri, prefeito de Piracicaba (SP).
A Época não publicou, como anteriormente fez, no episódio de violação do sigilo bancário do caseiro Nildo, que denunciou o ex-ministro Antonio Palocci Filho - já indiciado pela Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP). Mas outra revista acabou dando publicidade à palavra dos sanguessugas e companhia.
Faltou cuidado dos editores, que não se empenharam o suficiente em verificar a autenticidade e a procedência das denúncias divulgadas. Ainda mais tratando-se os acusadores de gente com certa tradição em negócios escusos.
Sendo um dos investigados um ex-auxiliar direto de Lula, Freud Godoy, e outros, membros do partido do presidente, um deles amigo de Lula, e já estando o Tribunal Superior Eleitoral começando a investigar o presidente Lula e seu ministro, Márcio Thomaz Bastos, avizinham-se momentos conturbados, a menos de duas semanas das eleições.
Questiona-se de onde teria vindo o dinheiro, dólares e reais; aliás, dólares novinhos em folha, rastreáveis, dizem.
Ingredientes variadíssimos não faltam à trama: um auxiliar próximo de Lula, casado com a dona de uma empresa de segurança que trabalha para o PT; outro homem do presidente, coordenador de sua campanha, tido como um dos intermediadores da negociata; Marcelo Barbieri, ex-subsecretário da Casa Civil (que foi chefiada por José Dirceu), hoje coordenador da campanha de Quércia e investigado pela PF; e uma revista semanal.
É claro que tudo, autoria do dossiê, acusações, tentativas de ligar o caso a Lula, etc, não passa, como sempre, de um grande complô das “elites”...
(*) Luiz Leitão
luizleitao@ebb.com.br
São Paulo, Brasil
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