Félix Nunes, o redator do sindicalista Lula
O jornalista Antônio Carlos Félix Nunes, 82 anos -na foto acima, de pé e com o exemplar do jornal "O Aroeira" nas mãos-, é um profissional, acima de tudo, dotado de uma imensurável humildade. Quem olha para esse senhor, hoje vivendo a terceira idade, não pode imaginar quantas histórias de lutas, sofrimentos, conquistas, riscos de morte, perseguições, humilhações, sucessos, aplausos e vaias estão contidas dentro da frágil figura que, como o nome do seu jornal, "O Aroeira", "enverga mas não quebra".
Félix Nunes era o jornalista e editor do jornal "Tribuna Metalúrgica", do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, nos anos 1970. Veja e leia, abaixo, notícia com o título "Pequena história da Tribuna", que retiro do 'site' oficial do Sindicato:
Um jornal para “conversar com os trabalhadores”. Foi com essa idéia que nasceu, em julho de 1971, a Tribuna Metalúrgica, conta seu primeiro redator, o jornalista Antônio Carlos Félix Nunes. “A diretoria precisava de um jornal capaz de reverter a situação de marasmo”, lembra Félix, que hoje mora em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul. Ele fará 70 anos em agosto, e fez a Tribuna durante 11 anos, entre 1971 e 1982.
O ex-presidente do Sindicato Paulo Vidal recorda que dois nomes também foram cogitados para o jornal: Tribuna dos Trabalhadores e Tribuna dos Metalúrgicos.
No início, houve resistência dos trabalhadores, que muitas vezes sequer queriam ler o jornal, lembra o jornalista. “Isso também acontecia com os boletins que divulgávamos”, acrescenta Vidal. (Vale lembrar que eram tempos difíceis, um dos períodos mais repressores da ditadura militar, que em dezembro de 1968 havia editado o Ato Institucional número 5, o famigerado AI-5.)
Foi quando todos começaram a pensar em soluções para facilitar esse contato. Dessas conversas surgiu aquele que seria um dos símbolos da categoria: João Ferrador, metalúrgico que escrevia bilhetes dirigidos, geralmente, a autoridades do governo. “Era uma linguagem mais ou menos da fábrica, com ironia. Aí pegou”, diz Félix. "Recebíamos cartas para o João Ferrador”, completa Vidal.
Outro personagem que ficaria famoso, o Sombra, seria criado anos depois pelo jornalista Júlio de Grammont, o Julinho, falecido em 1998, que tornou a Tribuna diária em 1986. O Sombra contava o que acontecia nas fábricas, denunciando chefias autoritárias.
Nesse começo, calcula Félix, a tiragem ficava entre 25 mil e 30 mil exemplares. A tiragem atual é de 60 mil. Nos primeiros anos, o jornal circulava uma vez por mês, com oito páginas. Em alguns períodos, foi semanal, e em outros não teve periodicidade definida. Durante algumas greves, circulou quase de forma clandestina, e foi fundamental para a manutenção dos movimentos. Aliás, em vários momentos, era comum o jornal ser levado para dentro da fábrica às escondidas.
Aos poucos, vencendo barreiras
Em época de regime militar, todo cuidado era pouco. Nem sempre os recados e as críticas podiam ser feitos explicitamente. Isso foi mudando a partir da segunda metade dos anos 70, diz o ex-redator da Tribuna. “À medida que a ditadura foi enfraquecendo, a gente foi aumentando a pauleira.” Vidal observa que a diretoria tomava precauções. “Tínhamos plena consciência de nossos limites. A gente escrevia aquilo que era possível escrever e ser divulgado. De certa forma, o trabalho complementar era feito na fábrica e em outras atividades.”
Félix Nunes acredita que a Tribuna foi fundamental para aproximar o Sindicato da base, contribuindo para ampliar a mobilização dos trabalhadores, decisiva para ajudar na mudança dos rumos da nossa história política. Segundo Félix, o jornal teve papel decisivo “na eclosão dos movimentos, como a primeira greve que sacudiu o país”.
