Aftosa pode inviabilizar Expoinel MS
O presidente da Associação Sul-mato-grossense dos Criadores de Nelore (ASCN), Ulysses Serra Neto, afirmou que a realização da 2º Expoinel MS, prevista para acontecer de 10 a 20 de novembro de 2005, em Campo Grande (MS), depende da liberação do trânsito de animais entre Mato Grosso do Sul e outros Estados da Federação, principalmente Minas Gerais e São Paulo.
Os Estados vizinhos de Mato Grosso do Sul e cerca de 30 países embargaram na semana passada a entrada de produtos de origem bovina, bem como o gado em pé, devido à ocorrência de um foco de febre aftosa na região Sul do Estado. Na segunda-feira (10), o Laboratório Nacional Agropecuário de Belém (PA) confirmou, após exames em amostras colhidas na Fazenda Vezozzo – local do loco -, em Eldorado (MS), que os sintomas apresentados por aproximadamente 150 animais eram mesmo da doença. Na terça e quarta-feira as autoridades sanitárias estaduais sacrificaram cerca de 600 cabeças de gado da propriedade e isolaram o trânsito animal em cinco municípios localizados nas imediações do foco. A região isolada corresponde a um raio de 25 km do foco. Os cinco municípios interditados são Japorã, Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí e Mundo Novo.
Representantes do governo e de entidades sanitárias de Mato Grosso do Sul negociam em Brasília, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a redução dos embargos ao Estado. A intenção do governo e a expectativa dos produtores é de que somente se mantenham os vetos aos cinco municípios isolados e que o restante de Mato Grosso do Sul possa ter liberação para o trânsito de animais. Ulysses Serra Neto ressalta que a realização da Expoinel MS depende exatamente dessa liberação, uma vez que os animais que participam da feira vêm principalmente de São Paulo e Minas Gerais.
O presidente da ASCN se diz revoltado ainda com a falta de ações sanitárias específicas para a região de fronteira. Segundo ele, a região é uma constante ameaça ao rebanho sul-mato-grossense e do país e não há ações efetivas e constates de controle sanitário.
Hora de mostrar força
O presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), Orestes Prata Tibery Júnior, afirma que o nelorista deve mostrar sua força neste momento e realizar a Expoinel MS, conclamando os criadores do Estado a participarem de forma maciça e também os de fora, que se não puderem trazer seus animais têm opção de apresentá-los virtualmente, por um telão. “É hora do nelorista mostrar que é solidário e que este é o motivo do êxito de nossa raça”, diz. Ao mesmo tempo ele afirma que é preciso fazer um apelo ao governador, Zeca do PT, para que adote medidas de apoio ao setor.
Orestes Prata classifica de “lamentáveis” as declarações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, feitas na quinta-feira (13), em Portugal, onde atribuiu aos criadores a culpa pelo foco de febre aftosa. Na avaliação do presidente da ABCZ, tal avaliação só ocorreu porque o presidente tem se distanciado muito da classe nos últimos anos e não acompanha o afinco com que cuida de seu rebanho. Especialmente em Mato Grosso do Sul a realidade é muito diferente da citada pelo presidente, porque os trabalhos da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) são vistos como modelo a ser seguido e os índices de vacinação ficam sempre muito próximos de 100%.
O que faltou, afirma Orestes Prata, foi atenção do governo federal nas ações sanitárias, considerando que Mato Grosso do Sul tem fronteiras com o Paraguai e Bolívia. “Estamos sempre com a espada na cabeça com essa divisa com Paraguai e com a Bolívia. Temos que ter fiscalização mais enérgica, colocando o Exército nas fronteiras, através de revezamento”, diz. Ele lembra também que os recursos previstos para sanidade para o exercício deste ano não saíram do campo das promessas, diferente do que disse ontem o presidente Lula.
Fonte: Assessoria de imprensa da ASCN.
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