Severino aponta fraude em documento e nega “mensalinho”

Severino disse que vai continuar presidindo as sessões do plenário e ressaltou que, se os líderes quiserem esvaziar as votações, "esse é um problema íntimo de cada um" (Foto: Salu Parente/Agência Câmara)

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, afirmou em entrevista coletiva concedida neste domingo que permanecerá no cargo: não vai se licenciar da Presidência nem renunciar ao mandato. Severino apresentou sua defesa em relação às acusações feitas pelo empresário Sebastião Augusto Buani, que era concessionário do restaurante do 10º andar do anexo 4 da Câmara, e disse que vai resistir. "Resistirei. Como presidente da Câmara dos Deputados, não posso me curvar à pressão dos poderosos, estejam eles onde estiverem", afirmou.
Quanto à principal "prova" apresentada até agora por Buani – uma suposta autorização para a prorrogação da concessão dos restaurantes até 2005 –, Severino afirmou que se trata de uma fraude. Ele apresentou laudo assinado pelo perito Adamastor Nunes de Oliveira, segundo o qual houve uma montagem. "Forçoso é constatar que se trata de um documento montado eletronicamente. Trata-se, assim, de uma falsificação", diz o laudo.
O presidente da Câmara também nega a acusação de receber um "mensalinho" de R$ 10 mil em decorrência de prorrogação excepcional de contrato em 31 de janeiro de 2003. "A inconsistência de tal versão é claríssima. A autorização para a prorrogação do contrato se deu no dia 3 de janeiro de 2003 e não no dia 31", afirmou.
O diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, presente à entrevista, afirmou que o contrato foi prorrogado porque a cozinha de outro restaurante (o do anexo 3, o mais movimentado da Casa) entrou em reforma. Enquanto durou essa reforma, o restaurante do anexo 3 foi abastecido pela cozinha do restaurante do anexo 4. Por esse motivo, a prorrogação por 18 meses foi autorizada em caráter emergencial.
Datas
Severino também apontou a inconsistência de datas apontadas por Buani. Ele afirmou que o documento sobre a prorrogação apresentado pelo empresário é do dia 2 de abril de 2002. Entretanto, o pedido de prorrogação foi feito só no dia 9 de abril. "Não é possível acreditar que o empresário teria se considerado atendido com um despacho nessas circunstâncias. A história é um completo absurdo", afirmou.JeffersonSeverino disse que vai presidir as próximas sessões da Câmara, inclusive a da próxima quarta-feira, para quando está prevista a votação do pedido de cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Se os líderes da oposição quiserem esvaziar o plenário, segundo Severino, "o problema é deles". Em sua opinião, os deputados oposicionistas poderão cair na mesma cilada que estão "montando" para ele.
Governo
O presidente da Câmara disse contar com o apoio do governo e lembrou que integra um partido (PP) da base aliada, mas não vai procurar sensibilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o presidente deve se pautar pelos fatos e fazer o que achar mais conveniente. Denuncismo
"A indústria do denuncismo que se instalou no País ensurdece os ouvidos, entorpece a razão e afugenta a Justiça. Com isso, mesmo a armação mais solerte, mais desavergonhada, vira uma temível bola de neve que a todos e a qualquer um ameaça soterrar", disse Severino.
Ele pediu à imprensa e à população que não o prejulgue. "Não aceitem condenações sem provas. Sei que o preconceito é meu maior inimigo. Por isso, não me surpreendem manifestações histéricas de uma minoria que não admite que um nordestino simples possa estar à frente de uma das Casas do Poder Legislativo", disse.
As informações são da Agência Câmara.

Comentário do blog: O jornalista Ricardo Noblat publicou no seu blog, hoje à tarde, informações sobre o perito citado pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti.
Vale a pena ler, juntamente com os dados sobre um advogado, também de Pernambuco, ligado a Severino.
É gravíssima a crise.