Comissão poderá apurar denúncias de que PT recebia dólares de Cuba

Matéria publicada pela revista Veja desta semana, com a informação de que a campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido US$ 3 milhões do governo de Cuba, repercutiu na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. O senador Efraim Morais (PFL-PB), que preside a CPI, classificou de graves as denúncias e já agendou para a próxima semana o depoimento de Vladimir Poleto, que teria detalhado à revista todo o ingresso dos dólares enviados por Cuba para o Partido dos Trabalhadores. O governo rechaçou as denúncias e acena com a possibilidade de processar a revista por calúnia e difamação.
Vladimir Poleto, ex-assessor do atual ministro da Fazenda, Antônio Palocci, quando este era prefeito de Ribeirão Preto (SP), em 2002, já estava convocado para depor na CPI dos Bingos com o objetivo de esclarecer denúncias de que ele, na época, exercia tráfico de influência para beneficiar grupos empresariais.
O advogado Rogério Tadeu Buratti, outro personagem já conhecido pelos membros da CPI, também deve ser convocado novamente para depor. É que ele, a exemplo de Poleto, também saberia do ingresso dos US$ 3 milhões para a campanha de Lula, conforme denunciou a revista Veja. Segundo Buratti, cabia a Ralf Barquete, já falecido - então secretário de Fazenda da prefeitura de Ribeirão Preto na gestão de Palocci - entregar os dólares ao então tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Buratti, em depoimento à CPI, chegou a ser acusado por diretores da Gtech de ter exigido da empresa, em abril de 2003, propina no valor de R$ 6 milhões para que fosse renovado o contrato entre a multinacional e a Caixa Econômica Federal destinado a operacionalizar todo o sistema de loterias do país, incluindo o processamento da apuração dos ganhadores, rateio e repasse de prêmios.
As fitas
A maioria dos membros da CPI dos Bingos já está requisitando, por ofício, cópias das 42 fitas, disponibilizadas em CD e transcritas, das gravações telefônicas que podem revelar, segundo a oposição, as causas do assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, ocorrido em janeiro de 2002.
As fitas estavam em poder da 4ª Vara da Justiça Federal em São Paulo e foram gravadas entre meados de janeiro a março de 2002, portanto, após a morte do ex-prefeito.Os diálogos telefônicos travados são entre o atual chefe do gabinete pessoal do presidente Lula, Gilberto Carvalho - que em 2002 era assessor da prefeitura de Santo André - ; Klinger Luiz de Oliveira Sousa, então secretário de Serviços Municipais; e os empresários Ronan Maria Pinto eSérgio Gomes da Silva- o Sombra.
O juiz afastado João Carlos da Rocha Mattos, que se encontra preso acusado de vender sentenças judiciais, afirmou, em depoimento à CPI dos Bingos, que Gilberto Carvalho "comandava" todas as conversas e chegava a dar orientações de como as pessoas deviam proceder, comportar-se e dar declarações à imprensa sobre a morte de Celso Daniel.
As informações são da Agência Senado.