Diretor diz que Banco Central não foi omisso na fiscalização do Banco Rural
Brasília - O diretor de Liquidações e Desestatização do Banco Central (BC), Gustavo do Vale, negou hoje que a instituição tenha sido omissa na fiscalização feita no Banco Rural. "Não houve, de forma nenhuma, omissão na fiscalização do Banco Central", disse Gustavo, após se reunir com representantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Em depoimento na CPMI, o ex-superintendente do Banco Rural Carlos Godinho disse que havia dissonância entre o rigor dos técnicos do BC na fiscalização dos documentos do banco e a apresentação desses dados em relatórios posteriores. Segundo Godinho, os empréstimos concedidos às empresas de Marcos Valério e ao PT eram "atípicos", com garantias fracas. Mesmo assim, para sua surpresa, foram renovados diversas vezes, lembrou. "A fiscalização realizada pelos técnicos do Banco Central em Belo Horizonte é muito rigorosa. O que me surpreendeu foi o resultado", afirmou.
Gustavo do Vale explicou que o BC fiscaliza operações de crédito em função do risco que possam trazer ao banco. Quando se detecta alguma irregularidade, é feito processo à parte. O diretor do BC afirmou que Godinho não teve acesso aos relatórios de fiscalização. "Os relatórios que apuraram irregularidades ainda estão no âmbito do Banco Central e não foram tornados públicos", ressaltou. De acordo com o relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), as investigações agora devem recair também sobre o ex-procurador da Fazenda Glênio Guedes. Serraglio explicou que, como as decisões do BC vão para o Conselho de Contribuintes, será preciso investigar "o famoso procurador Glênio Guedes, que trabalhava para o Banco Rural e estava no Conselho de Contribuintes, por onde passavam também os recursos do Banco Central".
O Banco Central colocou mais um funcionário à disposição da CPMI e prometeu enviar outros documentos solicitados pela comissão. A CPMI já havia pedido informações à instituição, mas os dados não chegaram completos. Segundo Serraglio, a resposta veio em setembro, mas não houve correspondência entre o que havia sido pedido e o que se recebeu. Entretanto, Serraglio não culpou o Banco Central, ressaltando que só se poderia falar em descaso se houvesse evidências. "Tenho que entender que as pessoas agiram de boa vontade", afirmou. No entanto, nem todos consideraram a reunião proveitosa. O relator-adjunto da CPMI, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), por exemplo, disse que as explicações foram boas, mas não suficientes. Ele questionou o fato de o Banco Central ter classificado riscos no empréstimo feitos no BMG em 2003, mandado reclassificar os riscos e depois nada ter sido feito. "Houve negligência, ou os instrumentos que o Banco Central detêm são muito ruins", avaliou.
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