Faltou constar na Folha que espião da Kroll está na lista dos agentes da Operação Condor
Faltou constar na Folha que espião da Kroll está na lista dos agentes da Operação Condor
Por Alceu Nader
A Folha de S.Paulo traz hoje boa reportagem na manchete principal que comprova que o banqueiro Daniel Dantas, cliente preferencial do BNDES durante a privatização das telecomunicações, é bom lembrar, usou, sim, dinheiro de acionistas das empresas que administrava para espionar autoridades do governo brasileiro. A reportagem privilegia a informação de que a Kroll, empresa de espionagem norte-americana, recorreu à CIA, a agência de informações do governo dos EUA, segundo consta nos documentos reproduzidos pelo jornal. Os documentos são da Kroll e de autoria de seu ex-diretor, Frank Holder, de currículo muito maior do que o apresentado pelo jornal. O link principal que a reportagem apresenta como prova de envolvimento da CIA são as referências apresentadas por Holder e seu passado na agência, antes de tornar-se agente da Kroll. Frank Holder, faltou dizer, é suspeito de fazer parte da galeria de personagens sinistros que atuaram como agentes da CIA durante o período de ditaduras na América Latina, então um dos principais alvos da agência. Seu nome consta das listas de seqüestradores que agiram durante a Operação Condor, pela qual adversários dos regimes militares da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai eram seqüestrados e enviados aos algozes de seus países de origem. Esta é a informação dovulgada pelo jornal La Jornada, do México, do último dia 24, na reprodução de reportagem de seu associado, o Clarín, jornal de maior circulação na Argentina. Frank Holder é identificado como um dos agentes que se tornaram conhecidos por seus trabalhos na "guerra suja" em diversos países, "paricularmente na América Central". frisa o jornal mexicano.
Más companhias
É com figuras como a do ex-espião da CIA que a revista Veja se meteu, duas semanas atrás, ao publicar a lista das supostas contas bancárias no exterior de vários políticos e autoridades brasileiras, incluindo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A troca de acusações entre o banqueiro e a direção da revista após a publicação da lista azedou a relação dos ex-aliados. O ex-personagem invisível (na semana em que o Daniel Dantas foi à CPI dos Correios, Veja não trouxe uma palavra sobre seu depoimento), ou aquele oprimido empresário que contratou a Kroll como recurso para se defender dos achaques que sofria do governo, como chegou a publicar a revista, agora é seu alvo preferencial. O ódio nasceu há duas semanas, com a publicação de resultados da "espionagem" de Holder que resultou na publicação, pela revista, das supostas contas bancárias. Quando se deu conta da irresponsabilidade e da classe de gente com que se envolvera, a revista tentou dividir a responsabilidade pela publicação da lista, dizendo que a recebera pessoalmente de Daniel Dantas. O banqueiro, que já está sendo processado pelo crime de espionagem, tirou o corpo fora – e diz que a direção da revista mente. No barulho da troca de acusações, a direção da revista se esqueceu de explicar aos seus leitores qual critério jornalístico adotou para publicar informações que não conseguiu comprovar, após seis meses de "exaustivas" investigações. Nesta semana, a revista investe contra o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e diz que Dantas está condenado ao "restolho" da história.
Para ler o artigo completo, no Blog do Alceu Nader, clique AQUI
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