Freire rejeita o "acordão" para preservar Lula e alguns deputados
Freire rejeita o "acordão" para preservar Lula e alguns deputados
O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire, repudiou na reunião do Diretório Nacional do partido a tentativa de qualquer tipo de “acordão” para frear as investigações de corrupção nos casos do mensalão, do caixa 2 de campanha e do envolvimento de órgãos do governo no desvio de dinheiro público para políticos. “O “acordão” foi proposto depois que o PSDB entrou “na roda” essa semana (com denúncias de doações irregulares para a campanha ao governo de Minas, em 1998, do atual presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo e outros políticos tucanos). A entrada do PSDB é um incentivo a esse acordo que não podemos permitir”, avalia Freire. Para ele, as CPIs tem que investigar todas as denúncias sob pena do Congresso perder a sua legitimidade.
Freire também criticou as teses do presidente do PT, Tarso Genro, e do presidente do STF, Nelson Jobim, de que é preciso preservar Lula da crise sob pena de um colapso político e econômico no Brasil, que desaguaria numa completa instabilidade. “Essa tese de que é preciso blindar Lula e a política econômica é um equívoco. Até porque a política econômica também é equivocada”, afirma o deputado, que rejeita qualquer tipo de pacto de blindagem. “Se as denúncias chegarem a Lula, como já parece que vai chegar, temos que apurar com rigor”. Ele também criticou a proposta do PL retirar o pedido de cassação contra o deputado Roberto Jefferson (PTB), para que ele não peça a cassação de deputados do PT, PL e PP. Apesar de defender o aprofundamento das investigações, Freire rejeita movimentos como Fora Lula. “Eu sinto que começa um movimento de manifestação de rua. Porém, não podemos adotar nenhuma postura golpista”, disse.
Registro
O presidente do PPS defende também que PSDB e PFL desistam do processo que tramita no TSE pedindo a cassação do registro do PT. “Se o PT tiver que acabar, que se acabe porque a sociedade quer. Tem um grupo de bandidos (no PT), mas tem muita gente séria. Não é só o partido do mensalão e da cueca”, afirmou, lembrando que “nós (PCB, antes de se tornar PPS) também tivemos o registro cassado (na ditadura) por chicanas dos outros”.
Porém, ao lembrar a saída do partido da base do governo Lula, Roberto Freire lembrou que ele, como presidente do PPS, já declarava em 2004 que “o governo comprava partidos no atacado e parlamentares no Varejo”. Ele lembrou ainda uma situação prática vivida pelo PPS. “O Ciro (Gomes, ministro da Integração que deixou o partido) e o Herrmann (João, deputado federal que também deixou a legenda) queriam inchar o partido com 21 parlamentares indicados por José Dirceu (deputado federal e ex-ministro-chefe da Casa Civil). Eu falei: Para lá, o PPS é que decide quem entra e quem sai e não o Palácio do Planalto”.
A reunião do Diretório foi encerrada ontem (30) no Hotel San Marco, em Brasília. Hoje o partido divulga documento com a sua posição sobre a crise. O texto (leia na postagem anterior a esta, aqui no blog), aprovado pelo diretório, traz propostas para o enfrentamento do caos político que atinge o governo Lula e o Congresso Nacional.
Freire: Jobim não é analista político e deve resguardar-se
"O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) precisa se resguardar como chefe máximo de um poder e evitar agir como analista político que ele não é", disse o deputado Roberto Freire (PE), presidente nacional do PPS, ao criticar as declarações do ministro Nelson Jobim de que a governabilidade estaria comprometida se o presidente Lula fosse afastado do poder por impeachment. A possibilidade de que isso aconteça passou a ser cogitada com o desenrolar das investigações sobre pagamento de mensalão a deputados e corrupção nos Correios, investigados por CPIs no Congresso. Freire lembra que Jobim será juiz se a crise desaguar num processo de crime de responsabilidade contra o presidente da República, cabendo ao ministro comandar a sessão do Senado que analisa impeachment.
Segundo reportagem do jornal "O Globo" da quinta-feira (28), Jobim está conversando com líderes de partidos políticos e advertindo-os que, se o mandato do presidente Lula for interrompido, o país ficará ingovernável por dez anos. "Não é desejo de ninguém que tenhamos como resultante das investigações sobre corrupção um processo de crime de responsabilidade contra o presidente da República, mas isso pode ocorrer. É uma possibilidade. Nesse caso, Jobim, como presidente do Supremo, vai presidir a sessão que decidirá sobre o impeachment. Mas ele não pode se dar ao luxo de ficar se comportando como analista político", protestou o deputado. Irônico, Freire disse que a avaliação de Jobim "nem mesmo tem originalidade", porque o ministro segue o mesmo raciocínio do presidente do PT, Tarso Genro, "este sim, desempenhando o papel dele, de defender uma tese, de fazer uma avaliação de conjuntura".
Freire disse discordar de Genro, que teme a ingovernabilidade, mas acha natural que, como presidente do PT, ele avalie a crise. "Não é o caso de Nelson Jobim", insiste. O deputado alerta que, "se o ministro do STF esperava, com suas declarações, ajudar a criar um ambiente favorável à superação da crise, precisa saber que só conseguiu complicá-lo ainda mais". Jobim disse aos políticos com quem conversou que se Lula sofrer impedimento haveria uma radicalização política na sociedade por causa da popularidade e do carisma que o mesmo ainda ostenta. O eventual substituto, na avaliação de Jobim, não encontraria condições para governar.
Comentário do repórter: Conheci o deputado Roberto Freire durante a campanha para presidente da República, em 1989. Ele era integrante do Partido Comunista Brasileiro e foi convidado por mim para participar de uma entrevista - porque a realização de um debate com todos os candidatos à presidência era muito difícil, devido às agendas dos candidatos - no Sistema Globo de Rádio, em Recife, Pernambuco. Eu estava em Recife, transferido do Rio, desde janeiro de 1988, quando conheci o fenomenal carnaval pernambucano, com o desfile do bloco "Galo da Madrugada" e outras maravilhas.
Lembro-me da integridade e da seriedade demonstradas pelo candidato à presidência da República, Roberto Freire, durante toda a entrevista.
Ao chegar ao edifício do Sistema Globo de Rádio, na Rua Floriano Peixoto, no Bairro São José, ele foi diretamente ao estúdio "A", no ar. Ali, com o comunicador Samir Abou Hana e comigo, abriu a entrevista afirmando: "Agradeço por estar aqui, numa emissora das Organizações Globo, propriedade do jornalista Roberto Marinho, que me concede este direito de expor as minhas idéias."
Eu acrescentei, respeitosamente: "Aqui nesta mesa redonda e democrática, deputado Roberto Freire, o senhor pode falar à vontade, sem nenhum tipo de censura e sem pautas preparadas em conjunto."
Ele sorriu, agradeceu mais uma vez e a entrevista fluiu normalmente. É uma pena que não tenho, no meu arquivo pessoal, essa gravação.
Mas nunca vou me esquecer daquela manhã na belíssima Recife, a Veneza brasileira, em Pernambuco. Uma terra geradora de grandes lideranças nacionais, como Roberto Freire, Jarbas Vasconcelos, Marco Maciel, Miguel Arraes e tantos outros.
No nosso jornalismo, todos podiam falar e expor suas idéias. Sem censura. Disso eu sou testemunha.
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