Pagamentos a empresas de Valério são incompatíveis com gastos de mídia, diz relator
O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), passou a manhã desta quinta-feira (28) com técnicos examinando documentos já recebidos pela comissão. Segundo o deputado, as investigações estão revelando grande diferença nos valores recebidos por uma empresa de Marcos Valério, a DNA, no Banco do Brasil, e os efetivamente pagos pela DNA às empresas de comunicação. Os técnicos da CPI já têm mapas com preços de veiculação de anúncios e os valores dos contratos e depósitos recebidos pelas empresas.
O deputado afirmou ainda ter esperança de encontrar documentos mais elucidativos entre os enviados à comissão pelo Supremo Tribunal Federal. Até agora, nada diferente do que a comissão já tinha conhecimento foi encontrado, de acordo com Serraglio. O relator contou que esses documentos - apreendidos em agência do Banco Rural de Belo Horizonte - haviam sido apontados como importantes por um ex-funcionário do banco em depoimento à Polícia Federal. A polícia, no entanto, fez apreensão em duas etapas e trouxe documentos que, em um primeiro exame, não parecem importantes.
- Não há lista de pessoas que recebiam dinheiro. Não tem nenhuma lista. Um dia a pólvora pura vai explodir. Explodiria se houvesse colaboração - sugeriu Osmar Serraglio.
O relator também apontou "orquestração muito inteligente" feita por Marcos Valério ao prestar depoimento voluntário no Ministério Público. De acordo com Osmar Serraglio, Valério citou dois deputados no depoimento e, no dia seguinte, apresentou pedido ao juiz requerendo a transferência do processo para o Supremo, porque envolvia deputados. O processo foi transferido. A medida pode dificultar busca e apreensão de provas e garantir mais tempo aos acusados, destacou o deputado.
Serraglio fará nesta tarde visita à Procuradoria-Geral da República para pedir que procuradores acompanhem eventualmente as investigações da CPI e também para ter dicas sobre que tipos de provas são necessárias para instrumentar o pedido de prisão preventiva de Marcos Valério sugerido pela CPI dos Correios. O MP acatará ou não a sugestão da comissão. Se acatar, envia o pedido à Justiça, que terá a decisão final sobre o tema.
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