Em 1988, o jornal chegou a ganhar um prêmio Vladimir Herzog, de direitos humanos, e em 1995 receberia também uma premiação da editora Oboré e da Secretaria do Trabalho. Mais de 40 pessoas já passaram pela Tribuna, escrevendo, desenhando, dando todo o tipo de colaboração. Mas vale a homenagem a um companheiro que já não está mais por aqui, mas deixou a sua marca nas páginas do jornal e no dia-a-dia dos trabalhadores: o nosso Julinho.
Félix Nunes concedeu, também, uma entrevista à FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação do Mato Grosso do Sul), publicada em 24 de agosto de 2012 no "site" da entidade sindical. Veja e leia abaixo:
Com o jornalista Félix Nunes - Ex-assessor do Lula e um dos fundadores da comunicação sindical24/08/12 18:37h
Confira a entrevista que o jornalista Félix Nunes concedeu para a equipe da Revista Atuação da FETEMS:
Com apenas o curso primário, Félix Nunes enfrentou as dificuldades da vida e tornou-se um dos maiores jornalistas sindicais do país. Com coragem escreveu contra à ditadura, caminhou no movimento sindical do ABC ao lado do amigo Lula, idealizou João Ferrador, personagem que tornou-se ícone dos operários brasileiros.
Antônio Carlos Félix Nunes nasceu em 1931 em Itirapina, no interior do estado de São Paulo. Filho de gente simples, estudou apenas o primário. Na infância desenvolveu uma adoração pela leitura de jornais. Autodidata, tornou-se jornalista e escritor forjado na cartilha sindical do ABC paulista. O jornalista é considerado um dos pioneiros da comunicação sindical brasileira, editou jornais para cerca de 20 sindicatos no período entre 1964 e 1980. Fundou em 1971, e foi editor por mais de dez anos do “Tribuna Metalúrgica”, jornal considerado responsável pela eclosão da primeira greve operária no ABC paulista, que apressaria o fim da ditadura militar no país. Criou personagens que viraram ícones das lutas dos trabalhadores brasileiros, como o João Ferrador, “operário”, que foi desenhado pelo cartunista Laerte Coutinho. No “Tribuna Metalúrgica”, o personagem escrevia cartas aos governantes exigindo seus direitos. Félix é autor dos livros Além da Greve, PC Linha Leste, Fora de Pauta, Bilhetes de João Ferrador, Soprando nossas Ideias, Quando os Pássaros Foram à Luta e Miscelânia, que está sendo reeditado. Em 1995, Félix veio pescar em Aquidauana e apaixonou-se pelas belezas naturais da região. Resolveu mudar para o Estado e atualmente reside no município de Anastácio. Aos 81 anos, Félix Nunes continua exercendo o jornalismo com paixão.
FETEMS - Por que resolveu ser jornalista?
Félix – Quando criança eu acompanhava o meu pai em tudo. Era filho único e queria fazer tudo que ele fazia. Trabalhei com ele no comércio e fui bóia fria. Mas, depois que eu aprendi a ler e a entender as palavras, passei a adorar a leitura de jornais. Contudo, na maioria das vezes, eu tinha acesso apenas à publicações velhas. Mesmo assim, lia todas as edições e foi daí que surgiu a minha vontade de ser jornalista.
