Silvio Pereira admite à CPMI que coordenava indicações
Pereira disse que as brigas mais intensas eram nas indicações para o Banco do Brasil, Petrobras, Instituto de Resseguros do Brasil e Infraero.
O secretário-geral licenciado do PT, Silvio Pereira, afirmou hoje em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios que coordenava as indicações de pessoas para cargos de confiança no governo federal. "Mas quem nomeou foi o governo, eu nunca nomeei ninguém", disse Pereira, que não ocupava cargo na administração pública. Ele destacou que foi indicado para essa função por "conhecer profundamente o PT em todo o Brasil". Sua função, explicou, era encaminhar os currículos recebidos nos estados para o governo federal e acompanhar o processo de escolha e nomeação, principalmente quando havia solicitação de algum parlamentar. Pereira desmentiu a informação de que ocupasse uma sala no 4º andar do Palácio do Planalto para receber políticos em busca de cargos no governo. Sistema de indicaçõesSegundo Pereira, o secretário de Comunicação e de Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, criou durante a transição de governo, no final de 2002, um sistema de indicação para cargos de confiança no governo, com uma lista de cinco mil nomes. Gushiken teria repassado essa lista aos ministros para que fosse usada como referência nas contratações.Até o início de 2003, como secretário de organização do PT, Silvio Pereira disse ter participado apenas de reuniões com os presidentes de partidos da base aliada, entre eles José Carlos Martinez (PTB) - já morto - e Valdemar Costa Neto (PL), para discutir indicações para cargos de governo. Pereira, no entanto, garantiu que não exerceu mais a função depois que assumiu a secretaria-geral do PT, em abril de 2004. Conforme informou à CPMI, as brigas mais intensas nas reuniões com os presidentes dos partidos da base aliada para discutir cargos no governo ocorriam quando se tratava de indicação para empresas como Banco do Brasil, Petrobras, Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e Infraero. EstataisPereira assegurou, entretanto, que não indicou nomes para o IRB, os Correios ou para Furnas Centrais Elétricas. Ele negou, em especial, a indicação de Eduardo Medeiros para a Diretoria de Tecnologia dos Correios, supostamente envolvido no esquema de corrupção montado na estatal. Segundo o integrante do PT, Medeiros foi indicado pelo corpo técnico dos Correios. Pereira teria apenas repassado essa indicação. Por outro lado, o relator da CPI Mista dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), lembrou que, em depoimento na comissão, Medeiros confirmou que tinha sido indicado por Silvio Pereira. Em relação à Petrobras, Pereira disse nunca ter indicado nomes para ocupar diretorias, nem ter intermediado contratos com empresas privadas. Apesar de afirmar conhecer o empresário César Oliveira, ele negou que tivesse trabalhado para favorecê-lo junto à Petrobras, conforme questionou o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). De acordo com o deputado, César Oliveira é dono da empresa GDK, que firmou contrato de 90 milhões de dólares (cerca de R$ 216 milhões) com a Petrobras para reformar a plataforma p-34, no Espírito Santo. Pereira garantiu, no entanto, que seu relacionamento com empresários sempre foi "institucional", apenas para apresentar diretrizes, prioridades e políticas do partido.
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