Berzoini: PT não admite ruptura institucional
O secretário-geral do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), refutou hoje (25) a tese de que o partido esteja preocupado com eventuais manobras que levem a um pedido de impeachment do presidente Lula, conforme divulgou a imprensa após reunião da corrente interna Campo Majoritário, no sábado. Mas admite que há grupos apostando numa estratégia de ruptura instituicional.
"Entendemos que não há nenhuma razão para estarmos preocupados. Mas, evidentemente, o PT não é iludido em relação à intenção de alguns oposicionistas. Sabemos que alguns setores da oposição jogam no quanto pior melhor", afirmou Berzoini, que voltou a falar cobre a situação financeira do partido.
Leia a entrevista concedida nesta manhã:
Qual foi o conteúdo do documento da reunião do Campo Majoritário, neste sábado, em que haveria preocupação sobre a possibilidade do impeachment do presidente Lula?
Berzoini - Não saiu um documento, mas uma orientação para elaboração de um texto, a ser dirigido a vários setores do partido. O sentido é de caracterizar a atual situação, em que verificamos que alguns setores da oposição tentam construir uma estratégia para levar a um processo de ruptura institucional. Enquanto isso, outros setores da oposição, mais conscientes da importância de preservar a democracia, estão trabalhando com as investigações, só tomando qualquer decisão a partir do rumo das investigações.
Então, o PT está preocupado com a hipótese de pedido de impeachment?
Berzoini - O PT não está preocupado, mas analisando a conjuntura. Entendemos que não há nenhuma razão para estarmos preocupados, do ponto de vista daquilo que foi apurado e pode vir a ser apurado. Mas, evidentemente, o PT não é iludido em relação à intenção de alguns oposicionistas. Sabemos que alguns setores da oposição jogam no "quanto pior melhor".
A presença do Delúbio Soares incomoda o partido?
Berzoini - Nós estamos processando a situação do Delúbio Soares na comissão de ética. A comissão vai examinar com profundidade todas as acusações e vai tomar uma decisão a ser encaminhada ao Diretório Nacional. A investigação e as conclusões da Comissão de Ética serão de conhecimento público, assim como a decisão do Diretório Nacional.
O partido continua mantendo sua imagem atrelada à credibilidade?
Berzoini - O PT está com sua imagem, neste momento, arranhada. Nossa tarefa, como dirigentes do PT, é superar este momento e mostrar que o partido, enquanto instituição, não tem qualquer medo da verdade, qualquer tipo de proteção a irregularidades cometidas. Vamos agir com tranqüilidade e com firmeza, dentro da democracia e dos nossos estatutos, para retomar toda a credibilidade que o PT tem e que, neste momento, pode estar em risco.
O Marcos Valério diz que o PT tem que pagar o que deve a ele.
Berzoini - O PT cumpre com suas obrigações contratuais regulares. O presidente Tarso Genro declarou, neste final de semana, que dívida legalizada nós pagamos. Aquilo que foi feito ao arrepio do estatuto do PT e da legalidade, evidentemente, não pode ser reconhecido, sob pena de a nova direção também incorrer em gestão temerária.
O PT tem recursos para pagar as dívidas, mesmo as legalizadas?
Berzoini - Um rigoroso plano de melhoria de receitas e redução de despesas está sendo levado a cabo, com várias decisões tomadas e outras em análise. Propiciará o equilíbrio da receita e despesas do partido, inclusive amortizando dívidas que foram contratadas antes de 2005 e em 2005.
De quanto é esta dívida legalizada?
Berzoini - São R$ 39 milhões de dívida e uma operação de leasing de computadores de R$ 17 milhões.
A eleição interna vai ser adiada?
Berzoini - Não há nenhuma proposta de adiamento até o momento. Nós estamos buscando resolver questões logísticas, já que há problemas financeiros que dificultam uma agilidade logística, mas vamos trabalhar para manter a eleição na data combinada para que possamos renovar a direção do partido. O adiamento só pode existir a partir de uma proposta. Como não houve nenhuma proposta, não vejo razão para discutir o adiamento.
O senador Agripino Maia (PFL) classificou o PT de irresponsável ao afirmar que o partido está usando os movimentos sociais para defender o mandato do presidente Lula. O PT tem feito este trabalho?
Berzoini - Nós mantemos um diálogo bastante consistente com os movimentos sociais. Alguns, inclusive, têm críticas às políticas do governo. O sentido é de estabelecer um diálogo transparente e maduro. Os movimentos defendem a democracia e a apuração de qualquer fato denunciado. E, com certeza, vamos continuar dialogando. Os movimentos sociais são autônomos em relação ao PT. Sindicato nenhum e nenhum movimento social obedece ao PT. Nem o PT obedece aos movimentos. É diálogo, pura e simplesmente, dentro da democracia.
Há uma tentativa de aproximar cada vez mais o presidente Lula dos movimentos?
Berzoini - O presidente Lula e sua agenda são responsabilidade do governo e não do partido. O PT não faz qualquer ingerência na agenda do presidente Lula.
Tarso Genro falou que uma das tarefas que pretende cumprir é uma agenda de aproximação com os movimentos por meio de debates. Isto faz parte da estratégia do PT para se fortalecer?
Berzoini - Isto não tem relação com a pergunta anterior. Isto é uma busca, de termos uma relação com os movimentos sociais, que sempre estiveram presentes na vida do PT, mas sem atrelamento. Os movimentos têm suas estratégia e objetivos e o PT também tem os seus.
Esta é uma semana decisiva para o PT...
Berzoini - Esta semana é decisiva para a CPI, que já se debruça sobre os documentos, não apenas sobre as audiências. Será também uma semana de depoimentos importantes. Vamos realizar o trabalho de articulação de nossa bancada para atuar firmemente nas investigações. A bancada do PT está comprometida com a busca da verdade.
Existe uma preocupação de acompanhar mais de perto o trabalho dos ministros no governo?
Berzoini - Esta decisão foi tomada no último Diretório Nacional e na reunião da Executiva que o sucedeu, que é realizar uma série de debates com ministros petistas, inclusive com ministros não petistas, para acompanhar o trabalho do governo, avaliar e sugerir propostas que possam aperfeiçoar. Evidentemente, sempre ressalvando que partido é partido e o governo tem toda a autonomia para realizar sua política sem depender do partido. O PT é um dos partidos que apóia o governo.
Qual o trabalho do senhor nesta semana?
Berzoini - Hoje, vamos estar aqui concluindo esta fase de decisões administrativas. De terça a quinta-feira, estarei em Brasília, para acompanhar a discussão com a bancada e com os deputados que fazem parte das CPIs. Na sexta-feira, voltarei para darmos continuidade ao trabalho no PT.
Cezar Xavier, do Portal do PT
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home