Não cobro pelo transporte; peço contribuição, diz vereador
Entrevistado ao vivo, no Programa "Debates Populares", na rádio Independente, das 10h30 ao meio-dia - mas que foi prolongado, excepcionalmente, para que o vereador pudesse falar à vontade - Agrísio Júnior disse que resolveu montar o serviço de transporte de pessoas doentes porque há a necessidade de deslocamento delas até a Capital.
O parlamentar disse que o seu salário (vencimento) é de R$2.200,00. Mostrou um carnê do Banco Volks Wagen, onde consta que ele paga aproximadamente R$1.200,00 de prestação pela kombi comprada.
Segundo Agrísio Júnior, a chamada "contribuição" dos passageiros, que transporta até Campo Grande e traz de volta a Anastácio, é destinada ao pagamento das despesas com combustível e carnê da kombi.
Perguntado se recebe ajuda da Prefeitura de Anastácio - com combustível, por exemplo - disse que não, "porque o prefeito Cláudio Valério me disse que isso seria ilegal; por isso, e por pagar um assessor com dinheiro do meu bolso, sobrevivo com apenas cerca de R$500,00 por mês."
O vereador, em alguns momentos do programa, mostrou grande nervosismo. Ele não queria ser interrompido nas suas longas respostas. "Na Tribuna da Câmara de Anastácio, eu tenho 10 minutos para falar, sem interrupções", reclamou o parlamentar.
Este blogueiro lembrou que, na Tribuna, o vereador dispõe do tempo regimental para falar, mas com direito a apartes. E, no Programa Debates Populares - e não "Consensos Populares" ou "Discursos Parlamentares Populares" -, a função do entrevistador e mediador é perguntar, debater, questionar posicionamentos. O objetivo é chegar o mais próximo da verdade, para que esta chegue ao povo, com transparência e direito ao contraditório.
Em vários telefonemas à rádio Independente, em cartas e por meio de relatos feitos por pessoas, nos bairros de Anastácio, foi dito que o vereador cobrava pelo transporte feito por meio da sua kombi.
A questão principal, então, era essa: Cobra ou não cobra?
Para o vereador, não há cobrança, apenas uma contribuição que, em caso de recusa do passageiro, não impede o transporte de Anastácio para Campo Grande.
Comentário do blog: É duro fazer jornalismo geral, investigativo ou político, neste belo Pantanal Sul do Brasil.
Muitas pessoas - principalmente políticos, e escrevo aqui "em tese", como dizem os advogados - não entendem que a função do repórter é perguntar.
Alguns poucos políticos, tenho observado, querem chegar num programa de rádio e ter, à sua inteira disposição, o microfone. Sem interrupções nem perguntas feitas com base naquilo que é respondido.
Ou seja, querem que o jornalismo seja transformado em "jabalismo" - a entrevista feita em troca de alguma vantagem pessoal -, ou "perguntas-de-assessor-de-imprensa".
Ou, ainda, a entrevista dos sonhos desses alguns políticos seria aquela na qual o entrevistador anuncia o nome do entrevistado e, em seguida, deixa o microfone à disposição, sem ao menos prestar atenção naquilo que é falado. Aí, enquanto o entrevistado fala - em programa sem nenhuma produção e, portanto, com falta de notícias ou assuntos para veicular -, o entrevistador, ou talvez "assessor" inicia a leitura dos jornais diários e das mais recentes notícias na internet. Nesses casos, o entrevistador reza para que o entrevistado não pare de falar, para que o tempo passe mais rápido e o programa chegue ao fim, sem maiores esforços mentais.
É isso!
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