Oposição pedirá saída de Severino do cargo
Severino na mira da oposição
Elenilce Bottari, Lydia Medeiros e Gerson Camarotti
RIO E BRASÍLIAOs partidos de oposição na Câmara se reúnem hoje para formalizar uma proposta que pode definir a situação do presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE): PFL, PSDB, PDT, PPS e PV querem o afastamento voluntário de Severino do cargo para a abertura de investigação, no Conselho de Ética, sobre as denúncias de que ele recebia propinas de um prestador de serviços da Câmara. Caso Severino se recuse a sair, os partidos devem pedir a cassação de seu mandato. Os parlamentares contrários à permanência de Severino defendem seu afastamento imediato até o fim do julgamento dos processos contra deputados envolvidos nos escândalos dos Correios e do Mensalão. Segundo o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que lidera com o PSDB e o PFL o coro dos descontentes, Severino não tem condições morais ou mesmo capacidade de presidir a Câmara. Líderes acertaram reunião por telefone Reportagem da revista “Veja” afirma que Severino recebeu propinas mensais de R$ 10 mil entre março e novembro de 2003, pagas por Sebastião Augusto Buani, que explora atualmente um dos oito restaurantes da Câmara. A revista diz que ele também recebeu de Buani outros R$ 20 mil pela renovação de seu contrato em 2002, quando o deputado era primeiro-secretário da Casa. A reportagem menciona ainda um suposto documento assinado por Severino, assegurando a Buani monopólio de cinco anos como concessionário. Esta seria a prova mais importante contra Severino. — Em qualquer país, Severino teria renunciado. Ele não tem condições de ser o condutor de um processo tão delicado que envolve a cassação de tantos deputados. Isto fere a imagem da Casa. Quanto ao documento, se o deputado Severino disser que assinou sem ler, então iremos pedir seu afastamento por incapacidade ou irresponsabilidade civil. Ele não tem como continuar no cargo — afirmou Gabeira, que batera de frente com Severino no início da semana. Gabeira o chamou de indigno para o cargo, depois que Severino afirmou não acreditar na existência do mensalão e defendeu pena branda para o crime de caixa dois.
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