JB: PT em desgoverno de norte a sul do país
Partido em desgoverno de norte a sul do país
Envolvido na maior crise de sua história, PT dificilmente vai manter três governadores
Sérgio Pardellas e Hugo Marques
BRASÍLIA - As perspectivas eleitorais do PT para o próximo ano apontam para um cenário sombrio. Soterrado pelas denúncias do mensalão e caixa 2 nas campanhas de 2002 e 2004, candidato à bancarrota depois dos milionários empréstimos contraídos junto aos Bancos BMG e Rural, com a bandeira da correção e da ética destroçada, e refém de uma militância política hoje marcada pela desesperança, o PT se vê diante da mais séria ameaça de perder a musculatura política acumulada em 25 anos de história.
Na avaliação de cientistas políticos, o temor de que seja cumprido o vaticínio do presidente Luiz Inácio Lula ainda em 2003 ganha contornos de realidade ao sabor do aprofundamento das investigações das CPIs no Congresso:
- Nós temos uma enorme responsabilidade no governo. Se a gente fracassar, a esquerda vai levar mais 30, 40 anos para voltar ao poder no Brasil - disse o então recém-empossado presidente.
Nos principais estados do país o horizonte se descortina a partir de um mar revolto para o PT. No Rio Grande do Sul, o ex-ministro das Cidades, Olívio Dutra (PT), trabalha para ser o presidente do PT-RS. O futuro do ex-ministro da Educação, Tarso Genro, por sua vez, vai depender do desenlace da briga pelo comando do PT nacional. Assumindo o partido no estado, Dutra se credencia para sair candidato ao governo em 2006 numa aliança com os petistas Raul Pont e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, além de PSB, PCdoB e PCB.
O problema será administrar as críticas dos adversários. O PMDB, do governador e provável candidato à reeleição, Germano Rigotto, e do senador Pedro Simon, e o P-Sol da deputada Luciana Genro, vão querer ver sangue uma vez que o diretório estadual foi atingido pela denúncia de que recebera R$ 1,2 milhão do publicitário Marcos Valério, acusado de ser um dos operadores do mensalão.
Em Brasília, a imagem do partido ficou ainda mais comprometida depois da divulgação dos saques feitos no Banco Rural pelo presidente da legenda, Wilmar Lacerda, e o vice, Raimundo Júnior, a mando do ex-tesoureiro do PT nacional Delúbio Soares.
Instruído por Delúbio, Lacerda e Júnior sacaram do Banco Rural um total de R$ 150 mil, em setembro de 2003. O presidente do PT-DF recebeu ainda outros R$ 331 mil de Delúbio Soares, só que da SMPB, uma das agências de Marcos Valério. Há dois anos, o até então mais forte concorrente do PT-DF, ex-deputado Geraldo Magela, também havia perdido musculatura política com a denúncia de que teria recebido R$ 100 mil de Waldomiro Diniz para a campanha de 2002.
A alternativa mais viável eleitoralmente para o PT da capital federal seria a candidatura do senador Cristovam Buarque. O ex-ministro da Educação seria um dos poucos que reuniria condições de derrotar o governador Joaquim Roriz (PMDB), que tenta emplacar o seu sucessor. Mas Cristovam flerta com o PPS para alçar um vôo ainda mais alto: tentar a candidatura à Presidência da República no próximo ano.
Para o governo de Minas Gerais, o cenário do PT está condicionado ao desfecho da crise política. Mas nenhuma das hipóteses consideradas mais prováveis levariam os petistas à cabeça de chapa. Uma das alternativas do governo é costurar uma chapa de peso para derrotar o governador tucano Aécio Neves, candidato à reeleição. O atual vice-presidente da República, José Alencar (PL), seria candidato ao governo, com um vice e um senador do PT, que poderia ser o ex-presidente Itamar Franco.
No Rio, o quadro é considerado desolador. Na avaliação do cientista político David Fleischer, o partido poderá repetir o ano de 1998 quando abriu mão da candidatura própria para apoiar um nome com maior densidade eleitoral, entre eles o senador Sérgio Cabral (PMDB) e a deputada Denise Frossard (PPS). Outra saída seria lançar um nome da esquerda petista, como o de Vladimir Palmeira (PT), ou articular a candidatura do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB). Nessa hipótese, o PT entraria com o vice.
Em São Paulo, a situação do PT se complicou depois que a antiga direção, majoritariamente paulista, foi atingida no caso mensalão. Mas o potencial eleitoral no reduto petista não pode deixar de ser levado em consideração, segundo analistas políticos ouvidos pelo Jornal do Brasil. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que recebeu um caminhão de votos em 2002 (10,5 milhões) e conta com a simpatia do Palácio do Planalto, é visto como um forte concorrente. O maior temor dos petistas é uma eventual ousadia do PSDB de lançar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao governo do estado. Embora pressionado pelos tucanos, FH ainda resiste à idéia. Mas se confirmado, seria um nome praticamente imbatível.
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