Como conseguiu atuar como jornalista apenas com o curso primário? Félix – Naquela época, bastava aprender usar a máquina de escrever e ter coragem. Sou autodidata e foi isso que eu fiz, aprendi a lidar com a máquina. Me filiei ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e fui ser o redator de um jornal do partido, que se chamava “Notícias de Hoje”, a partir disso fui aprendendo no dia-a-dia. Em 1960, o jornal do PCB foi fechado por questões políticas. Trabalhei em diversos locais, sempre na defesa das lutas dos trabalhadores, a comunicação sindical sempre foi uma das minhas principais linhas de atuação. O que fez quando o jornal do PCB foi fechado? Félix – Já estávamos vivendo o clima da Ditadura Militar e para sobreviver fui trabalhar com a burguesia. Fui redator do jornal da Associação Comercial de São Paulo, um veículo que é muito forte até os dias de hoje. Depois arrisquei na grande mídia e consegui emprego no jornal “Notícias Populares” do grupo da Folha de São Paulo, que naquela época já tinha uns seis jornais. Fazia uma coluna sindical diariamente, era o assunto que eu mais entendia. Essa coluna estourou, tinham pessoas que compravam o veículo só para ler o que eu escrevia. A partir disso, os sindicatos começaram a me procurar para escrever os seus jornais e a minha carreira foi se consolidando no meio sindical. O que o “Tribuna Metalúrgica” representou na sua vida? Félix – Eu morava distante de São Bernardo, onde ficava localizada a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista. Um dia, recebi a visita de alguns diretores do Sindicato, que me pediram para fazer o jornal. Na época, já fazia mais de 10 jornais sindicais, tentei resistir, mas não deu. Então, nasceu o “Tribuna Metalúrgica”, em julho de 1971, que surgiu da necessidade de se manter um diálogo com os trabalhadores. No início, houve resistência da parte dos próprios trabalhadores, que muitas vezes não queriam ler o jornal. Eram tempos difíceis, um dos períodos mais repressores da ditadura militar, quando haviam editado o Ato Institucional número 5, o famigerado AI-5. O “Tribuna Metalúrgica” é extremamente importante na minha vida. Ainda lembro, nós do Sindicato, panfletando o jornal nas portas das fábricas, tentando convencer os trabalhadores de que o regime ditador era o que podia existir de pior para o país. Foi nessa época que surgiu o personagem “João Ferrador”?
Félix – Nós precisávamos pensar numa solução para facilitar o contato com os trabalhadores. Dessas conversas, surgiu à idéia de criarmos um personagem, um operário, que dialogasse diretamente com a categoria. Então, criei o “João Ferrador”, metalúrgico, que escrevia bilhetes, geralmente direcionados à autoridades do governo, exigindo os seus direitos como melhores de salários, condições de trabalho e, assim por diante. Era uma linguagem mais ou menos da fábrica, com ironia. Aí pegou. Na época, o personagem foi desenhado pelo cartunista Laerte Coutinho.
Como era ser jornalista na ditadura militar?
Félix – Era uma época de repressão, de censura à liberdade de imprensa. Nós tínhamos que ter muita coragem para continuar escrevendo, principalmente os jornais sindicais, que eram críticos ao regime ditador e exigiam melhores condições de trabalho para as categorias. Me recordo que o AI-5, que foi o quinto de uma série de decretos emitidos pelo regime militar brasileiro, nos anos seguintes ao Golpe militar de 1964, dava poderes extraordinários ao presidente da república e suspendia várias garantias constitucionais. Além disso, durante a vigência desse decreto, veio a censura prévia, que se estendia à imprensa. Cheguei a ser preso para dar informação, vivíamos tensos, trabalhávamos com medo, sabíamos de amigos que tinham sido presos e estavam desaparecidos, mas ao mesmo tempo, tínhamos a nossa ideologia e uma vontade enorme de ver a democracia restabelecida no Brasil.
Como era a sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Sindicato dos Metalúrgicos no ABC paulista? Félix – Quando entrei no Sindicato dos Metalúrgicos, o Lula ainda não tinha um cargo de expressão na diretoria, ele estava estudando e trabalhando. Depois de um tempo, ele veio de vez para o Movimento Sindical. Começou a ter contato com o movimento por intermédio de seu irmão, José Ferreira da Silva, mais conhecido como Frei Chico. Em 1969, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, no ABC paulista, realizou uma eleição para escolher uma nova diretoria. Foi aí, que Lula foi eleito suplente. Na eleição seguinte, em 1972, tornou-se primeiro-secretário. Em 1975, foi eleito presidente do sindicato e eu fui assessor dele nesta época. Ele não fazia nada sem me consultar. Lembro que ele lia o “Tribuna