Artigo de Luiz Leitão: Boicote à verdade
Boicote à verdade
Por Luiz Leitão (*)
Caro(a) leitor(a), responda rápido: você acredita que a demora no envio de dados como sigilos telefônicos e bancários por parte de empresas subordinadas ao governo, como a Caixa Econômica Federal , ou outras detentoras de concessões públicas como as empresas de telefonia (das quais o próprio governo e seu amigo Daniel Dantas são acionistas) se deve a dificuldades técnicas – 75% dos dados prestados à CPI estão incompletos? Há cinco meses a CPI espera o envio de dados do sigilo telefônico de vários envolvidos.
Não teria a CPI meios de pedir à Justiça que obrigue estas empresas a cumprirem com suas obrigações? Ou não seria conveniente fazer isto? A CPI do dos Bingos está no final, obviamente não receberá os dados em tempo hábil para os analisar. O engraçado é que estas autoridades, tão diligentes, fazem estas declarações achando que a sociedade irá acreditar.
Ora, o caso Waldomiro Diniz explodiu há dois anos, e até agora faltam informações sobre seu preciosíssimo sigilo telefônico. Tal conivência com esta lerdeza (ou melhor, boicote), só pode ter uma explicação: se certos dados vierem à tona, a República cai, caem empresários, parlamentares. Pode não ser a expressão da verdade, mas não deixa de ser uma tese razoável.
O prazo dado pelas CPIs às operadoras era de exíguos dez dias, e cinco meses se passaram. Como nossas autoridade e parlamentares não têm o menor resquício de credibilidade, tido leva a crer que a não tomada de providências pela CPI para “enquadrar” as renitentes operadoras só pode ser jogo de cena.
Dos órgãos públicos, só a Receita Federal cumpriu sua obrigação, enviado todos os dados solicitados. O inquérito sobre Waldomiro Diniz é levado em banho-maria, mas não se pode dizer que a culpa seja da Polícia Federal, depois da desfeita que seu chefe maior, Thomaz Bastos fez á instituição, no episódio do encontro “pessoal” com Dantas.
Temos assistido ao maior festival de mentiras e encenações na arena política e governamental, são as CPIs obstadas por Alckmin (PSDB) na Assembléia Legislativa de São Paulo, a patética greve de fome de Anthony Garotinho (PMDB-SP).
O objetivo é claro, só pode ser tentar confundir a sociedade (que não é boba), escondendo tudo aquilo que deveria ser revelado, mas que não convém aos poderosos, políticos e não políticos.
Como se tenta até hoje ignorar o claro fato que os assassinatos de dois prefeitos do PT foram crime políticos, encomendados. Novamente, nos tomam por tolos.
Daniel Dantas distribuiu um comunicado à imprensa afirmando, entre outras coisas, que no “grande encontro” com Thomaz Bastos e outros, em sua residência, não proferiu aquela frase que a veja lhe atribuiu: “Que cumpram comigo o que foi tratado. Eu não afundo só. Se eu descer, levo junto PFL, PSDB e PT". Então ta, acreditamos piamente.
Não foi tíbio governador de São Paulo Cláudio Lembo quem disse que o (seu) Estado não negocia com bandidos? Mentiu, negociou sim, Já o governo federal faz o mesmo, negocia. Não só negocia como teme, e muito, o inimigo.
(*) Luiz Leitão
São Paulo, Brasil
luizleitao@allsites.com.br
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