Delúbio nega existência de mensalão mas confirma "caixa dois" do PT
Leia, abaixo, notícia da Agência Senado :
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, nesta quarta-feira (20), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares assumiu a responsabilidade pela utilização de "caixa dois" em campanhas do partido e pelos empréstimos de R$ 39 milhões obtidos por meio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o mensalão. Mas utilizou a prerrogativa de permanecer calado, garantida por habeas corpus, quando questionado sobre quem recebeu o dinheiro proveniente desses empréstimos.
- As investigações vão esclarecer os fatos - limitou-se a dizer Delúbio.
O ex-tesoureiro negou a existência do mensalão. Afirmou que apenas ele sabia sobre os empréstimos realizados por Marcos Valério para o PT e que os únicos reconhecidos pela Executiva Nacional do partido são os feitos junto ao Banco do Brasil para a aquisição de computadores, ao Banco Rural (R$ 2,4 milhões) e ao BMG (R$ 3 milhões).
Delúbio afirmou ainda que decidiu contrair os empréstimos porque membros dos diretórios regionais do PT e da base aliada o procuravam para tentar pagar dívidas de campanha. Mas negou-se a esclarecer se seria verdadeira a denúncia feita pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que os petistas teriam prometido R$ 20 milhões ao PTB.
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), foi duro em seus questionamentos e passou mais de uma hora inquirindo o depoente. Ao resumir o caso, o relator disse que as empresas de Marcos Valério - contratantes da administração pública - teriam se endividado para socorrer Delúbio, oferecendo esse contratos com órgãos do governo como garantia. Entretanto, observou, essas dívidas não foram registradas e até agora não foram pagas.
- Não quitei o empréstimo com Marcos Valério - assumiu Delúbio, sem contestar a versão do relator.
A dívida do PT só cresce, segundo o ex-tesoureiro. Ao BMG, apesar de já ter pagado R$ 800 mil em juros, o partido deve R$ 2,7 milhões e corre o risco de ser executado, se não quitar o compromisso até dezembro. Com o Rural, a dívida já chega a R$ 7 milhões, porque nada foi pago até agora. O dirigente petista também explicou que apenas relacionava os nomes autorizados a sacarem das contas da DNA e da SMP&B, agências das quais Marcos Valério é sócio, mas que era Valério quem decidia quando, como, quanto e onde as pessoas realizariam esses saques.
Banco Popular
Serraglio perguntou a Delúbio se os "altos gastos" com a publicidade do Banco Popular (R$ 24 milhões), em campanha realizada pela agência DNA, poderiam estar ligados aos saques realizados posteriormente das contas da agência de publicidade em socorro ao PT.
- Não existem recursos públicos envolvidos no processo. Não vejo essa conexão - respondeu Delúbio.
O ex-tesoureiro negou ter feito intermediação em favor do Banco Rural junto ao governo, ou em favor do banqueiro Daniel Dantas e de Carlos Rothemburg, ambos do Banco Opportunity. Negou conhecer o diretor da Skymaster, Luiz Otávio Gonçalves, a diretoria financeira da DNA e da SMP&B, incluindo Simone Vasconcelos e Geisa Dias, apontadas como realizadoras de grandes saques no Banco Rural. Também negou ter feito qualquer negociação para preenchimento de cargos em Furnas e garantiu só ter "ouvido falar" em Henrique Brandão, dono da corretora Assurê e envolvido em denúncias de corrupção no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).
Osmar Serraglio concluiu sua intervenção, afirmando que as eleições de 2004 foram "viciadas" e que Delúbio não praticou somente irregularidades com recursos "não contabilizados", mas ultrapassou os limites da lei, achando que esta não impunha regras.- Muita gente perdeu a eleição porque Vossa Senhoria achou que dinheiro não tinha limite e que a lei não impunha regras - disse o relator, acrescentando que, para o Congresso Nacional, "resta impedir que isso se repita".
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