Valério conheceu Delúbio Soares em 2002
Uma coisa está começando a clarear, a partir do depoimento de Valério : Foi a partir de 2002, quando conheceu Delúbio Soares [tesoureiro licenciado do PT], que ele passou a ter contatos mais estreitos com integrantes do governo e do mundo político.
Valério, no entanto, nega. Ele garante que todo o dinheiro que movimentou nas contas das suas empresas é produto de muitos anos de trabalho como empresário do ramo de publicidade e propaganda.
Valério fala à CPI de suas relações com personagens do escândalo do mensalão
Globo On line, BRASÍLIA - Em seu depoimento à CPI dos Correios, o publicitário Marcos Valério disse que conheceu o tesoureiro afastado do PT, Delúbio Soares, durante a campanha eleitoral de 2002. Eles foram apresentados pelo deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG). Pouco tempo depois, no início de 2003, Valério foi avalista de um empréstimo para o PT, segundo ele, atendendo a um pedido do novo amigo, Delúbio. Na CPI, o publicitário deu respostas sobre suas relações também com outros personagens que foram aparecendo ao longo das investigações sobre o mensalão, o suposto esquema de pagamento de propina do PT a deputados da base do governo. Confira:
Delúbio Soares, tesoureiro afastado do PT
Valério disse conhecê-lo desde "meados de 2002" e afirmou ser amigo do dirigente petista. O aval do publicitário ao empréstimo de R$ 2,4 milhões colhido pelo PT junto ao banco BMG foi feito, segundo Valério, por atendimento a um pedido de Delúbio. Indagado se a amizade com Delúbio teria relação direta com o aumento de patrimônio de suas empresas, principalmente a partir de 2003, Valério negou que tenha sido beneficiado pela aproximação com o então tesoureiro do PT.
José Dirceu (PT-SP), deputado federal e ex-chefe da Casa Civil
Valério afirmou que tratou de política algumas vezes com o ex-ministro: - Estive com ele quatro vezes no máximo. Dois encontros sociais e dois encontros em audiência pública com ele e mais pessoas. Audiência particular, não. Roberto Jefferson, deputado federal (PTB-RJ) Valério diz não ser amigo ou inimigo do deputado, que o acusa de ser o operador do mensalão. O publicitário informou ter estado com Jefferson duas vezes, ambas em 2005, antes de o escândalo vir à tona. Valério nega que tenha sido a pessoa que entregou a Jefferson R$ 4 milhões do PT, em duas parcelas, como contribuição de campanha para o PTB. - Estive com ele (Jefferson) duas vezes. Sozinho com ele, na sala dele - afirmou. Valério disse que aceitaria acareação com o deputado do PTB, a quem chamou de bem informado. - O deputado Roberto Jefferson é muito bem articulado, muito bem informado. Vejo que o deputado teve a intenção bem desenhada de atingir os objetivos dele - disse.
Silvio Pereira, secretário-geral licenciado do PT
Valério ficou em silêncio quando o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) lhe perguntou se ele tinha mentido ao declarar à Polícia Federal ter tido apenas um encontro com Silvio Pereira. O deputado disse que há registro de vários encontros de Valério com Silvio, três deles no hotel Maksoud Plaza, e perguntou se o publicitário continuaria afirmando que houve só um encontro: - No Maksoud Plaza foi só uma vez. Lorenzoni insistiu e Valério admitiu que havia se encontrado outras vezes com Silvio Pereira. - No PT eu via sempre o doutor Silvio Pereira.
João Genu, chefe de gabinete do deputado José Janene
O publicitário admitiu conhecer João Cláudio de Carvalho Genu, chefe de gabinete do líder do PP na Câmara, José Janene (PR). Genu é apontado como suposto agente do esquema de pagamento de propina dentro do partido. Valério confirmou que conheceu Genu em visita que fez ao gabinete de Janene. Mas negou qualquer relação financeira entre os dois. - Não tenho nenhuma intimidade com ele em negócios, valores ou transferência de recursos - disse Valério, em depoimento à CPI dos Correios.
Daniel Dantas e Carlos Rotemburg, do Opportunity
O publicitário confirmou que marcou uma reunião entre Rotemburg, diretor do Opportunity, e Delúbio Soares. A reunião seria para que Rotemburg fizesse uma apresentação a Delúbio sobre a atuação do grupo, com intenção de reverter uma opinião negativa que haveria no PT sobre o Opportunity. Marcos Valério negou que após o encontro tenha havido qualquer ação do governo federal em favor do grupo Opportunity: - Ao que me parece o Delúbio não fez nada em prol do Opportunity, porque o Opportunity está sofrendo um processo de destituição do governo federal, através da Previ. Valério disse que só muito tempo depois dessa reunião foi conhecer Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity, e negou qualquer desavença com ele.
Glênio Guedes, procurador da Fazenda afastado
O relacionamento com Guedes, segundo Valério, se restringia a uma paixão comum por cavalos: - Conversávamos muito sobre cavalos e desenvolvemos uma relação muito íntima. Não estava me relacionando com o procurador da Fazenda, mas com uma pessoa que tem o mesmo gosto que o meu. Viajamos muito pelo mesmo esporte - afirmou. Glênio Guedes era do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro. Ele integrava o órgão desde 1998 e era um dos procuradores responsáveis pela emissão de pareceres nos julgamentos do conselho, que analisa recursos administrativos apresentados por instituições financeiras multadas ou punidas pelo Banco Central, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou pela Secretaria de Comércio Exterior. Guedes tinha contatos freqüentes com Valério, e é citado mais de dez vezes na agenda de 2003 da ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio. Segundo ela, contas de celular do procurador eram pagas pela agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério. Guedes terá que responder a uma sindicância interna e depor em inquérito da Polícia Federal.
Pimenta da Veiga, ex-ministro do governo FH
Valério confirmou que os R$ 150 mil que entregou ao ex-ministro Pimenta da Veiga se destinaram ao pagamento de honorários advocatícios. A mesma versão tinha sido apresentada por Pimenta, que foi ministro das Comunicações no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Valério contou que contratou Pimenta como assessor jurídico para suas empresas e que ele já não era mais ministro quando aceitou o serviço.
Manoel Severino dos Santos, presidente da Casa da Moeda
De acordo com Valério, seus encontros com Santos, registrados na agenda de sua ex-secretária Fernanda Karina Somaggio, foram para discutir estratégias políticas no Rio de Janeiro. A declaração coincide com a explicação dada pelo presidente da Casa da Moeda: - Conversei com ele sobre política. Ele era do PT do Rio de Janeiro. A empresa Estratégica foi montada para fazer candidaturas políticas. Vou te apresentar a prestação de contas da Estratégica e o senhor vai encontrar a prefeitura de Petrópolis. Foi emitida nota dela, foi a campanha que eu fiz. Emerson Palmieri, tesoureiro do PTB Valério afirmou também conhecê-lo. Mas negou a história dita por Palmieri de que o publicitário repassou malas de dinheiro ao PTB, por conta de repasse do PT para campanha eleitoral, em 2004.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home