Metalúrgica” antes de qualquer pessoa, antes de enviarmos para a diagramação. Ele era o primeiro a revisar o jornal. Caminhei muito ao lado do Lula, nas portas das fábricas, registrando as mobilizações e as lutas do Sindicato. Fiquei com ele no Sindicato até as coisas apertarem durante a Ditadura Militar, fiquei um ano trabalhando sem poder produzir o “Tribuna Metalúrgica”, por causa da repressão. Depois sai de lá, mas até hoje temos contato. Nossa história é de companheirismo. Por que decidiu morar em Mato Grosso do Sul? Félix – Eu vim pescar em Aquidauana e me encantei com as belezas daqui, a natureza, a calma e a paz do lugar. Já estava aposentado por tempo de serviço, então resolvi fugir da loucura de São Paulo e vim para cá em 1995. Depois de algum tempo, comprei uma casa aqui em Anastácio, trouxe a minha companheira Maria. Aqui colaborei esporadicamente com a Folha de São Paulo e alguns outros jornais da capital paulista. Aqui nasceu também o jornal “O Aroeira”, idealizado por um grupo de amigos, inclusive com a participação do professor Roberto Magno, atual presidente da FETEMS. A idéia era termos um veículo mais popular, que combatesse a oligarquia local e dialogasse com os trabalhadores da região. O nome surgiu por causa da árvore Aroeira, imponente pelo seu porte, pela dureza da madeira e carrega a fama de ser a mais resistente do Brasil. Qual a importância dos sindicatos investirem em comunicação? Félix – É de extrema importância para o movimento sindical investir em comunicação, sem divulgar das ações, não há fortalecimento da luta e os sindicatos não conseguem avançar nas conquistas. É preciso que haja veículos informativos que falem a língua dos trabalhadores, que os mantenham informados sobre o que está acontecendo em relação a sua categoria. Como analisa os meios atuais de comunicação? Félix – Avançamos em tecnologia apenas, mas a comunicação que a maioria da população tem acesso, continua concentrada nas mãos de poucos. De famílias da oligarquia brasileira, que detêm o poder para informar o que quiserem e quando quiserem. Está é a realidade do Brasil há muitos anos. É preciso democratizar a comunicação, para que ela realmente chegue à todos, de forma verdadeira, informativa e crítica. Entrevista na íntegra, com fotos, na Revista Atuação: Clique AQUI
O Blog do Armando Anache registra todos esses fatos, não apenas em homenagem ao colega Félix Nunes, um gigante se comparado a este simples repórter da fronteira, como costumo me definir; mas para que todas as pessoas possam aprender um pouco mais, sobre a boa luta, dignidade no exercício da profissão, fidelidade aos seus pensamentos e ideologias -quaisquer que sejam, desde que tenham como objetivo maior o bem-estar da comunidade, com democracia plena, acima de tudo- e "o exercício diário do bom caráter", como já escreveu o mestre Abramo ["O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter (Cláudio Abramo, 1923-1987].
Como editor do Blog do Armando Anache, fiquei muito feliz e, ao mesmo tempo, extremamente comovido com a cena que presenciei -e que registrei com várias fotos, como a publicada acima, com Félix Nunes usando boné-, na quarta-feira, dia 13 de novembro de 2013, em um bufê, em Campo Grande (MS), que recebia o ex-presidente Lula e militantes do Partidos dos Trabalhadores, com autoridades.
Estava fotografando a mesa onde estava Lula e demais autoridades, quando percebi que o colega Félix Nunes se aproximava do ex-presidente Lula, ao lado de Paulo Okamotto, do Instituto Lula. Conhecedor da história do jornalista Félix Nunes -na foto acima, de pé e com boné na cabeça-, pensei comigo mesmo: "Nada mais justo, neste momento, do que Lula receber a abraçar seu velho e leal companheiro do Sindicato dos Metalúrgicos, naqueles anos difíceis da década de 1970; afinal, era o Félix Nunes quem redigia o jornal da categoria, orientava o jovem sindicalista Lula e, muitas vezes, escrevia os seus discursos."
Com o exemplar da edição da primeira quinzena de novembro, do jornal "O Aroeira" -veja a imagem, acima-, na sua mão calejada e enrugada pela ação do tempo, que é implacável com todos nós, seres humanos, Félix Nunes conversou um pouco com o ex-presidente, que também autografou um livro.
Em frente à mesa, junto com os demais jornalistas que cobriam o evento, gritei: "Félix, ô Félix, levanta esse boné, meu editor do 'Aroeira'; pois está fazendo sombra no seu rosto." Félix Nunes olha para os lados e, na mesma hora, me identifica. faço um aceno com a mão que está livre; na outra, seguro a câmera fotográfica. Ele levanta o boné, tipo sem entender bem o que se passava e eu, lá embaixo, disparo várias vezes, fazendo flagrantes daquele momento tão especial.
