Blog encontra o dono da empresa contratada por R$552 mil; prefeito Valério desconhece detalhes

Empresa contratada por R$522 mil pelo prefeito de Anastácio, Cláudio Valério (PTB), tem sede no setor de tributação da prefeitura de Aquidauana, onde o ordenador de despesas é Felipe Orro (PDT)
Foto: Francis Torres/Pantanal News

No fim desta manhã, saí com o carro da reportagem do Portal Pantanal News, junto com o webmaster Francis Torres. Fomos verificar, no local, um endereço que descobri na internet, e que seria da empresa de assessoramento contratada por R$522 mil, pela prefeitura de Anastácio, na margem esquerda do rio Aquidauana [Atenção estudantes de jornalismo: no blog é permitido o texto com introdução explicativa, ao contrário da ordem direta que usamos em notícias, ok?].
Chegando em frente ao prédio instalado em Aquidauana, numa esquina da Rua Marechal Mallet, perguntamos se ali era o número 355. Lá dentro, atenciosas atendentes responderam que ali era o número 352 ou 353. Eu disse que queria o número 355. Um homem, também muito educado, disse que era ali mesmo.
Bingo! Esse é o endereço que consta na internet, no site da empresa contratada por R$552 mil, pela prefeitura de Anastácio. Perceberam? Isso mesmo: o endereço da empresa fica em Aquidauana. Ela - a mesma contratada por três anos a um custo total de R$552 mil, em Anastácio - tem sede em Aquidauana.
A mesma empresa de assessoramento, que agora expande a sua área de atuação profissional à margem esquerda do rio Aquidauana, onde fica Anastácio; também trabalha na arrecadação de tributos do município de Aquidauana, onde o prefeito é Felipe Orro (PDT).
Duas funcionárias da empresa de assessoramento informam que "o dono, o diretor-geral, deve chegar logo, pois saiu para ir ao banco."
Bingo de novo! O dono da empresa, que eu pensava estar em Bonito, aqui em Mato Grosso do Sul, está bem aqui mesmo, em Aquidauana. A sede da empresa dele tem, nas portas de entrada, o brasão de Aquidauana. É ali a central de cobranças de impostos do município de Aquidauana.
Airton Falchembak recebe a mim e ao webmaster do Portal Pantanal News com muita simpatia. No entanto, demonstra uma certa tensão ou, quem sabe, um desconforto com a nossa presença.
Penso comigo mesmo: "Mas ele deveria estar muito feliz, radiante, satisfeito. Afinal, ganhou duas licitações excelentes, em pelo menos duas prefeituras - Aquidauana e Anastácio -; pois não vou dizer a ele que já sei que a sua empresa também acaba de ganhar uma outra licitação no município de Camapuã, aqui mesmo em Mato Grosso do Sul."
Airton Falchembak convida e nós entramos no seu escritório de trabalho, onde um notebook da HP está em cima da mesa, ligado à internet. "Agora, o estrago já está feito", diz Airton. Eu pergunto: "Mas que estrago é esse?" Ele manda a tréplica: "Estrago na minha empresa, que foi notícia no seu blog e no Portal Pantanal News." Eu falo novamente: "Mas, caro senhor Airton, o nome da sua empresa de assessoramento nem ao menos foi divulgado nesses meios de comunicação citados, muito menos na rádio Independente, onde acabo de entrevistar, ao vivo, o prefeito de Anastácio, Cláudio Valério [a entrevista foi ao vivo e durou, sem intervalos comerciais, 55 minutos]; além disso, por que esconder ou sentir 'vergonha' de algo que foi licitado e cujo resultado foi publicado com todos os nomes - da sua empresa e do senhor próprio - no jornal 'O Pantaneiro', daqui de Aquidauana? Além de ser um contrato público, creio que - com todo o respeito que devo ao senhor e à sua empresa - o que realmente depõe contra a imagem dela é a frase que está no site, na internet, onde o leitor vê um erro básico de concordância na frase 'as soluções para os seus problemas está (sic) aqui', ou algo parecido."
Ele ouve e permenece em silêncio. Durante a entrevista, ele dirá que o "desenvolvedor" do site da sua empresa é o seu filho de 12 anos. Começo, então, a fazer perguntas. Resumo da ópera: na entrevista ao vivo, o prefeito de Anastácio, Cláudio Valério, disse que não sabia quantas pessoas da empresa de assessoramento trabalham, desde 12 de fevereiro, dentro da prefeitura na qual ele é o ordenador de despesas. Também não soube responder que tipo ou que tipos de "softwares" relacionados à cobrança de impostos foi ou foram adquiridos da empresa contratada por R$522 mil.
Airton Falchembak responde que são três pessoas da sua empresa em Anastácio - quatro contando com ele próprio, que também trabalha -, e quatro em Aquidauana, onde ele também auxilia a equipe.
"Este prédio é alugado por mim e quem paga o aluguel e contas de água e luz e impostos é a minha empresa de assessoramento; mas os computadores usados aqui e também toda a mobília são da prefeitura, que tem, ainda, alguns funcionários trabalhando aqui, nos horários de expediente", informa Airton.
Ele ressalta que, "com a entrada da minha empresa no setor de arrecadação de tributos de Aquidauana, os recebimentos mensais aumentaram muito, comparativamente com os resultados anteriormente, quando outra empresa cuidava deste setor."
Pergunto quais são os seus sócios na empresa. Airton Falchembak responde que tem apenas um sócio. "Ele é advogado em Bonito e só tem cinco por cento das cotas, porque para participar de licitações e concorrência eu tenho que ter uma empresa do tipo 'limitada', com cotas; não posso ser micro-empresa." Quando peço o nome do seu sócio, Airton diz que não quer a divulgação. Sinceramente, não entendo a razão de todo mistério.
Afinal, trata-se de uma empresa criada em 2001, no município de Bonito e que, em poucos anos, consegue expandir os seus negócios em pelo menos cinco municípios de Mato Grosso do Sul.
Pergunto novamente: "No caso de Anastácio, com quem a sua empresa concorreu na licitação ganha com o valor total de R$522 mil, ou mais de meio milhão de reais?" Falchembak responde que não lembra o nome da concorrente - foi apenas uma concorrente com a empresa dele -, mas informa que é de São Paulo.
Eu digo a ele que, mais uma vez, o prefeito de Anastácio, Cláudio Valério, demonstrou desconhecimento sobre a licitação que envolve mais de meio milhão de reais, pois na entrevista desta manhã, na rádio Independente, disse que "a outra empresa é de Campo Grande."
Agora, leitor, tenho que voltar às ruas. Ah, sim! Nesta manhã falei com a prefeitura de Camapuã. Lá, como cá, a vitoriosa empresa de assessoramento também ganhou uma licitação idêntica à de Anastácio. "Só que, em Camapuã, vamos fornecer apenas 'software' para controle e cobrança de impostos", ressalta Airton.
Depois conto mais detalhes desta reportagem. Tenho que correr para novas apurações, ok? Grato pela compreensão.
Só faltava essa! Blog com notícia em capítulos. Mas, aqui, podemos fazer de tudo. Menos faltar com a verdade, claro! [Ponto de exclamação também é válido, ok?]