Foto: © Armando Anache/Blog do Armando Anache/Pantanal News®/Rádio INDEPENDENTE
Depois, no dia seguinte, na sede da FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação no Mato Grosso do Sul), entrevistando o presidente Roberto Botareli -foto acima-, pude ouvir mais detalhes sobre o que aconteceu naquele bufê em Campo Grande.
Quando terminou o discurso de Lula, o último a falar, durante pouco mais de 30 minutos, todos foram para uma sala apertada, atrás e à direita de quem olhava para o palco. Ali, o professor Roberto Botareli se aproximou de Lula e começou a falar sobre o jornalista Félix Nunes. "Tinha muita gente, Armando, e o Lula não tinha como dar atenção especial apenas a uma pessoa; no entanto, quando citei o nome do jornalista Félix Nunes, o ex-presidente parou e me deu toda a atenção do mundo", diz Botareli. E prossegue: "Eu disse ao companheiro Lula que, como presidente da FETEMS e, dentro do que é possível, tenho cuidado do Félix, prestigiando as edições do 'Aroeira' e não deixando que ele deixe de circular a cada quinzena", conta o presidente da FETEMS. E acrescenta, com visível emoção e com os olhos vermelhos, quase soltando lágrimas de emoção: "Nesse momento, Armando, para a minha surpresa e todas as pessoas que ali estavam, aguardando para falar ou bater uma foto com o Lula, ele colocou as suas duas mãos sobre os meus ombros e, em seguido, deu um beijo na minha testa, em sinal de agradecimento pelo que acabara de ouvir." Para Roberto Botareli, Lula acrescentou: "Por favor, companheiro Roberto, continue olhando e cuidando do nosso querido Félix Nunes."
O Blog do Armando Anache é testemunha das várias vezes em que recebeu o colega editor do "Aroeira", Antônio Carlos Félix Nunes, nas redações da rádio Independente de Aquidauana (MS) -cidade que o criador do 'João Ferrador' escolheu para viver, hoje ao lado da mulher e de um filho, vindos de São Paulo-, do Blog do Armando Anache e do Portal Pantanal News. Em todas essas ocasiões, trazendo a nova edição do "Aroeira" ou apenas fazendo uma "escala" para saborear uma água gelada e um café quente, Félix Nunes sempre foi e ainda continua o mesmo. Um homem sem vaidades, dirigindo ele próprio a sua Brasília antiga, sem arrogância ou contanto histórias fantásticas. Como escrevi no início dessa postagem, quem vê esse senhor não imagina o que ele já viveu, as lutas das quais participou.
O Blog do Armando Anache não quer escrever sobre Félix Nunes no futuro -se Deus quiser, daqui a 100 anos-, quando ele, por algum desejo de Deus, resolver nos deixar. Quero deixar essa simples homenagem, feita com o auxílio de vários colegas, do Sindicato dos Metalúrgicos e da FETEMS, para que possa ser lida pelo nosso amigo e editor Félix Nunes. Quero que ele, em vida e gozando da mais perfeita saúde, possa mostrar à sua família, aos amigos, aos companheiros, como a sua vida e o seu exemplo de militância no jornalismo são importantes para todos nós, muito mais jovens que ele. E, claro, peço a Deus que ele tenha muita saúde, para escrever e editar e fotografar para compor muitas e muitas edições do "nosso" jornal "O Aroeira" que, como o Félix Nunes, repito aqui, "enverga mas não quebra".
"Creio na imprensa sem restrições, porque creio no poder da razão e da verdade." (Rui Barbosa, escritor e político brasileiro)
Creio que o colega Félix Nunes -e escrevo isso sem medo e deixando claro que jamais fui filiado ao Partido Comunista, por exemplo; e, se tivesse sido, qual seria o problema?- é daquelas pessoas especiais no jornalismo. Passados tantos anos, não amealhou fortuna; ao contrário, vive modestamente e é desprovido de arrogância, mesmo com o tesouro representado pelo seu passado de vida e de lutas. Por isso, cito o pensamento de Bertolt Brecht: " Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis."
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